Sindicalistas denunciam risco de fechamento de fábrica em Ouro Preto

Sindicalistas e trabalhadores de Ouro Preto participaram, nesta segunda-feira (23/5/11), de audiência pública na Asse...

23/05/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Sindicalistas denunciam risco de fechamento de fábrica em Ouro Preto

Sindicalistas e trabalhadores de Ouro Preto participaram, nesta segunda-feira (23/5/11), de audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e denunciaram o grande passivo social e ambiental que pode ser deixado no caso de fechamento da empresa de produção de alumínio Novelis. Na reunião conjunta das Comissões de Direitos Humanos e do Trabalho, da Previdência e da Ação Social, eles defenderam a continuidade das atividades da empresa, garantindo o emprego direto de quase mil pessoas, com responsabilidade social e ambiental.

O representante da Federação Democrática dos Metarlúgicos, Geraldo de Araújo Silva, relatou que a empresa vem reduzindo o número de operários e o ritmo da produção em Ouro Preto. Segundo ele, a empresa já chegou a ter 3 mil empregados e hoje esse número não passa de mil. Ele lembrou que o fechamento da companhia vai levar a uma diminuição de empregos diretos e indiretos no município. "A empresa vem diminuindo sua atividade com a justificativa de falta de mercado. Entretanto, estamos vendo um crescimento do PIB e a própria empresa vem investindo em unidade localizada em São Paulo", considerou.

O diretor de Política Sindical do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas de Ouro Preto e Mariana, Roberto Wagner Carvalho, fez um histórico do funcionamento da empresa em Ouro Preto, que iniciou suas atividades no município na década de 50. Ele falou sobre a produção de alumínio e que hoje a empresa estaria considerando mais rentável vender a energia produzida do que continuar a vender o alumínio. Segundo ele, existem rumores que a Novelis estaria se transferindo para o Paraguai.

Caos social - O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT), lembrou que na época da instalação de algumas das atividades da empresa foram feitas audiências públicas questionando os prejuízos que seriam causados à população local, ao meio ambiente e ao patrimônio de Ouro Preto.

Ele lamentou o fato de que, na época, foi dito pelo Estado que a empresa seria importante para gerar empregos na região e agora a comissão volta a se reunir para discutir justamente a redução no número de empregos com o possível fechamento da firma. "O fechamento dessa empresa vai gerar um caos social em Ouro Preto", considerou.

O autor do requerimento para a reunião, deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB), se solidarizou com o sofrimento e a angústia dos trabalhadores e seus familiares diante do risco de fechamento da empresa. Ele afirmou que o fechamento da Novelis irá trazer grandes repercussões na sociedade de Ouro Preto, gerando um empobrecimento da população e uma queda na arrecadação do município.

Passivo ambiental - Os sindicalistas denunciaram também o grande passivo ambiental e social que a empresa vem deixando no município. De acordo com eles, além da perda dos empregos, existem barragens de rejeitos altamente tóxicos, que estariam inclusive correndo risco de rompimento, além da contaminação de lençóis freáticos. Na reunião, representantes da população local solicitaram o pagamento de indenização às famílias atingidas pelas barragens, o seu reassentamento e a realização de reunião com o governador do Estado para discutir os problemas causados pela empresa.

Para o sindicalista Geraldo Silva, o poder público não pode permitir que a empresa simplesmente deixe de funcionar, sem que os investimentos feitos sejam revertidos para a população. "Estamos gerando riqueza para os grandes grupos nacionais e internacionais, enquanto a população não fica com nada", considerou.

Trabalhadores deixam a empresa com problemas de saúde

Outra denúncia trazida na reunião é referente a saúde dos trabalhadores. De acordo com o sindicalista Roberto Wagner Carvalho, vários trabalhadores estão saindo da empresa com problemas sérios de saúde, mas recebem um laudo dizendo que não haveria nenhum comprometimento.

O assessor especializado em Segurança e Direito do Trabalho, Vítor Lúcio Ferreira, fez um estudo e apresentou os resultados com as medidas que devem ser tomadas para garantir a segurança dos trabalhadores. Ele afirmou que medidas necessárias para garantir a segurança e a saúde do trabalhador não estão sendo adotadas. "É preciso mudar a filosofia. Muitas questões são simples de serem resolvidas", considerou.

Entre os problemas apontados, está a falta de cuidados e de uma perícia adequada da Novelis no que se refere à periculosidade e a insalubridade no trabalho. Vítor Lúcio Ferreira defendeu a realização de uma fiscalização mais eficiente na empresa em relação à segurança do trabalho. "De nada adianta produzir, se a atividade está trazendo graves prejuízos à saúde do trabalhadores", concluiu.

Política preventiva - O coordenador da Secretaria de Saúde da Federação Democrática dos Metalúrgicos, Jordano Carvalho dos Santos, defendeu que as empresas adotem uma política preventiva e não corretiva em relação à saúde no trabalho. "As medidas para garantir a saúde do trabalhador devem ser adotadas antes que os acidentes acontecem e não depois, como vem sendo feito agora", disse. Ele defendeu também que o poder público discuta uma punição para as empresas em que os trabalhadores sofrem acidentes de trabalho ou tem sua saúde comprometida.

Deputados farão visita à empresa e à barragem em Ouro Preto

Uma visita à fábrica da Novelis, em Ouro Preto, e à barragem de resíduos, seguida da realização de audiência pública conjunta das Comissões de Direitos Humanos; do Trabalho, da Previdência e da Ação Social; e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável foi um dos requerimentos aprovados na reunião. Os requerimentos foram apresentados pelos deputados Durval Ângelo, Celinho do Sinttrocel e Célio Moreira (PSDB). O deputado Célio Moreira destacou a importância de a Comissão do Meio Ambiente participar da visita e da audiência diante das denúncias de passivo ambiental que estaria sendo deixado pela empresa.

Os outros requerimentos aprovados tratam de pedidos de providências diante do que foi discutido na audiência pública. O primeiro solicita que a Novelis encaminhe um relatório sobre a sua permanência no local e os planos de investimento no município mineiro. Outro requerimento solicita que o prefeito de Ouro Preto encaminhe um relatório com o possível impacto social e econômico no caso de fechamento da empresa, além de informações sobre possíveis dívidas da Novelis com o município.

Os requerimentos também pedem que o BDMG e BNDES encaminhem cópias de contratos, acordos, investimentos que tenham sido firmados com a empresa. Ainda solicitam que a Cemig apresente um relatório sobre as condições das centrais elétricas na área da Novelis, com os contratos fechados com a empresa e com informações sobre a quantidade de energia consumida e o valor cobrado.

Outro requerimento pede que a Fundação Estadual do Meio Ambiente forneça informações sobre os impactos e o passivo ambiental causados pela empresa, além da situação das barragens de rejeitos. Os deputados também solicitam que a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão forneça cópia dos estudos sobre impactos no Estado caso a empresa seja fechada; e a Secretaria de Estado de Fazenda faça um relatório das receitas geradas pela empresa, dos investimentos disponibilizados pelo Estado e das possíveis dívidas da Novelis.

Por fim, os requerimentos pedem que sejam encaminhadas as notas taquigráficas da reunião a vários órgãos públicos como o BNDS, Prefeitura de Ouro Preto e Ministério Público; as reivindicações do movimento dos atingidos por barragem ao Ministério Público, governador do Estado, à Novelis, entre outros; e o relatório com dados da arquidiocese de Mariana sobre casos de câncer aos governos federal, estadual e municipal e ao Ministério Público.

Presenças - Deputados, Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos; Paulo Lamac (PT), vice-presidente da comissão; Celinho do Sinttrocel (PCdoB), Célio Moreira (PSDB).

 

 

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