Comissões querem que Cemig indenize vítimas de Bandeira do Sul

As Comissões de Minas e Energia e Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais apro...

19/05/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comissões querem que Cemig indenize vítimas de Bandeira do Sul

As Comissões de Minas e Energia e Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovaram, em audiência pública conjunta nesta quinta-feira (19/5/11), requerimento do deputado Pompílio Canavez (PT), solicitando que a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) indenize as famílias das vítimas do acidente ocorrido em Bandeira do Sul (Sul de Minas), em 27 de fevereiro deste ano. Na ocasião, uma serpentina metálica lançada por um folião de um trio elétrico provocou um curto-circuito e causou a morte de 16 jovens.

Os representantes do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro) e o público presente na reunião também cobraram a troca imediata da rede elétrica em Bandeira do Sul. Canavez apresentou um requerimento nesse sentido, a ser encaminhado à Cemig. O requerimento teve sua votação adiada, a pedido do deputado Duarte Bechir (PMN).

Na opinião do deputado Pompílio Canavez, a precariedade e a inadequação da rede na cidade foram as principais causas do acidente, classificado por ele como um dos mais graves da rede elétrica no mundo. "Não se pode negligenciar o perigo de uma rede antiga", ponderou o parlamentar. O deputado João Vitor Xavier (PRP) afirmou que não se pode condenar, previamente, a empresa, mas cobrou que os fatos sejam apurados, opinião que foi compartilhada pelos deputados Rômulo Viegas (PSDB), Duarte Bechir e Duílio de Castro (PMN).

Precariedade - As condições precárias das redes elétricas no Estado, a falta de manutenção e investimentos e a insegurança nas condições de trabalho foram algumas das críticas direcionadas à Cemig. Na avaliação do coordenador-geral do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro), Jairo Nogueira Filho, 90% da rede elétrica já existente no Estado tem mais de 40 anos e encontra-se em condições precárias, o que coloca toda a população em risco. Ele afirmou que a estrutura de proteção da rede elétrica atual é deficitária, uma vez que, por ser antiga, não consegue cobrir e suportar toda a sobrecarga de energia que é utilizada atualmente. "A população vive com um padrão de rede que não é ideal", comentou.

Ele também criticou a atuação da Cemig por fazer apenas a manutenção corretiva da rede, ao invés de investir na manutenção preventiva, o que, na sua opinião, poderia evitar a morte de diversos trabalhadores e técnicos de energia. Entre os problemas existentes, ele citou o mau estado de conservação e a fragilidade das fiações e cabos de energia, a queda de postes e a falta de energia ocasionada pelas condições precárias na rede.

Outro problema ressaltado pelo diretor de comunicação do Sindieletro, Arcângelo Queirós, são as condições de trabalho dos terceirizados. Segundo Queirós, os índices de vítimas fatais entre os terceirizados são três vezes maiores do que o dos trabalhadores próprios da Cemig, o que mostraria um descaso com a categoria.

O diretor de formação e cultura do Sindieletro, Leonardo Timóteo Antunes, ratificou as críticas, afirmando que os trabalhadores terceirizados recebem por produtividade, o que provocaria uma sobrecarga de serviço, e, consequentemente, maior vulnerabilidade a acidentes. O deputado Rogério Correia (PT) também lembrou que, segundo dados do Sindicato, um trabalhador morre a cada 30 dias e, segundo ele, a maior parte dos acidentes de trabalho acontece com os terceirizados.

Os representantes do Sindieletro lamentaram a atitude da empresa, que, segundo eles, não está aberta às reivindicações e propostas da categoria.

Cemig apresenta dados sobre atuação e investimentos no Estado

O superintendente de relacionamento comercial com clientes da Cemig, Ricardo César Costa Rocha, lamentou o acidente ocorrido no Sul de Minas, mas afirmou que só em 2011 já foram investidos mais de R$ 300 milhões na manutenção das redes elétricas no Estado. Ele também apontou que de 2008 a 2012 o total de investimentos em distribuição de energia chegará a R$ 3,3 bilhões. "Nossa atenção com a qualidade da rede é muito grande", disse o superintendente.

Rocha afirmou também que a concessionária segue todos os padrões de instalação e de equipamentos definidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), bem como pelas entidades internacionais.

Ainda segundo Rocha, dados de 2010 mostram que a Cemig atende hoje 774 municípios e 6,9 milhões de clientes, possuindo uma linha de transmissão de 16.830 quilômetros, bem como redes de distribuição rural e urbana que totalizam 453.330 quilômetros.

Acidentes - O gerente de segurança do trabalho, saúde e bem estar da Cemig, João José Magalhães Soares, apontou que o número de acidentes fatais na empresa tem decrescido. Segundo ele, em 2006 foram registrados 145 acidentes, enquanto em 2010, 133. De acordo com Soares, a construção civil encabeça o número de acidentes na empresa.

O gerente de segurança do trabalho afirmou ainda que a empresa investe em campanhas educativas, destinadas aos diversos públicos, o que foi apontado por ele como uma medida preventiva contra os acidentes de trabalho.

Requerimentos - Foram aprovados outros três requerimentos. Do deputado Rogério Correia, solicitando visita das comissões às redes elétricas de Belo Horizonte; do deputado Duarte Bechir, solicitando reunião com o objetivo de pedir esclarecimentos ao presidente do BNDES, que planejou os planos de transferência de ações da Cemig, de propriedade da SEB (Southerm Eletric Brasil), empresa pertencente à AES, para o grupo Andrade Gutierrez.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente da Comissão de Minas e Energia; Carlos Henrique (PRB); João Vítor Xavier (PRP); Pompílio Canavez (PT), vice-presidente da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização; Bonifácio Mourão (PSDB); Duarte Bechir (PMN), Rogério Correia (PT) e Rômulo Viegas (PSDB).

 

 

 

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