Demolição é apontada como solução para delegacia em Uberlândia

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Durval Ângelo (PT), ...

19/05/2011 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Demolição é apontada como solução para delegacia em Uberlândia

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Durval Ângelo (PT), sugeriu que os parlamentares de Uberlândia (Triângulo Mineiro) se neguem a votar qualquer matéria no Plenário, obstruindo os trabalhos da Casa, até que o Governo Estadual cumpra o compromisso de melhorar as condições da 1ª Delegacia Regional do município, antiga 16ª. Construída em 1969, a delegacia encontra-se em um estado muito precário. A unidade foi visitada por deputados da comissão e sua situação debatida em audiência pública realizada nesta quinta-feira (19/5/11) na cidade.

"Governo é igual feijão ruim, precisa de muito fogo e pressão", ironizou Durval. A delegacia já tinha recebido a visita desta comissão e da Comissão de Segurança Pública, em março, quando os deputados puderam constatar a precariedade das instalações. Um relatório daquela visita já foi encaminhado para a Secretaria de Estado de Defesa Social.

Durante a reunião, o deputado Elismar Prado (PT) propôs que o prédio seja demolido para dar lugar a uma nova delegacia, tendo o apoio do juiz da Vara de Execuções Criminais da Comarca de Uberlândia, Miller Rogério Couto, e do promotor Breno Linhares Lintz. "Ele (o prédio) já devia ter sido implodido há muito tempo", afirmou o promotor, completando que a delegacia é uma vergonha para Uberlândia. "As condições são degradantes", acusou o deputado que também reclamou a ausência de representantes do Governo Estadual na reunião.

A delegacia está com as paredes descascadas, mofadas e rebocos se soltando, banheiros interditados e móveis degradados, como poltronas rasgadas. As celas que abrigam presos para serem encaminhados a presídios também apresentam condições muito precárias condições de higiene ou conforto. Na reunião, foi exibido um vídeo mostrando a estrutura da delegacia. De acordo com Durval Ângelo, os servidores responsáveis pelos registros de ocorrência contam com apenas três computadores, que nem sempre funcionam, obrigando-os a fazer o trabalho em casa.

A autora do requerimento para a audiência pública, deputada Liza Prado (PSB), reclamou que nada foi feito desde a última visita das duas comissões à delegacia, em março. "Minha intenção é discutir os direitos humanos dos policiais, servidores e pessoas que passam pela delegacia e não vou descansar enquanto essa situação não melhorar", afirmou. Ela reclamou que a cidade não tem um Instituto Médico Legal (IML) próprio. O trabalho é realizado em parceria com a Universidade Federal de Uberlândia, que deseja romper o contrato. Liza Prado reivindicou que os impostos pagos pelo município sejam devolvidos na forma de investimentos em segurança pública.

Descaso - A reunião foi palco de duras críticas ao Poder Executivo. O deputado Elismar Prado cobrou promessas feitas pelo ex-governador e atual senador Aécio Neves, como o pagamento aos policiais do adicional de periculosidade, a implantação de um piso acima de R$ 4 mil e a elevação dos salários da Polícia Civil para pelo menos o terceiro melhor do País. "O descaso que observamos em relação às condições físicas na 16ª é o mesmo descaso com os servidores", criticou.

O presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia de Minas Gerais (Sindepominas), Edson José Pereira, disse que a Polícia Civil é relegada a segundo plano pelo Governo Estadual. Segundo ele, mais de 500 municípios mineiros não contam sequer com um delegado. Também denunciou que os delegados trabalham entre 60 e 70 horas semanais sem receber horas extras e muitos respondem por mais de uma comarca, sem compensação financeira.

O presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol), Denílson Aparecido Martins, reclamou que o Estado já encaminhou à Assembleia Legislativa o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), registrando 12% de crescimento na receita, mas sem investimento proporcional na Segurança Pública. Ele advertiu que tem aumentado a violência contra crianças em Minas Gerais e que já chegou em Uberlândia o oxi, a mais nova e letal droga que surgiu no mercado.

Deputados aprovam requerimentos sobre a reunião

Na audiência pública foram aprovados sete requerimentos, cinco deles com relação ao assunto debatido, que são as condições precárias de funcionamento da 1ª Delegacia Regional de Uberlândia. Todos são de autoria da deputada Liza Prado e do deputado Elismar Prado.

* Ofício ao Corpo de Bombeiros para vistoria e produção de laudo sobre as condições de segurança da delegacia e encaminhamento do resultado para a comissão;

* solicitando ao Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia e à Vigilância Sanitária elaboração de laudos técnicos avaliando as condições de funcionamento da delegacia e encaminhamento do resultado para a comissão;

* ofício ao Ministério Público de Uberlândia, à Ouvidoria da Polícia e à Corregedoria da Polícia Militar para apurar denúncias apresentadas por dois detidos na delegacia de que teriam sido agredidos por policiais que os conduziram ao local;

* encaminhamento das notas taquigráficas e do vídeo exibido para órgãos de Direitos Humanos em níveis nacional e estadual, além da Câmara Municipal de Uberlândia, Prefeitura e Ministério Público locais;

* ofício ao prefeito da cidade para que envie projeto de lei à Câmara adiando o prazo para a construção do IML em terreno doado pelo Executivo municipal ao estadual para esse fim.

Os outros dois requerimentos, do presidente da comissão, deputado Durval Ângelo, pedem encaminhamento de cópias de processos contra o cabo PM Jean Bethoven de Freitas e o capitão Flávio Marcos Valéria, para a Corregedoria e o Tribunal de Justiça para quem tomem providências; e pedido para apuração, pelo Ministério Público, de denúncias de que a Polícia Militar estaria fazendo escutas telefônicas irregulares.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Liza Prado (PSB) e Elismar Prado (PT).

 

 

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