Condomínios fechados têm legalidade questionada

A legalidade dos condomínios residenciais situados nas cidades vizinhas a Belo Horizonte, como Nova Lima e Lagoa Sant...

12/05/2011 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Condomínios fechados têm legalidade questionada

A legalidade dos condomínios residenciais situados nas cidades vizinhas a Belo Horizonte, como Nova Lima e Lagoa Santa, foi questionada na audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizada nesta quinta-feira (12/5/11). Empreendedores desses loteamentos fechados foram acusados de se apropriarem indevidamente de espaços públicos e seus administradores denunciados por cobrar taxas ilegais dos moradores. A reunião foi solicitada pelo deputado Sávio Souza Cruz (PMDB).

A diretora do Sindicato dos Arquitetos de Minas Gerais, Dorinha Alvarenga, citou que a Lei Federal 6.766, de 1979, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano, não contempla a figura do condomínio fechado. "Da forma como existem hoje, esses condomínios não têm respaldo legal", afirmou ela, acrescentando que todas as leis municipais que regulamentam essa questão são inconstitucionais.

"Os empreendedores desses loteamentos se acham no direito de rasgar a Constituição", afirmou a presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, Cláudia Pires. Ela comparou a situação legal dos condomínios à das favelas, com a ressalva de que estas últimas são guetos constituídos por pobres, e todo mundo acha normal as invasões policiais para garantir o direito de ir e vir da população.

Ameaça aos nativos - Nova Lima tem atualmente cerca de 50 condomínios fechados. Lagoa Santa, ao norte de Belo Horizonte, tem aproximadamente 80. "Vivemos uma ameaça", lamentou o presidente da Câmara Municipal de Lagoa Santa, Joaquim Rufino. "Nosso solo encarece a cada dia e as pessoas de baixa renda estão sendo expulsas de nossa terra", afirmou. O vice-presidente da Câmara dos Vereadores de Nova Lima, Renato Tatico, lembrou que em sua infância costumava fazer caminhadas até as cachoeiras, poços e matas da região, mas que hoje esses espaços públicos se encontram cercados ou murados, impedindo o acesso das pessoas. Segundo ele, os habitantes nativos de Nova Lima estão cada vez mais sendo encurralados pelos condomínios.

O professor da UFMG Fernando Massote mora em uma residência localizada numa área que posteriormente se transformou em condomínio em Nova Lima. Ele não concorda com o cercamento do bairro e se recusa a pagar as taxas cobradas pelos administradores. Massote informou que está criando uma entidade chamada Associação Nacional das Vítimas dos Falsos Condomínios, que terá o propósito de lutar para que ruas, praças, bosques e cachoeiras localizados dentro dos condomínios voltem a ser públicos.

O deputado Sávio Souza Cruz considerou a cobrança de taxas uma forma de extorsão. "Em Nova Lima tem prosperado uma prática perigosa e antidemocrática, que é a criação de "falsos condomínios", disse ele. A deputada Liza Prado (PSB) também se mostrou preocupada com o cerceamento de acesso da população a áreas privatizadas ilegalmente, mas criticou a falta de fiscalização por parte do poder público.

Olegário Agnetti, presidente do Instituto Casa Cidadania e Diversidade, disse que o poder público viu nessa omissão a oportunidade de não cumprir seus compromissos institucionais. Ele defendeu a suspensão de todos os licenciamentos para esses condomínios até que haja uma revisão das leis que tratam do uso e ocupação do solo.

Para administradora, municípios podem legislar

Coube a Janete Pereira, da Associação dos Moradores do Condomínio Ouro Velho, em Nova Lima, fazer o contraponto às opiniões dos demais participantes. Ela contestou a ilegalidade dos empreendimentos, dizendo que os municípios têm competência para legislar sobre o uso e a ocupação do solo. A administradora também considerou correta a cobrança judicial de taxas impostas pelos condomínios, pois, segundo ela, as melhorias nos espaços coletivos beneficiam a todos, e não é justo que apenas alguns paguem por elas.

A deputada Luzia Ferreira (PPS) lembrou que, em Belo Horizonte, a legislação sobre o uso do solo levou quatro anos para ser discutida e votada, mas que em Nova Lima o prazo não passou de uma semana. "Isso é impensável. É preciso ter uma discussão ampla com a sociedade, chamando todos os setores envolvidos", defendeu. Já o deputado Célio Moreira (PSDB) justificou a necessidade de uma audiência pública que a Comissão de Transportes, Comunicação e Obras Públicas realizou no último dia 6 em Caeté para discutir a construção de trevos na BR-381, dizendo que ela nada teve a ver com interesses dos condomínios fechados da região.

Requerimentos - Durante a reunião foram aprovados quatro requerimentos. O deputado Sávio Souza Cruz pediu que seja enviado à Agência Metropolitana um oficio solicitando que ela peça às prefeituras da Região Metropolitana de Belo Horizonte um inventário dos condomínios fechados, informando a situação legal e estrutural de cada um, iniciando por Nova Lima.

Liza Prado e Elismar Prado (PT) pediram uma audiência pública em Uberlândia (Triângulo Mineiro) para discutir a possibilidade de extensão para essa cidade do ramal do gasoduto São Carlos (SP) - Uberaba (Triângulo Mineiro), a ser construído. O deputado Sebastião Costa (PPS) solicitou um debate público para discutir repasses da Caixa Econômica Federal aos municípios mineiros. E o deputado Almir Paraca (PT) requereu uma audiência pública que terá como tema as consequências de um decreto da prefeitura de Patrocínio (Alto Paranaíba) que prevê a desapropriação de 4.700 hectares de área produtiva pertencentes a agricultores de pequeno porte.

Presenças - Deputados Almir Paraca (PT), presidente; Sávio Souza Cruz (PMDB), Célio Moreira (PSDB), Bonifácio Mourão (PSDB) e deputadas Liza Prado (PSB) e Luzia Ferreira (PPS). Participou também o vereador Danilo Gonçalves, de Sacramento (Alto Paranaíba).

 

 

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