Penitenciária Nelson Hungria passará por reforma estrutural

Uma grande reforma de segurança na estrutura da penitenciária de segurança máxima, Nelson Hungria, em Contagem, na Re...

12/05/2011 - 00:03
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Penitenciária Nelson Hungria passará por reforma estrutural

Uma grande reforma de segurança na estrutura da penitenciária de segurança máxima, Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, está prevista para os próximos quatro anos. O anúncio foi feito pelo superintendente de Segurança Prisional da Subsecretaria de Administração Prisional do Estado, Hamilton de Andrade, durante a reunião da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta quinta-feira (12/5/11), para debater denúncias de irregularidade no estabelecimento.

Segundo Andrade, a reforma, já autorizada pelo governador do Estado com início previsto para este ano, contempla a adequação da estrutura às necessidades operacionais da Secretaria de Estado de Defesa Social.

Desta forma, serão instalados aparelhos de Raios-x, detectores de metal, aparelhos body scan (utilizados em aeroportos), banquetas detectoras de metal (para revista em partes íntimas), bloqueadores de sinal de celular e aparelhos de fibra ótica para detecção de movimentos.

Em sua fala, o superintendente afirmou que, com base nas denúncias de irregularidade, foi feita uma intervenção no presídio em abril deste ano, quando foram recolhidas drogas e telefones celulares, além da identificação de servidores que facilitavam a entrada de produtos ilícitos.

"A intervenção foi bem planejada e contou com a participação de agentes formados pelo Comando Operações Especiais, e cerca de 400 agentes penitenciários voluntários. Nosso objetivo é acabar com a corrupção e as ocorrências ilegais", disse. Hamilton de Andrade lembrou, ainda, que, hoje, os procedimentos de revista em visitantes e nas celas é feito diariamente, e que as investigações resultaram na exoneração de seis agentes somente em 2010.

Realidade - A penitenciária Nelson Hungria conta com 1.700 presos, agrupados em 1.300 celas, custodiados por 667 agentes penitenciários. De acordo com o diretor-geral do estabelecimento, Luiz Carlos Danúzio, não há superlotação e existem oficinas de trabalho e estudo ao presos interessados. "Pleiteamos a construção de uma penitenciária federal e hospitais de custódia, para desafogar o trabalho dos órgãos de segurança nas penitenciária e cadeias do Estado", acrescentou Hamilton de Andrade.

Inquéritos apontam maior parte dos crimes ligados ao tráfico

A delegada do Núcleo de Gestão de Polícia Civil, Rosilene Alves de Souza, destacou a integração entre a Secretaria de Estado de Defesa Social e a corporação. Para ela, a parceria tem intensificado a atuação nos presídios e agilizado o trabalho policial. O tráfico de drogas seria o grande problema do sistema. "Dos 18 inquéritos em andamento, 11 são ligados ao tráfico", afirmou. Questionada pelo deputado Sargento Rodrigues (PDT), autor do requerimento que solicitou a audiência, quanto às ocorrências de queima de ônibus em Belo Horizonte, a delegada anunciou que o Departamento de Operações Especiais (Deoesp) está responsável pelas investigações.

O presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária, José Maria Marques, disse que a entidade recebeu diversas denúncias de corrupção na Nelson Hungria, e elogiou a intervenção feita em abril. Para ele, os desvios apurados serão punidos e as investigações vão continuar. "O sistema é bom, mas tem suas distorções. O apoio do poder público para melhores condições de trabalho para os agentes, assim como na agilidade na realização de concurso público para reforço no contingente é fundamental", cobrou.

Quanto ao pedido de apoio José Maria Marques, o deputado João Leite (PSDB) rendeu homenagens aos agentes, tendo em vista a dificuldade e o risco do trabalho. Segundo ele, a atuação é árdua e perigosa, mas é feita com dedicação e empenho.

Parlamentares cobram resposta à sociedade

O deputado Sargento Rodrigues afirmou que a reforma do presídio, assim como as investigações em curso são importantes, mas ainda não satisfazem os anseios da sociedade de prisão dos responsáveis.

O parlamentar reforçou que é preciso uma atuação rigorosa da Corregedoria de Polícia Civil e da direção da penitenciária, para evitar a entrada de drogas e armas, assim como de telefones celulares, que possibilitam a atuação dos criminosos apesar de encarcerados. Ele ilustrou sua fala ao lembrar que a rádio Itatiaia conseguiu entrevistar um preso dentro da Nelson Hungria pelo telefone.

Ressocialização - A deputada Maria Tereza Lara (PT) também cobrou a punição aos agentes que facilitam a entrada de produtos e substâncias ilícitas na penitenciária, mas destacou a importância do processo de recuperação dos presos para a reinserção na sociedade. "Temos que reprimir o crime, sem esquecer que a função do sistema prisional é trabalhar na ressocialização dos encarcerados", observou.

Ao final, o deputado João Leite destacou que é necessário um debate sobre a questão manicomial no Estado, uma vez que faltam vagas para o tratamento de presos psiquiátricos, que acabam sendo encarcerados com outros detentos. "Casos com de Frederico Flores, acusado de assassinato e tortura, e Pimpolho, que é suspeito de matar homossexuais em Belo Horizonte, não podem ser tratados como qualquer um. O debate é antigo e precisa avançar", concluiu.

Requerimentos solicitam providências e audiências públicas

Após a audiência pública, foram aprovados nove requerimentos, referentes ao tema da reunião e outros assuntos relacionados a segurança pública:

* O deputado João Leite solicita realização de visitas ao delegado do Deoesp, Hugo Magliano, responsável pelo inquérito que apura a queima de ônibus em Belo Horizonte e ao delegado de Polícia Civil, João Lisboa, que preside inquéritos referentes aos supostos crimes ocorridos na penitenciária Nelson Hungria.

* O deputado Sargento Rodrigues pede o envio de ofício aos comandos das polícias Civil e Militar e ao Juizado da Infância e Juventude, solicitando fiscalização na festa rave que irá acontecer na Fazenda Nosso Canto, no município de Nova Lima, no dia 14 de maio, para combater tráfico e uso de drogas e bebidas.

* A deputada Maria Tereza Lara solicita envio de ofício ao comando da Polícia Civil, solicitando atenção especial nas investigações à quadrilha presa em Betim especializada em roubo de casas.

* Os deputados da comissão solicitam, também, realização de audiência pública conjunta com a Comissão de Saúde, para debater a deficiência de vagas no sistema de internação e tratamento de pacientes psiquiátrico no Estado; e o recebimento pela comissão de documento com sugestões levantadas pelo Fórum Técnico de Segurança Pública: Drogas, Criminalidade e Violência, realizado pela ALMG em agosto de 2010.

* A comissão de Direitos Humanos solicita reuniões conjuntas para debater resolução do Conselho Estadual de Psicologia, quanto a atuação do psicólogo nos presídios, e para buscar a adesão dos municípios e respectivas guardas municipais na campanha nacional de desarmamento.

* O deputado Carlin Moura (PCdoB) pede audiência pública da comissão no município de Virgolândia, para debater as políticas de segurança da cidade e reunião conjunta com a Comissão de Participação Popular, com o objetivo de debater a segurança em Malacaxeta.

Presenças - Deputados João Leite (PSDB), presidente; Sargento Rodrigues (PDT); Gustavo Valadares (DEM); Carlos Mosconi (PSDB); e Adalclever Lopes (PMDB); e deputada Maria Tereza Lara (PT), vice-presidente.

 

 

 

 

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