Quase 1,6 milhão de pessoas podem perder tarifa social da Cemig

Apenas 93 mil pessoas, de um total de 1,680 milhão, conseguiram fazer o seu recadastramento junto à Cemig para garant...

10/05/2011 - 00:04
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Quase 1,6 milhão de pessoas podem perder tarifa social da Cemig

Apenas 93 mil pessoas, de um total de 1,680 milhão, conseguiram fazer o seu recadastramento junto à Cemig para garantirem um desconto em sua conta, por meio da tarifa social. Os números foram apontados pelo superintendente de relações comerciais da Cemig, Ricardo César Costa Rocha, durante a audiência pública realizada nesta terça-feira (10/5/11) pela Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

De acordo com Rocha, por determinação da Lei Federal 12.212, de 2010, que disciplina os critérios para recebimento do benefício da tarifa social de energia elétrica (TSEE), o consumidor deve se recadastrar, junto à concessionária de energia elétrica, comprovando que se enquadra em um dos três critérios que a habilitam ao recebimento da tarifa social.

Conforme explica o superintendente da Cemig, esses critérios são a apresentação do número de identificação social (NIS), concedido às pessoas inscritas em algum programa social do Governo Federal; o cadastro de benefício de prestação continuada (BPC), para aqueles que são deficientes físicos ou têm doenças crônicas; e para as populações classificadas como indígenas e quilombolas.

Segundo Rocha, dos 2,380 milhões de consumidores de baixa renda beneficiados atualmente, com base em critérios anteriores à Lei 12.212, 700 mil já possuem o número de identificação social (NIS), e cerca de 1,6 milhão ainda precisam se cadastrar. No entanto, ele afirmou não ter dados sobre o total de pessoas que irão se enquadrar, efetivamente, aos novos critérios, e que, portanto, terão acesso à tarifa social. As novas regras são válidas desde julho de 2010.

Ainda de acordo com Ricardo Rocha, o consumidor que se enquadra em um dos critérios definidos pela lei e, portanto, tem direito ao recebimento da tarifa social, passa a ter descontos proporcionais ao consumo de energia de sua residência. O desconto pode chegar a 65%, caso o consumo residencial chegue aos 30 kw/h/mês; 40%, se o consumo ficar entre os 31 e os 100 kw/h/mês; e 10%, se ficar na faixa de 101 a 220 kw/h/mês.

O representante da Cemig afirmou ainda que a empresa tem tomado medidas para informar a população sobre essa mudança. Ele citou que a concessionária enviou carta a todos os cidadãos que estariam sujeitos a perder o benefício, bem como àqueles que não terão mais direito à cobrança diferenciada. Durante a reunião, Rocha apresentou também a cópia dos avisos incluídos nas contas, e afirmou que foram concedidas diversas entrevistas aos veículos de comunicação do Estado, como jornais e emissoras de televisão, para esclarecer os consumidores sobre a mudança. "Temos a preocupação de passar essa informação, para não prejudicar os que têm direito ao benefício", explica Rocha.

Comunicados confusos - Na opinião do coordenador-geral do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro-MG), Jairo Nogueira Filho, os comunicados enviados pela empresa, além de serem pequenos e de difícil visualização na conta, são também muito técnicos, dificultando o entendimento da população sobre a necessidade de recadastramento.

Essa opinião também foi compartilhada pelo defensor público de Minas Gerais, Marco Paulo Denucci Di Spirito, que classificou a carta enviada pela Cemig como "confusa". Ao citar a modalidade de recadastramento por telefone, ele questionou como é feita, neste caso, a apresentação da documentação necessária pelo cidadão. Marco Paulo se disse preocupado com o fato de até o momento, cerca de 1,6 milhão de consumidores ainda não terem conseguido se recadastrar, e sugeriu que a Defensoria Pública participe como um parceiro, mediando e esclarecendo a população sobre as novas regras para obtenção da tarifa social. "Poderíamos produzir cartilhas de orientação, ou encaminhar o consumidor para o recadastramento. Seríamos uma porta de absorção do público que está alheio à nova legislação", afirma.

Para o deputado Carlos Henrique (PRB), os mecanismos de divulgação utilizados pela Cemig são insuficientes. O parlamentar também considerou que outros fatores deveriam ser levados em consideração no momento de concessão da tarifa social, e não apenas a renda familiar. Ele exemplificou que uma parcela da população, que se encontra em ascensão e passa a consumir mais bens de consumo, como eletrodomésticos, tem um aumento em sua tarifa de energia, o que não indicaria que elas saíram da faixa de vulnerabilidade.

Para o deputado Duílio de Castro (PMN) o maior entrave à obtenção da tarifa diferenciada seria a dificuldade para obtenção, pelo consumidor, do seu número de identificação social (NIS). Ele criticou a falta de estrutura das prefeituras, responsáveis pelo cadastramento do NIS, bem como do Governo Federal, que não consegue abarcar em seus programas sociais toda a população de baixa renda, impossibilitando, dessa forma, a obtenção do cartão do NIS. Esse posicionamento foi ratificado pelo deputado Délio Malheiros (PV).Os deputados Tiago Ulysses (PV) e Gustavo Valadares (DEM) reconheceram as falhas de comunicação por parte da Cemig, na divulgação das novas regras aos consumidores, mais defenderam a atuação da empresa, que, segundo eles, tem feito o possível para informar a população.

O deputado Elismar Prado (PT), defendeu o debate sobre o tema, ao afirmar que o assunto é de grande interesse público. A autora do requerimento que solicitou a audiência, deputada Liza Prado (PSB), considerou que as novas regras, em certa medida, regularizaram a forma da cobrança diferenciada que, antes da Lei 12.212, era baseada no consumo de até 80 kw/h/mês por residência, ou o consumo na faixa de 80 a 180 kw/h/mês, com a apresentação do NIS. Segundo ela, havia uma série de distorções na cobrança, uma vez que ela beneficiava não apenas as famílias de baixa renda. Por outro lado, a deputada lembrou que a mudança pode, agora, prejudicar diversas pessoas com a perda do benefício.

Benefício - A moradora do Conjunto Residencial Mangueira, Eunice Rodrigues de Almeida, é uma das prejudicadas com as novas regras da tarifa social. Segundo ela, o filho, que é deficiente físico, utiliza uma cadeira de rodas elétrica, o que fez com que a sua conta aumentasse consideravelmente. " Eu dependo da luz para carregar a cadeira, e o que eu ganho não dá para pagar a conta", relatou Eunice. Pelos novos critérios, o filho de Eunice, que possui o cadastro de benefício de prestação continuada (BPC), teria direito à tarifa diferenciada, mas, segundo ela, o benefício ainda não foi concedido.

A assistente social e líder comunitária do Conjunto Residencial Mangueira, Aparecida Prado, afirmou que diversas famílias do conjunto, classificadas como beneficiárias da tarifa social, pagam contas altas, que chegam a R$75.

Ao fim da reunião, foram aprovados sete requerimentos:

* de autoria da comissão, encaminhando oficio à Cemig, solicitando à empresa que informe mensalmente à comissão, o número de consumidores que já se cadastraram para ter acesso à tarifa social;

* da deputada Liza Prado, solicitando que a Cemig trabalhe em parceria com a Defensoria Pública, de forma a incentivar o cadastramento dos consumidores na empresa para obtenção da tarifa social; ao diretor-presidente da Cemig, formulando apelo para que a empresa torne mais transparente, nos boletos enviados ao consumidor, a especificação das tarifas e tributos cobrados; também pede visita de um técnico da Cemig aos moradores dos bairros Betânia e Estrela Dalva para exame de fiação elétrica e reexame das medições de consumo; solicita que seja feita campanha permanente a respeito dos procedimentos necessários à obtenção do benefício decorrente da tarifa social;

* do deputado Délio Malheiros, solicitando a realização de audiência em Contagem, para discutir os problemas enfrentados pelos consumidores na comercialização de novos imóveis pelas construtoras, em especial no que se refere ao atraso na entrega dos mesmos;

* do deputado Antônio Júlio (PMDB), pedindo a realização de reunião para dar continuidade ao debate ocorrido em 12 de abril sobre a prestação de serviço de telefonia móvel aos pequenos municípios.

Presenças - Deputado Délio Malheiros (PV), presidente; deputada Liza Prado (PSB), vice; e os deputados Carlos Henrique (PRB); Duílio de Castro (PMN); Tiago Ulysses (PV); e Gustavo Valadares (DEM). Também estiveram presentes o economista Ari de Oliveira; o gerente de planejamento e acompanhamento do relacionamento comercial com clientes de distribuição da Cemig, Sérgio Henrique Mourthé Duarte; o superintendente de relacionamento e assuntos reguladores, Gilberto Gomes Lacerda; o superintendente da assessoria de representação de distribuição da Cemig, Marcio Barbosa Resende; e o coordenador-geral do Sindieletro, Jairo Nogueira Filho.

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715