Moradores pedem desapropriação de terreno em Itabira

Portando faixas e usando camisetas com os dizeres "Não ao despejo do bairro Drumond, pelo direito à moradia", mais de...

28/04/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Moradores pedem desapropriação de terreno em Itabira

Portando faixas e usando camisetas com os dizeres "Não ao despejo do bairro Drumond, pelo direito à moradia", mais de 300 moradores da comunidade, localizada em Itabira (Região Central), lotaram na tarde desta quinta-feira (28/4/11) o auditório do sindicato dos rodoviários da cidade para audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Diante de decisão judicial ordenando que as famílias deixem as suas casas até o próximo dia 15, eles cobraram uma solução definitiva do poder público, reivindicando que a prefeitura declare de utilidade pública o terreno onde está instalada a comunidade, para fins de desapropriação. A prefeitura, contudo, acenou que uma alternativa já em discussão seria o programa federal Minha Casa, Minha Vida.

O impasse em torno do bairro, que recebeu visita da comissão após o debate, começou porque os antigos proprietários da área reivindicam na Justiça a reintegração de posse do terreno, onde vivem mais de 300 famílias há cerca de 11 anos. "Falta apenas boa vontade. O despejo não é a solução, ele só agrava o problema", disse o presidente da Associação dos Moradores do Bairro Carlos Drummond, Adilson Gualberto Campos. Segundo ele, os antigos donos devem impostos há 40 anos, o que no seu entendimento permite à prefeitura negociar o terreno em boas condições.

De acordo com Campos, o processo judicial correu à revelia dos moradores, sem que tivessem defensores no desenrolar da ação, além de outros erros que chamou de grosseiros, citando o falecimento do titular sem a devida apresentação de documentação de substituto para o prosseguimento da ação.

"Estamos inquietos com a ordem de despejo", afirmou o presidente da Associação, criticando as promessas não cumpridas feitas, ao longo dos anos, à população do bairro, onde moram mais de 1.500 pessoas. O presidente da entidade disse também que os moradores pagam por água e luz na comunidade, segundo ele em valores absurdos por serviços prestados de forma precária, já que falta infraestrutura básica no bairro.

Comissão vai encaminhar pedidos

O vice-presidente da comissão, deputado Paulo Lamac (PT), após ouvir moradores e autoridades, afirmou que os deputados da comissão têm comprometimento com os direitos fundamentais de todo cidadão e assegurou o encaminhamento de propostas feitas durante a reunião.

Além de reivindicar a desapropriação do terreno, os moradores pediram que a Polícia Militar estude os riscos de uma desocupação da área, que seja feito um levantamento da dívida dos proprietários do terreno para fins de compensação no caso de indenização e que os governos Federal e Estadual sejam colocados a par da situação dos moradores.

A audiência foi requerida pelos deputados Durval Ângelo (PT), presidente da comissão, e Carlin Moura (PCdoB). Na abertura, a assessoria do deputado Carlin Moura justificou a ausência do parlamentar, uma vez que ele seria testemunha em ação na cidade de Contagem no mesmo horário.

Prefeitura propõe solução com programa habitacional

A secretária municipal de Ação Social de Itabira, Maria das Graças de Carvalho Silva, argumentou na audiência que o número de moradias construídas foi insuficiente nos últimos anos em relação à demanda. Ela disse que as famílias do bairro Drummond, diante da ação de reintegração de posse, foram orientadas a se inscrever no programa Minha Casa, Minha vida, do Governo Federal, uma das alternativas em estudo pela prefeitura para a solução do problema.

Segundo a secretária, a prefeitura, tendo aderido ao programa em 2009, tem que ter, entre as contrapartidas, uma área no município com infraestrutura básica para a construção das moradias. "Imediatamente, foi feita a divulgação e o cadastramento das famílias. Tivemos 5.760 inscrições, sendo que as primeiras moradias estão garantidas às famílias do Drummond. Se algum morador não tiver feito a inscrição, estamos de portas abertas para que faça", afirmou Maria das Graças.

O procurador da prefeitura, Gilberto Magalhães, acrescentou que o prefeito quer uma solução segura e definitiva para os moradores que realmente necessitam de moradia. Anunciou, ainda, a formação de uma comissão mista, que já iniciou reuniões com o objetivo de propor medidas que não sejam paliativas. A próxima reunião será em 10 de maio.

O padre José Geraldo de Melo, da Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano, elogiou a organização do movimento dos moradores, dizendo que a presença de autoridades no debate era um sinal da força da mobilização da comunidade. "Não estamos mais falando dos sem terra, e sim de um povo organizado", disse ele, defendendo o direito à moradia como sagrado.

História - Os moradores do Drummond lutam há anos pela regularização do bairro. Parlamentares estiveram na cidade em 2009 para debater a questão, tendo a Justiça, na época, determinado a suspensão do processo de desocupação do local, que resultou posteriormente na ordem de despejo. Em 16 de março deste ano, o problema dos moradores foi tema de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos na ALMG, lotando o auditório da Casa e resultando no requerimento de audiência na própria cidade.

Presenças - Deputado Paulo Lamac (PT), vice-presidente. Também estiveram presentes o presidente da Câmara Municipal de Itabira e o presidente da Comissão de Ação Social e Direitos Humanos da Câmara, respectivamente os vereadores Sebastião Ferreira Leite e Sebastião Ferreira da Silva, além do advogado dos moradores, Carlos Francisco Gueiros.

 

 

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