Deputado propõe fórum de defesa da alimentação escolar

O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) propôs, nesta segunda-feira (18/4/11), a criação de um fórum permanente na Assem...

18/04/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Deputado propõe fórum de defesa da alimentação escolar

O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) propôs, nesta segunda-feira (18/4/11), a criação de um fórum permanente na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para defender a aplicação efetiva no Estado da Lei Federal 11.947, de 2009. Ela estabelece diretrizes para a alimentação escolar e determina, entre outros aspectos, que pelo menos 30% da merenda seja comprada diretamente da agricultura familiar. A proposta foi feita durante audiência pública promovida conjuntamente pela Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial e a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia.

A defesa da Lei 11.947 foi unânime entre os participantes da reunião, realizada a requerimento do próprio Adelmo e dos deputados Duarte Bechir (PMN) e Rogério Correia (PT), com o objetivo de discutir a alimentação escolar na rede estadual de ensino. Os debatedores também apontaram obstáculos para a aplicação efetiva da lei e propuseram soluções.

Adelmo sugeriu que o fórum permanente na ALMG seja integrado pelas duas comissões reunidas na audiência pública mais a Comissão de Saúde. Na avaliação do deputado, a alimentação escolar é um componente do processo pedagógico. "A escola é um espaço muito importante para que possamos oferecer uma nutrição adequada para a pessoa viver e se desenvolver com saúde", declarou. Como justificativa para a importância da criação de hábitos nutricionais saudáveis, Adelmo citou a pesquisa sobre fatores de risco e proteção para doenças crônicas, divulgada nesta segunda pelo Ministério da Saúde. Ela mostra que 48,1% dos adultos brasileiros têm excesso de peso e 15% são obesos.

O deputado Duarte Bechir afirmou que a alimentação escolar precisa ser tratada como instrumento de inclusão social. Ele elogiou a criação, pelo Governo do Estado, do Comitê Temático de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável, que vai propor uma série de ações na área. O coordenador do comitê é o presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas (Consea-MG), Dom Mauro Morelli, que participou da audiência pública.

Dom Mauro disse que a principal tarefa do grupo é formular o Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, a ser submetido ao Consea e incluído no Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), ainda este ano. Na opinião do presidente do Consea, a Lei Federal 11.947 é revolucionária, ao aproximar a agricultura familiar da alimentação nas escolas. "O binômio educação-alimento é indissolúvel", afirmou.

Obstáculos - Entre os principais entraves à aplicação plena da Lei 11.947, o deputado Rogério Correia apontou a dificuldade de distribuição dos produtos da agricultura familiar. Segundo ele, os 30% estipulados pela lei garantem a comercialização de parte do que os pequenos agricultores produzem, mas ainda é pouco tendo em vista o total de sua produção.

De acordo com números apresentados pelo gestor do Programa de Alimentação Escolar da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater), Ademar Moreira Pires, há cerca de 440 mil propriedades de agricultura familiar em Minas, mas apenas 6.230 venderam seus produtos para as escolas, em 2010. Ele disse que a Emater está empenhada em articular arranjos locais para ampliar o fornecimento da merenda pelos pequenos agricultores.

Os estabelecimentos de ensino também enfrentam dificuldades. O superintendente de Infraestrutura da Secretaria de Estado de Educação, Adair Gomes Ribeiro, afirmou que 3,2 mil das 4 mil escolas estaduais fizeram a chamada pública para aquisição de alimentos, mas poucas conseguiram concretizar a compra. Isso ocorreu porque parte dos agricultores familiares tem sua produção comprometida totalmente com as prefeituras e muitos enfrentam dificuldades para regularizar sua atividade.

Um dos obstáculos é a habilitação sanitária, segundo o subsecretário de Agricultura Familiar do Estado, Edmar Gadelha. Ele disse que uma solução para o problema é a regulamentação da Lei 19.476, de 2011, que trata da habilitação sanitária para estabelecimento agroindustrial rural de pequeno porte. Ela foi aprovada no ano passado pela ALMG, a partir de projeto de lei do governador. Em todo o País, só Minas, Paraná e Bahia têm leis estaduais sobre o assunto.

O presidente da Comissão de Política Agropecuária, deputado Antônio Carlos Arantes (PSC), disse que o Governo Federal acertou ao articular a agricultura familiar e a alimentação nas escolas, mas ainda precisa avançar muito na aplicação efetiva da lei. Ele afirmou também que são necessários mais investimentos na área. No âmbito de Minas Gerais, Arantes sugeriu que os deputados trabalhem no aumento dos recursos já nas discussões do próximo Orçamento. "Isso não é gasto, é investimento na saúde das pessoas", declarou.

O deputado Bosco (PTdoB), que preside a Comissão de Educação, apoiou a ideia de Adelmo de criar um fórum permanente na ALMG sobre alimentação escolar. "Há um acúmulo de propostas em Minas, nesta Casa principalmente, para efetivação da Lei 11.947", afirmou o deputado André Quintão (PT).

A despeito dos obstáculos, todos os participantes da audiência defenderam a aplicação da lei. "Os problemas da lei são infinitamente menores que os benefícios", disse o coordenador do Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar da Universidade Federal de Ouro Preto, Hélido Bonomo. Para a agente de Desenvolvimento Econômico do Ministério do Desenvolvimento Agrário em Minas, Cláudia D'Ávila, a Lei 11.947 promove segurança alimentar, desenvolvimento da economia local, geração de renda e hábitos nutricionais saudáveis.

Requerimentos - O deputado Duarte Bechir apresentou quatro requerimentos, também assinados por Antônio Carlos Arantes, Adelmo Carneiro Leão, Rogério Correia e Bosco. Eles serão votados posteriormente pela Comissão de Educação. Nos requerimentos, os deputados pedem à Secretaria de Educação que qualifique os gestores das escolas com vistas ao atendimento da alimentação escolar; à mesma secretaria, perguntam o número de escolas que compram a merenda diretamente da agricultura familiar; ao Governo do Estado, fazem apelo para que um profissional de nutrição seja incluído na estrutura da Educação; e ao Ministério da Educação solicitam o fornecimento de alimentação escolar nos 365 dias do ano, e não apenas nos 200 dias letivos.

Presenças - Deputados Antônio Carlos Arantes (PSC), presidente da Comissão de Política Agropecuária e que presidiu a reunião; Bosco (PTdoB), presidente da Comissão de Educação; Rogério Correia (PT), Duarte Bechir (PMN), Adelmo Carneiro Leão (PT) e André Quintão (PT).

 

 

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