Comissões pedem ação conjunta de polícias para coibir roubo de gado

As Comissões de Política Agropecuária e Agroindustrial e de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gera...

15/04/2011 - 00:05
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comissões pedem ação conjunta de polícias para coibir roubo de gado

As Comissões de Política Agropecuária e Agroindustrial e de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais vão encaminhar ofício ao comandante da Polícia Militar e ao Chefe da Polícia Civil solicitando a realização de uma operação conjunta nos municípios de Ibiá (Alto Paranaíba) e Monte Santo de Minas (Sul). O objetivo é investigar e tentar coibir roubo de gado, furtos e outros tipos de ilícito na região.

Esta foi uma das decisões tomadas nesta sexta-feira (15/4/11), durante audiência pública conjunta das duas comissões, realizada no Sindicato dos Produtores Rurais de Pará de Minas (região Central). A reunião foi convocada com a finalidade de debater denúncias de furto de gado em Minas Gerais, em especial nas regiões Centro-Oeste e Alto Paranaíba.

Os parlamentares das duas comissões aprovaram também mais cinco requerimentos, um deles propondo a realização de visita ao presidente do TJ, para debater os procedimentos judiciais aplicados à apuração do roubo de gado no Estado. As outras visitas serão direcionadas ao procurador geral de Justiça, ao chefe de Polícia Civil, ao Comando do Estado Maior da PM e ao Instituto Mineiro de Agropecuária, com o objetivo de debater o assunto e buscar soluções. O secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento será convidado a participar das visitas, juntamente com uma comissão de produtores rurais.

Segundo o autor do requerimento que resultou na audiência pública, deputado Inácio Franco (PV), há mais de um ano ele foi procurado por proprietários locais que se queixavam a respeito. Na ocasião, disse, um suspeito foi preso e confessou o crime, admitindo o envolvimento de policiais civis. Entretanto, apesar do trabalho da Polícia Civil para investigar o caso, os roubos não só continuaram, como aumentaram. "O produtor rural, hoje, está à mercê da bandidagem. Temos que dar uma resposta à população. Segurança pública é dever do Estado", afirmou.

Para o presidente da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial, deputado Antônio Carlos Arantes (PSC), é possível reverter o quadro. Ele cita, como exemplo, o seu município de origem, São Sebastião do Paraíso (Sul), onde, há três anos, registrava-se uma média de doze homicídios por ano e 50 assaltos por mês. Hoje, após uma série de providências tomadas junto às polícias Civil e Militar, inclusive com mudança de chefias locais, esses números caíram para uma média de dois assassinatos por ano e quatro roubos por mês. "Não podemos admitir que meia dúzia de malfeitores façam a população refém", disse.

O deputado Fabiano Tolentino (PRTB), vice-presidente da comissão, concordou com o colega do PSC, afirmando que em seu município, Divinópolis (Centro-Oeste), algumas ações deram resultado, como a implementação de patrulhas rurais. Ele defendeu também um orçamento maior para essas patrulhas.

Parlamentar com votação majoritária no município de Pará de Minas, o deputado Antônio Júlio (PMDB) criticou a política de segurança pública do governo e fez um apelo à polícia no sentido de que divulgue os nomes e rostos dos malfeitores, para que a população possa colaborar. Segundo ele, os bandidos, hoje, vivem protegidos sob o anonimato. Ele sugere também que a sociedade saiba quais são as pessoas que cumprem medidas socioeducativas por pequenos delitos. Para isso, propõe que esses condenados, quando no cumprimento das medidas, sejam identificados.

O presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado João Leite (PSDB), que presidiu a audiência, declarou-se impressionado com as denúncias que ouviu na reunião, afirmando que os relatos levam a crer que as ações não são isoladas, mas fruto de crime organizado.

A deputada Maria Teresa Lara (PT), vice-presidente da Comissão de Segurança Pública, defendeu a integração da polícia e da sociedade e o trabalho preventivo nas três esferas da administração pública, além de medidas socioeducativas para combater o crime. "É inconcebível avançar sem a participação da sociedade civil", disse, defendendo o projeto da Polícia Militar conhecido como Rede de Vizinhos Protegidos.

Denúncias vão de pequenos furtos a roubo de gado e assassinatos

A audiência pública lotou o auditório do Sindicato dos Produtores Rurais de Pará de Minas. Mais de vinte proprietários, produtores e lideranças rurais se manifestaram, relatando casos variados, de pequenos furtos a roubos de gado em grande escala até assassinatos. Segundo as lideranças locais, as ocorrências policiais na zona rural de Pará de Minas, Florestal e outros municípios próximos vêm crescendo em níveis alarmantes.

As denúncias apontam roubos de 100 a 200 cabeças de gado de uma só vez, além de assaltos recorrentes em uma mesma propriedade, com diferença de poucos meses ou semanas. Dois produtores rurais denunciaram ter sido roubados no mesmo dia em que se realizou a audiência. Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Ibiá, Ilceu Nascimento Filho relatou que em outubro do ano passado 80 bovinos foram roubados em uma fazenda e 199 em outra. Três meses depois, mais 66 cabeças de gado foram roubadas em outra propriedade. Há 120 dias, narrou, foi registrado um latrocínio (roubo seguido de morte).

Produtor rural em Florestal (Central), Alfredo Melo queixou-se de que a população do município, localizado na "zona periférica de Belo Horizonte", vive "em situação de extrema insegurança e de quase humilhação". "A sensação é de vivermos no Centro-Oeste americano de antigamente". Relatou que já teve três propriedades assaltadas, uma delas mais de uma vez em apenas uma semana. Ele e outros proprietários presentes à reunião reivindicaram o direito ao uso de armas para se defenderem. Fazendo coro com as denúncias e reivindicações de Alfredo Melo, Ortoni Alves de Oliveira Melo, também produtor rural de Florestal, afirmou que o município está sem delegado há mais de dois anos.

Olinto Paulino, produtor rural de Monte Santo de Minas (Sul), limite com Franca (SP), disse que viajou mais de 400 quilômetros para participar da reunião, pois em seu município há registro de mais de 500 cabeças de gado roubadas, além de caminhões e equipamentos. Ele louvou a iniciativa da audiência pública e solicitou que outras reuniões semelhantes sejam realizadas em todo o Estado.

Outro produtor rural, Mauro Augusto Silveira, denunciou que no dia 4 de abril foi informado de que sua fazenda seria assaltada, pediu ajuda policial, mas mesmo assim o assalto se concretizou. Alguns funcionários, assustados, disse, pediram demissão do emprego. Observou que paga impostos em dia, cumpre com todas as obrigações trabalhistas e ambientais, mas não vê retorno do Estado no que toca à segurança.

Patrulha rural e aumento do efetivo policial estão entre as propostas apresentadas

Durante o debate, algumas propostas foram apresentadas para sanar ou diminuir o problema, como a criação de delegacias rurais, o aumento do efetivo policial, o incentivo à patrulha rural e a melhoria do sistema de telecomunicações.

Representando o chefe de Polícia Civil, o delegado Augusto Costa Neto admitiu a dificuldade em combater o crime nas áreas rurais, entre outras razões, devido ao isolamento das propriedades, mas, principalmente, pela carência de efetivo policial. Ele defendeu a criação de delegacias rurais e considerou que o Estado precisa equipar e reestruturar a Polícia.

Produtor rural, policial civil e vereador em Pompéu (Central), Experidião Porto afirmou que a sociedade vai continuar desprotegida enquanto o governo do Estado não aumentar o efetivo e não remunerar condignamente os policiais.

O Comandante da 7a Região da Polícia Militar do Estado, Coronel Eduardo Campos de Paulo, reconheceu que está havendo uma "interiorização do crime", com bandidos fugindo do cerco nas grandes cidades e procurando as áreas rurais. Ele defendeu a criação de uma rede da comunidade rural, a exemplo da Rede de Vizinhos Protegidos. Propôs maior parceria entre polícia e sociedade, atividades conjuntas com a Polícia Civil e outros órgãos, entre outras ações.

Eugênio Mendes Diniz, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Pará de Minas, listou uma série de ocorrências, que entregou às duas Comissões parlamentares.

Presenças: Além dos parlamentares e autoridades citados na matéria, participaram da reunião: José Porfírio de Oliveira Filho, prefeito de Pará de Minas; vereador Vilson Antônio dos Santos, presidente da Câmara Municipal de Pará de Minas;
Paulo Afonso Romano, secretário adjunto de Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
Marcos de Abreu e Silva, diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), José Eder Leite, Presidente da Associação dos Sindicatos Ruralistas do Oeste Mineiro (Asrom).

 

 

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