Frente parlamentar vai manter acompanhamento do ciclo orçamentário

Manter o acompanhamento do ciclo orçamentário, enfatizando ações imediatas de participação na elaboração do Plano Plu...

14/04/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Frente parlamentar vai manter acompanhamento do ciclo orçamentário

Manter o acompanhamento do ciclo orçamentário, enfatizando ações imediatas de participação na elaboração do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) 2012/2015 foi uma das propostas apresentadas para a agenda da Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente na 17ª Legislatura.

Criada em 2000 como resultado do Seminário Legislativo que marcou os dez anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a frente parlamentar foi reinstalada nesta quinta-feira (14/4/11), durante audiência pública da Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

O coordenador da frente parlamentar e presidente da Comissão de Participação Popular, deputado André Quintão (PT), apresentou os principais resultados alcançados e os desafios que se colocam para a frente parlamentar. Segundo ele, desde 2003 a prioridade de atuação tem sido a incidência e o monitoramento do Orçamento Criança e Adolescente (OCA) e a interlocução com movimentos sociais e o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA).

Esse monitoramento, segundo o parlamentar, é realizado em parceria com os movimentos sociais de defesa dos direitos da criança e do adolescente, a partir da elaboração de notas técnicas quadrimestrais de execução orçamentária.

Emendas populares ao PPAG e à LOA teve crescimento significativo

O volume de emendas populares ao PPAG e à Lei Orçamentária, de atendimento exclusivo às crianças e adolescentes cresceu de R$ 7,6 milhões na 15ª Legislatura para R$ 16,8 milhões na 16ª Legislatura. "Esses avanços estão relacionados com a qualificação permanente do movimento social dos direitos da criança e do adolescente nesse processo, e também com o amadurecimento dessa experiência no âmbito do Legislativo", avaliou o deputado André Quintão.

O balanço do trabalho da frente também apontou que a tendência de execução orçamentária foi mantida nos anos de 2009 e 2010: cerca de 16% do total executado do orçamento com as ações exclusivas; 9% para ações não exclusivas e 75% para ações sem relacionamento com crianças e adolescentes.

As políticas públicas de educação (principalmente aquelas de atendimento ao ensino médio) e de implementação do sistema socioeducativo tiveram percentual de execução orçamentária insatisfatória, segundo a apresentação do deputado, com algumas ações abaixo de 45%. A execução das emendas populares, por outro lado, demonstram melhora em sua execução tendo uma média superior a 75% em 2010.

Outras temáticas priorizadas pela frente parlamentar, foram destacadas também pela representante do Interfóruns de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Minas Gerais, Maria Alice da Silva. Entre as propostas da entidade para a agenda da frente parlamentar estão a mobilização pelo combate ao trabalho infantil, o reforço da atuação junto aos gestores para efetivação das medidas socioeducativas; e a implantação da Vara Especializada em Crimes contra Criança e Adolescentes.

Interfóruns defende universalização da escola em tempo integral

Maria Alice informou que dados do Pnad de 2009 apontam que existem, em Minas Gerais, 13.491 crianças na faixa etária de 5 a 9 anos e 146.237 crianças e adolescentes na faixa de 10 a 14 anos em situação de trabalho infantil. Para enfrentar essa realidade, ela defende um maior intercâmbio entre as Secretarias de Desenvolvimento Social e de Educação. "O Programa Escola em Tempo Integral é uma ótima proposição de política pública protetiva, mas que precisa ser mais bem implementada e universalizada", afirmou.

Sobre as medidas socioeducativas, Maria Alice apresentou a sugestão de audiência pública para tratar do direito à convivência familiar e comunitária; e a situação dos abrigos no Estado. O Interfóruns ainda apoia a Instrução Normativa nº 2, da Corregedoria Nacional de Justiça, que visa a disponibilizar assistência jurídica para as crianças e adolescentes abrigados. De acordo com a representante do Interfóruns, existem quase 6 mil crianças e adolescentes em abrigos e não há previsão de implantação do plano estadual de direito à convivência familiar e comunitária.

O presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de Minas Gerais (Cedca), Ananias Neves Ferreira, acrescentou: "É incompatível com os ideais de Minas a inexistência de um Plano Estadual de Enfrentamento a Drogadição de Crianças e Adolescentes e não menos importante a criação e implementação de um Plano Estadual de Medidas Sócioeducativas." Ananias ainda destacou, o papel fundamental da frente parlamentar na luta pela efetivação dos direitos da criança e do adolescente.

No mesmo sentido, o deputado federal Odair Cunha (PT-MG) acrescentou que o sistema de proteção da criança e do adolescente, do ponto de vista das leis, está bom. A dificuldade, segundo ele, estaria no cumprimento efetivo da legislação. O parlamentar falou ainda da necessidade de se equipar os conselhos tutelares e disse que vem trabalhando, junto ao governo federal, para conseguir isso.

O deputado Bosco (PT do B) destacou duas ações do governo do Estado que considera positivas para garantir os direitos da criança e do adolescente - o "Professores da Família", que representa um elo entre a escola, o aluno e a família; e o projeto Antidrogas, que visa conter o avanço do uso de entorpecentes, sobretudo do crack. Ele destacou que os índices confirmam o aumento de delitos associados ao consumo de drogas.

A articulação entre as comissões da Assembleia para tratar dos temas atinentes ao universo infanto-juvenil e o trabalho conjunto com os movimentos sociais e conselhos foram ressaltados pelo deputado Ulysses Gomes (PT). Ele ainda propôs uma reflexão sobre os vários aspectos que vêm provocando tragédias que vitimam crianças, como a ocorrida em Realengo, no Rio de Janeiro, nos últimos dias. "O episódio de Realengo chamou a atenção de todo o mundo, mas crianças são vítimas de violência todos os dias", ressaltou.

Homenagem - O início da reunião foi dedicado a homenagear o pedagogo Antônio Carlos Gomes da Costa, falecido em 4 de março deste ano. Ele integrou o grupo responsável pela redação do Estatuto da Criança e do Adolescente e foi membro do Comitê Internacional dos Direitos da Criança na Organização das Nações Unidas. A homenagem contou a presença da viúva do pedagogo, Maria José Gomes da Costa; do sobrinho Mauro Roberto; e do articulador da Inspetoria São João Bosco, Irmão Salesiano Raimundo Rabelo Mesquita.

Os participantes da audiência destacaram o legado do pedagogo em defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes, sua luta inspiradora e sua dedicação perseverante. "Antônio Carlos era louco pelos outros, sobretudo pelas crianças e adolescentes; e lutou incansavelmente por sua cidadania", afirmou. "A morte de Antônio Carlos deixa um legado de responsabilidade para todos, familiares ou não, na luta pela infância e juventude", concluiu.

Requerimentos - Foram aprovados dois requerimentos durante a reunião. O deputado Ulysses Gomes pede a elaboração de curso de capacitação a distância sobre o ECA, na Escola do Legislativo, nos moldes do projeto que vem sendo realizado pela Fundação Telefonica nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia.

Também foi aprovado requerimento do deputado André Quintão, pedindo à Fundação Hospitalar do Estado Minas Gerais (Fhemig) providências para o cumprimento da Lei federal 12.317, de 2010, que prevê implantação de jornada de 30 horas para os assistentes sociais na entidade.

Presenças - Deputados André Quintão (PT), presidente; Bosco (PTdoB); Carlin Moura (PCdoB); Ulysses Gomes (PT); e Fabiano Tolentino (PRTB).

 

 

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