Produtores de cachaça de Nova União cobram apoio do
governo
Produtores de cachaça de Nova União (Região Central
do Estado) reivindicam apoio para a organização do setor. Na reunião
das Comissões de Política Agropecuária e Agroindustrial e de
Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais realizada no município nesta
quinta-feira (14/4/11), eles cobraram recursos para viabilizar a
implantação do Programa Mineiro de Álcool, Leite e Cachaça
(Promalc).
Parceria entre Governo do Estado, prefeituras e
Associação Mineira de Produtores de Aguardente de Qualidade (Ampaq),
o Promalc tem o objetivo de estimular a utilização do bagaço de cana
como ração animal e dos subprodutos da destilação da cachaça
(conhecidos como calda e cabeça) para a produção de etanol.
Para o produtor da cachaça Germana, Valter Caetano
Pinto, o programa será a oportunidade para articular a organização e
reduzir a informalidade do setor. Para viabilizar a produção de
etanol em larga escala, ele defende a formação de cooperativas com
no mínimo 20 integrantes. Além disso, segundo ele, as caldeiras das
usinas de beneficiamento de leite são ociosas e poderiam ser
aproveitadas para o processamento do etanol.
A falta de investimentos em tecnologia e na
padronização da cachaça impedem o crescimento da produção, na
opinião da irmã de Valter Caetano, Dirlene Caetano Pinto. Segundo
ela, a Germana recebe regularmente encomendas do exterior, mas o
setor como um todo não está preparado para atender à demanda
internacional. "A bebida fina do futuro não é uísque nem vodca, é a
cachaça artesanal mineira", afirmou.
O presidente da Comissão de Turismo, deputado
Tenente Lúcio (PDT), que solicitou a reunião, disse que o setor não
pode continuar trabalhando com 90% de seus produtores na
clandestinidade. Ele apresentou uma emenda na última revisão do
Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) para abrir uma janela
orçamentária para o Promalc, o que pode viabilizar o aporte de
recursos do Governo do Estado no programa. "A cachaça pode valer
ouro no mercado internacional, basta dar suporte aos produtores",
defendeu.
O deputado Rômulo Viegas (PSDB) defendeu a
valorização da cachaça artesanal como produto cultural e a
destinação de recursos do Estado para viabilizar a efetiva
implantação do Promalc.
Região produz cachaça de qualidade
Os deputados e lideranças presentes à reunião
defenderam a implantação do projeto-piloto do Promalc em Nova União
por causa do desenvolvimento do setor produtivo local.
Na Fazenda Vista Alegre, onde é produzida a cachaça
Germana, o bagaço da cana já é utilizado para alimentar o gado
leiteiro, que garante o sustento da propriedade durante a
entressafra (que vai de dezembro a abril). O bagaço também serve de
combustível para o alambique.
A calda e a cabeça da cachaça não são adequados
para o consumo humano por conterem impurezas e elevado teor
alcóolico. Os dois subprodutos são vendidos atualmente para a
indústria de cosméticos e para a fabricação de condimentos. Valter
Caetano estima que poderia produzir até 20 mil litros de etanol por
ano, o equivalente a 10% do volume de cachaça destilado na fazenda.
Para isso, seriam necessárias adaptações no alambique.
A Fazenda Vista Alegre produz 200 mil litros de
cachaça por ano, o que gera 200 mil toneladas de bagaço de cana.
Deste total, metade é utilizada como combustível no alambique. A
família Caetano produz cachaça desde 1912, com uma receita que passa
de pai para filho. A Germana é exportada para Inglaterra e África do
Sul, e já negocia contratos nos Estados Unidos, México e
Holanda.
Presenças - Deputados
Tenente Lúcio (PDT), presidente da Comissão de Turismo; e Rômulo
Viegas (PSDB). Também participaram da reunião o gerente regional da
Emater-MG, Elmer Ferreira de Almeida; o presidente da Federação
Nacional dos Produtores de Cachaça de Alambique, Murilo de Sá
Albernaz; o presidente da Ampaq, Alexandre Vagner Silva; o gerente
de certificação do IMA, Marco Antônio Vale; e o prefeito de Nova
União, Moacir Barbosa Figueiredo.
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