Comissão e Ouvidoria de Polícia irão ao Aglomerado da Serra

O Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, deverá receber a Ouvidoria de Polícia Itinerante no di...

07/04/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comissão e Ouvidoria de Polícia irão ao Aglomerado da Serra

O Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, deverá receber a Ouvidoria de Polícia Itinerante no dia 30 de abril. A data foi agendada nesta quinta-feira (7/4/2011), durante reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O local foi palco, no último dia 19 de março, de um ação da Polícia Militar que resultou na morte de dois moradores. Como a população ainda tem queixas a fazer, o deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão, e o ouvidor Paulo Vaz Alkmin propuseram a iniciativa, que deverá contar também com a participação da Defensoria Pública.

Na reunião, solicitada pelos deputados petistas Paulo Lamac e Rogério Correia, o corregedor de Polícia de Minas Gerais, coronel PM Hebert Fernandes Souto Silva, fez um balanço do inquérito que apurou a responsabilidade de policiais na morte do estudantes Jefferson Coelho da Silva, 17 anos e do técnico de enfermagem Renilson Veriano da Silva, 39 anos. Segundo ele, 12 policiais foram indiciados. Os crimes vão desde falsidade ideológica a prevaricação. Dois deles foram denunciados por homicídio. Há ainda cinco processos de demissão de policiais em andamento.

Segundo Silva, na manhã seguinte ao crime, a versão dos militares já começava a ser descontruída pela Corregedoria. "Foram 25 dias para concluir a apuração e a participação da comunidade foi fundamental", frisou. O corregedor listou ainda denúncias paralelas envolvendo a ação de policiais no Aglomerado e o andamento de cada investigação. O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), William dos Santos, disse esperar a mesma agilidade do Tribunal do Júri, para julgar os acusados.

Durval Ângelo anunciou também que apresentará requerimento solicitando à Prefeitura a manutenção de espaços de lazer no Aglomerado. Moradores reclamam de lixo no campo de futebol e que o posto de saúde e o centro comunitário estão desativados.

O deputado salientou que a criminalidade na Serra caiu entre 80% e 90% depois de obras parciais de urbanização. "Em 2010 tivemos a apreensão de 16 armas de fogo, número insignificante em relação a anos anteriores", salientou. O parlamentar discursou ainda sobre a ideologia da criminalização da pobreza e observou que ela afasta a população dos aglomerados da segurança.

Moradores reivindicam direitos

Representantes da comunidade se queixaram de discriminação e pediram atenção das autoridades para oferecer educação aos moradores. Familiares das vítimas questionaram sobre a possibilidade de indenização ou pensão para as filhas de Renilson. A comissão aprovou requerimento em que solicita ao governador o envio de projeto à ALMG para o pagamento da pensão, já que o Estado teria responsabilidade subjetiva no caso. Durval também orientou os familiares quanto ao ingresso na Justiça para requerer esses direitos. Entre os parentes, estavam o pai de Jefferson e irmão de Denilson, o cabo PM Denilson Veriano da Silva, e sua mãe, Maria das Graças Silva.

O deputado Rogério Correia justificou a ausência de Paulo Lamac, seu parceiro no requerimento para a audiência, causada por problemas de saúde. Ele parabenizou a comunidade pela coragem com que enfrentou o episódio e por se mobilizar para "resgatar a verdade" e provar que os dois moradores não eram bandidos, como a versão inicial da PM fazia crer. "Vocês estavam sendo silenciados após serem atacados e exerceram o direito de se rebelar contra a injustiça", frisou.

Liza Prado (PSB) também cumprimentou os moradores pela coragem de "romper o silêncio e enfrentar uma estrutura montada para garantir uma versão". Durval Ângelo anunciou gestão para que os seis inquéritos abertos contra os moradores por destruição de patrimônio não sejam levados em conta, em função dos desdobramentos do caso. Por outro lado, Liza e Durval pediram que a população não deixe de acreditar na Polícia.

Para Durval, o episódio da Serra é um divisor de águas na atuação da corporação. O parlamentar voltou a enfatizar o trabalho da comissão, que seria apontada, muitas vezes, como contrária a policiais. Ele lembrou que a comissão recebeu os policiais militares durante a greve da PM e que atende famílias de PMs ameaçados e policiais vítimas de assédio moral, entre outros casos. O coronel Silva fez o mesmo apelo. "A PM é maior que o policial desviado e a favela é maior que o traficante", disse.

Pesar - A comissão aprovou uma Moção de Pesar pela morte de Maria das Graças dos Anjos Guimarães, defensora pública aposentada. Durval Ângelo, autor do requerimento, salientou que ela atendeu, gratuitamente, muitos casos de moradores de vilas e favelas encaminhados pela comissão. Além disso, sofreu perseguições, junto com o marido, um desembargador, "por motivos obscuros", que culminaram por causar problemas de saúde nos dois.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), Rogério Corria (PT) e deputada Liza Prado (PSB). Além das autoridade citadas, participaram como convidados o vereador Paulinho Motorista, de Belo Horizonte; o chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Segurança Urbana de BH, Jorge Aleixo de Oliveira; e o presidente da Rádio Favela, Misael Avelino.

 

 

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