Solanda Silva, indicada para a Fundação Clóvis Salgado, é
sabatinada
O Plenário da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais já pode analisar a indicação de Solanda Steckelberg Silva
para o cargo de presidente da Fundação Clóvis Salgado (FCS), feita
pelo governador Antonio Anastasia. Ela foi sabatinada pelos
deputados da comissão especial criada para dar parecer sobre a
indicação, nesta terça-feira (5/4/11).
Solanda destacou que a fundação continuará
investindo na interiorização de suas atividades e que um grupo de
trabalho está fazendo um diagnóstico da situação dos servidores da
Orquestra Sinfônica, da Companhia de Dança e do Coral Lírico, a ser
encaminhado ao governador, com propostas de valorização desses
grupos. A FCS completa 40 anos em 2011.
Depois de ser sabatinada pelos parlamentares, a
indicação de Solanda recebeu parecer favorável do deputado Rômulo
Veneroso (PV), que foi aprovado.
Segundo o artigo 62 da Constituição Estadual, cabe
à Assembleia aprovar, previamente, por voto secreto e maioria
simples, após arguição pública, a escolha de titulares de alguns
cargos públicos.
Sobre essa arguição, Solanda avaliou ser um
processo importante, um momento em que aqueles que lidam com
recursos e ações públicas são chamados a falar ao Legislativo. "A
cultura não é a cereja do bolo; é o trigo, a liga do bolo", disse,
enfatizando que a cultura é uma política pública transversal, que
dialoga com áreas como meio ambiente e esportes e que é essencial
para o desenvolvimento de um país.
Interiorização - O
deputado Rômulo Veneroso quis saber de Solanda quais as estratégias
de interiorização da Fundação Clóvis Salgado. Segundo ela, essa
política vem se aperfeiçoando, com indicadores sendo monitorados
pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag).
Um corpo técnico define mapas de viagens, pautadas
pela interação com prefeituras e comunidades artísticas; e há também
visitas técnicas a prefeituras. "Podemos ter, sim, uma atuação mais
pró-ativa, agindo em bloco, por meio do sistema estadual de
cultura", afirmou, em resposta à solicitação do relator de mais
apoio e de mais possibilidades de suporte técnico aos municípios por
parte da fundação. Além de relator da comissão especial, Veneroso
integra a Comissão de Cultura.
Quem é a indicada -
Solanda Steckelberg Silva é a atual presidente da Fundação Clóvis
Salgado. Antes, ocupou cargos de diretoria e gerência na Fundação
Municipal de Cultura de Belo Horizonte, foi assessora da Secretaria
de Comunicação da Presidência da República e consultora e empresária
na área de cultura. Formada em Jornalismo e em Relações Públicas
pela PUC Minas, tem pós-graduações em Comunicação e Gestão
Empresarial e em Gestão do Patrimônio Cultural.
Deputado indaga sobre estratégias de valorização
dos artistas
O deputado Carlin Moura (PCdoB) questionou a
indicada sobre a política de valorização dos integrantes da
Orquestra Sinfônica, da Companhia de Dança e do Coral Lírico. Ele
lembrou audiências públicas promovidas pela ALMG para ouvir
reivindicações dos artistas, que se queixavam de baixos salários e
da falta de concurso público para repor quadros, além de apontarem a
necessidade de plano de cargos e salários compatível com as
carreiras.
O parlamentar também mencionou a polêmica
envolvendo a existência de duas orquestras: a Filarmônica (que,
segundo ele, teria sido criada por parceria público-privada) e a
Sinfônica, formada pelo quadro permanente.
Em resposta às indagações, a indicada Solanda Silva
informou que deverá concluir suas atividades neste semestre o grupo
de trabalho encarregado do diagnóstico da situação dos chamados
"corpos artísticos permanentes". O resultado será encaminhado ao
governador Antonio Anastasia. Em entrevista à imprensa, Solanda
sinalizou que, do trabalho, poderá sair uma proposta de novo plano
de cargos e salários.
Preço dos ingressos - O
deputado Carlin Moura questionou a indicada sobre os preços dos
ingressos de espetáculos no Palácio das Artes, que integra a
fundação. Ele se disse preocupado com o fato de que a grande parcela
da sociedade não tem acesso a grandes espetáculos, cujo custo de
produção é alto. Em resposta, Solanda lembrou que, mesmo nesses
eventos, há tentativas de subsídios. Mencionou ainda os eventos
gratuitos e subsidiados da programação do Palácio das Artes, bem
como os ensaios gratuitos, abertos aos mais carentes.
Sustentabilidade - O
presidente da comissão especial, deputado Fred Costa (PHS), quis
saber se a Fundação Clóvis Salgado consegue ser sustentável ou se
depende de recursos do Estado. Segundo a indicada, o financiamento
provém de várias fontes, entre elas recursos do Tesouro Estadual,
arrecadação própria e financiamentos por leis de incentivo. "Essa
matemática é um pouco complexa", respondeu. Ela enfatizou que a
sustentabilidade não se restringe à questão financeira; engloba a
construção de uma rede com parceiros privados, sociedade e
instituições de fomento à cultura, angariando-se recursos de forma
mais estratégica e ampla.
Mais sobre a fundação - A
Fundação Clóvis Salgado é um órgão público vinculado à Secretaria de
Estado de Cultura. Integram-na o Palácio das Artes, a Serraria Souza
Pinto, o Centro de Arte Contemporânea e Fotografia (em Belo
Horizonte) e o Centro Técnico de Produção (em Sabará). Nos seus
teatros, cinema e galerias, realiza apresentações e experimentação
das artes, além de ações de inclusão social em parceria com escolas,
entre outras atividades. Segundo o site da FCS, em 2008 foram
realizados 2,7 mil eventos, na Capital e no interior. Em seu
complexo artístico e cultural, a fundação reúne também o Centro de
Formação Artística (Cefar) e os Corpos Artísticos Permanentes
(Orquestra Sinfônica, Companhia de Dança e Coral Lírico). O
orçamento da fundação, em 2011, é de R$ 39,4 milhões.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Fred Costa (PHS), presidente; Rômulo
Veneroso (PV), relator; e Carlin Moura (PCdoB), além da
indicada.
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