Prefeitura de Pouso Alegre vai suspender contrato com Consladel

O secretário municipal de Transporte e Trânsito de Pouso Alegre (Sul de Minas), Marco Aurélio Silva, afirmou que a pr...

30/03/2011 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Prefeitura de Pouso Alegre vai suspender contrato com Consladel

O secretário municipal de Transporte e Trânsito de Pouso Alegre (Sul de Minas), Marco Aurélio Silva, afirmou que a prefeitura do município determinou a suspensão do contrato celebrado com a empresa Consladel, operadora dos radares na cidade, por meio de notificação enviada à empresa nesta quarta-feira (30/3/11). A declaração foi feita durante a audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, realizada na Câmara Municipal de Pouso Alegre na manhã desta quarta-feira (30).

De acordo com Marco Aurélio, a prefeitura também já suspendeu, desde junho de 2010, o pagamento de serviços executados pela Consladel, após o levantamento de informações que apontaram que a empresa não teria cumprido serviços relativos à sinalização horizontal e vertical em ruas da cidade. Ele afirmou que, de janeiro a maio de 2010, foram pagos R$1 milhão para a empresa, e não R$ 11 milhões, como alega a população. Com relação às supostas irregularidades no edital de contratação da empresa, bem como na instalação dos radares, o secretário afirmou que as questões estão sendo investigadas pelo Ministério Público. As suspeitas com relação aos contratos firmados entre a prefeitura e a empresa motivaram a instalação de uma Comissão Especial de Inquérito na Câmara Municipal de Pouso Alegre, em novembro de 2010. A comissão acabou sendo suspensa após a prefeitura apontar falhas em sua instalação.

Marco Aurélio, que afirmou não ser o secretário municipal de Trânsito na ocasião em que a Consladel foi contratada, disse acreditar na regularidade dos estudos técnicos feitos para a colocação dos radares na cidade. Questionado sobre a forma de pagamento da empresa, ele afirmou que a Consladel não recebe por produtividade. " O preço é fixo. Os 13 radares são alugados por hora", afirma.

O vereador de Pouso Alegre, Frederico Coutinho, fez uma série de denúncias de supostas irregularidades que envolveriam a contratação da empresa em Pouso Alegre. Ele explicou que, de acordo com resolução do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), a instalação de radares em semáforos deve ser feita por meio de um projeto padrão, denominado Projeto Tipo, que estabelece requisitos para que os sensores sejam adequadamente instalados. Esse projeto, de acordo com o vereador, deve ser disponibilizado para conferência de qualquer cidadão, caso seja por ele solicitado. No entanto, Frederico Coutinho apresentou na reunião o caso de um morador de Pouso Alegre que, após ser multado, teria pedido para verificar o Projeto Tipo junto à prefeitura. Segundo o vereador, a prefeitura teria, em um primeiro momento, apresentado um esboço manual do projeto e, posteriormente, um projeto assinado por uma pessoa que não seria o engenheiro responsável pelo estudo.

Ele também alegou que, previamente à instalação de radares em uma cidade, as empresas concorrentes devem visitar os locais para uma vistoria técnica. Segundo Frederico, a assinatura da pessoa enviada pela Consladel para acompanhar a visita não seria a mesma do engenheiro Celso Somenzari, responsável pelo contrato. O vereador afirmou ainda ter fotos que comprovam que os equipamentos utilizados pela Consladel são, na verdade, de outra empresa, a Arco Íris, que também teria participado do processo licitatório. O vereador terminou pedindo o apoio da Assembleia para que a Câmara tenha a autonomia de investigar os casos.

OAB acredita que há irregularidades na contratação

De acordo com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil da subseção de Pouso Alegre, Carlos Messias Muniz, a OAB teve acesso aos documentos de contratação e instalação dos radares na cidade, e, após análise técnica, elaborou uma representação junto ao Ministério Público, denunciando as irregularidades constatadas. "Esperamos que esse atos sejam anulados".

Na avaliação do advogado Ruben de Arimatéia Ribeiro, na maior parte dos casos os radares são colocados em locais indevidos, que não previnem acidentes, sendo, portanto, um meio de arrecadação de dinheiro. Para ele, a chamada "máfia dos sensores" se utiliza do clamor da sociedade pela redução dos acidentes de trânsito para justificar a instalação dos radares.

Outro aspecto abordado pelo advogado foi a questão do tempo do sinal amarelo, que, segundo ele, pode variar de 3 a 6 segundos. " É colocado o tempo mínimo, de forma que o sinal amarelo mude rapidamente para o vermelho e o sensor faça a fotografia do veículo. O sinal amarelo é uma das melhores formas de manter a indústria das multas atuante", afirma. O advogado também questionou a falta de aferição no funcionamento dos equipamentos, bem como o fato de a Consladel fornecer, instalar e manter os equipamentos, tendo, por isso, todo o controle do processo.

Na opinião do ex-secretário de Transporte e Trânsito de Pouso Alegre, Sérgio Augusto de Carvalho, a formação de cartéis e a corrupção nos processos de licitação para contratação de empresas são um grave problema em todo o País. Ele também considerou omissos os Poderes Executivos municipal e estadual, uma vez que, segundo ele, não dão suporte para que a Polícia Militar faça uma fiscalização adequada das questões do trânsito.

Para a deputada Liza Prado (PSB), alguns equipamentos ficam realmente " à espreita", sem se levar em conta o aspecto educativo e sem que sejam feitos os estudos técnicos. "Não somos contra os radares, mas não podemos permitir que levem em conta apenas o caráter arrecadatório", comenta. Já o deputado Ulysses Gomes (PT) disse acreditar que os estudos técnicos tenham sido feitos de forma a garantir a segurança no trânsito da cidade.

O deputado Délio Malheiros (PV) afirmou que a Comissão de Defesa do Consumidor pediu à Presidência da ALMG para contratar uma consultoria externa para analisar as denúncias de fraudes e corrupção na instalação de radares em todo o Estado, como forma de auxiliar as prefeituras na investigação das supostas irregularidades.

O autor do requerimento que originou a audiência pública, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), avaliou que é necessário conhecer toda a emblemática que envolve a questão, e solicitou, em requerimento aprovado, que o presidente da Câmara Municipal de Pouso Alegre envie cópia dos documentos relativos à instalação da Comissão Especial de Inquérito, entre eles dos pareceres técnicos.

Ao fim da reunião, foram aprovados ainda outros três requerimentos: da deputada Liza Prado, solicitando ao Ministério Público de Pouso Alegre informações sobre as providências adotadas acerca dos radares instalados e dos contratos firmados com a Consladel.; do deputado Dalmo Ribeiro Silva, solicitando informações da Prefeitura de Pouso Alegre sobre os contratos celebrados com a Consladel, bem como do número de multas aplicadas pelos radares; do deputado Délio Malheiros, agendando audiência pública em Coronel Fabriciano para discutir a situação dos radares na cidade.

Presenças - Délio Malheiros (PV), presidente; Liza Prado(PSB), vice-presidente; Ulysses Gomes (PT); Dalmo Ribeiro Silva (PSDB); vereador e presidente da Câmara Municipal de Pouso Alegre, Moacir Franco; e presidente da Associação do Comércio e Indústria de Pouso Alegre (Acipa), Silvio dos Reis.

 

 

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