Patrus Ananias faz palestra sobre participação popular e representação

O ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, servidor da Assembleia Legislativa de Minas...

28/03/2011 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Patrus Ananias faz palestra sobre participação popular e representação

O ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, servidor da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, abriu, nesta segunda-feira (28/3/2011), o Programa de Atualização em Poder Legislativo e Administração Pública, desenvolvido pela Escola do Legislativo e destinado aos servidores da ALMG. Na palestra O Parlamento entre a representação e a participação Patrus abordou aspectos como o trabalho dos parlamentares, os desafios da representação e a importância da participação popular.

Patrus defendeu o pagamento simbólico para vereadores de cidades muito pequenas que exigem pouca dedicação do cargo. Segundo ele, em muitas câmaras municipais as reuniões ocorrem apenas uma vez por mês, o que não justificaria os salários pagos para os vereadores. "Acho que a remuneração do parlamentar só se justifica quando o funcionamento é permanente, quando o cargo exige que se abra mão de outras funções", argumentou. Ex-deputado federal e ex-prefeito de Belo Horizonte, ele também criticou a carga horária de trabalho no Congresso Nacional, que ele acha reduzida, o que não ocorre no Executivo. "Sei que o contato com as bases é importante, mas ele pode ser feito nos finais de semana, ou seja, sábado e domingo", afirmou.

O ex-ministro se declarou um entusiasta da democracia participativa e defendeu que os legislativos, sejam estaduais, municipais ou o federal, fortaleçam mecanismos de participação direta do cidadão. Patrus propôs, por exemplo, que o orçamento participativo seja ampliado e envolva a sociedade na discussão de aplicação de recursos em áreas com verbas vinculadas, como saúde e educação.

Para consolidar a democracia participativa, Patrus Ananias considerou que dois pontos prioritários precisam melhorar: a valorização do voto e a limitação dos gastos em campanhas eleitorais. Em sua opinião, o cidadão brasileiro precisa perceber seu poder de escolha e eliminar o voto em parentes ou amigos e a venda do voto. Também, segundo ele, é necessário ordenar os gastos em campanha para evitar a relação promíscua entre o público e privado que acaba beneficiando candidatos que defendem grupos econômicos fortes. "Claro que o privado pode e deve ter representantes, mas não podem tomar o País", advertiu.

Ampliação dos espaços de debates e participação

O ex-ministro reconheceu que a juventude atual está saindo de uma inércia política de muitos anos e começando a atuar aos poucos, usando principalmente as redes virtuais. Mas ele demonstrou preocupação de que essa participação seja isolada, "por trás do computador". Nesse sentido, ele reforçou a necessidade de se criar espaços de debates e participação social, onde o contraditório surge e pode mudar o rumo das escolhas. "O mais importante é criar um ambiente de consenso e não, apenas, de escolha", justificou.

Outro desafio para ampliar a participação cidadã, segundo Patrus, é promover a inclusão social e a justiça. Lembrou que o Brasil avançou na inserção dos mais pobres, mas ainda convive com grandes diferenças sociais que precisam ser combatidas. "A prática das virtudes republicanas pressupõe o atendimento das necessidades básicas. De barriga vazia não dá para ser um bom eleitor", disse.

Redução de conselhos e criação de fundo social são outras sugestões

Patrus Ananias elogiou a política de conselhos como forma de participação popular nas decisões do Executivo, mas criticou o excesso desses organismos, que, muitas vezes, não funcionam em municípios muito pequenos. Ele sugeriu a integração dessas políticas sociais, com a criação de um fundo que substituiria as vinculações de verbas para cada área. Explicou que já existe essa integração na prática, pois uma criança não aprende satisfatoriamente se não tem uma assistência de saúde, alimentação adequada, moradia digna, condições psíquicas e uma família estruturada. Para ele, seria mais eficiente se os municípios utilizassem um fundo social e dividissem os recursos de acordo com a necessidade de cada um.

O ex-ministro citou o caso de um município em que a educação havia sido bem solucionada, mas, em função da obrigatoriedade de investimentos na área, o prefeito não podia investir mais na saúde, que era precária. "O Brasil tem diferenças regionais e locais muito grandes e municípios como Belo Horizonte ou São Paulo têm que agir como uma cidadezinha do Amazonas ou do Vale do Jequitinhonha", comparou.

A ideia de Patrus é que sejam definidas as prioridades sociais (saúde, educação, assistência social, geração de emprego, agricultura familiar, entre outras) e que seja dado ao prefeito a liberdade de escolher suas próprias prioridades.

 

 

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