Suspeito de crime em Divinópolis acusa delegado de prática de tortura

A Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais ouviu na manhã desta sexta-feira (25/3/11) ...

25/03/2011 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Suspeito de crime em Divinópolis acusa delegado de prática de tortura

A Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais ouviu na manhã desta sexta-feira (25/3/11) Willian Adriano de Castro, acusado de participar do assassinato do empresário Geraldo Lucchesi Mourão, no município de Divinópolis, em agosto de 2010. O acusado, que assumiu em depoimento à polícia o seu envolvimento no crime, afirmou que sua confissão foi feita mediante as ameaças que teria sofrido do delegado Leonardo Moreira Pio. Geraldo Lucchesi Mourão, mais conhecido como Dino Mourão, era empresário, proprietário de um motel e de um posto de gasolina na cidade de Divinópolis. Ele foi encontrado morto em um carro, na rodovia MG 050, com três tiros. O requerimento que solicitou a presença de William foi apresentado e aprovado durante a reunião.

Interrogado pelos deputados João Leite (PSDB), Sargento Rodrigues (PDT) e Durval Ângelo (PT), Willian de Castro disse que foi preso após ter a casa invadida por agentes de polícia em outubro de 2010. Ele afirmou que foi torturado durante cerca de 9 horas, a mando do delegado de polícia Leonardo Moreira Pio, que o teria pressionado a aceitar um acordo, no qual Willian confessaria ser o intermediário entre o mandante do crime e o suposto assassino de Dino Mourão. Em troca, o delegado encaminharia ao juiz um pedido para a revogação da prisão temporária de Willian.

O acusado disse ainda que Leonardo Pio teria preparado um documento com a confissão de sua participação no caso, apontando Breno Mourão, filho do empresário assassinado, como mandante do crime e Luiz Felipe Gonçalves Nascimento como o assassino. "O delegado falou que se eu não aceitasse o acordo, eu continuaria apanhando, e que se eu voltasse atrás do que tínhamos combinado, ele me enforcaria e falaria que eu suicidei", relata. Indagado sobre o que teria levado o delegado a propor o acordo, Willian disse que Leonardo Pio estaria "se sentindo pressionado pela família e pela população" a solucionar o caso.

Mariella Lucchesi Mourão, filha de Geraldo Mourão, também fez acusações aos procedimentos adotados pelo delegado na condução do caso. Ela afirmou que o irmão, que atualmente encontra-se em liberdade, ficou 47 dias presos, sem ter tido acesso ao advogado enviado pela família. Ela também afirmou que Leonardo Pio teria se negado a ouvir as testemunhas de Breno Mourão, que poderiam comprovar, segundo ela, a impossibilidade do irmão estar presente no dia e local do crime. Ela afirmou também que o irmão não tinha desavenças com o pai e nem motivação para assassiná-lo por causa de sua herança, tendo em vista que possui um patrimônio estimado em R$ 4 milhões.

Mariella relatou também que, na noite do crime, 14 câmeras, instaladas no motel de propriedade do pai, registraram a saída de veículos que poderiam ser dos assassinos. A família teria pedido que as imagens captadas constassem no inquérito policial, mas, segundo ela, apenas quatro câmeras passaram por análise da polícia, que alegou não ter conseguido abrir os arquivos gravados. "Após ter acesso ao depoimento do Willian, eu poderia ter me calado. Mas queria entender o que levou o delegado a fazer o que fez, a torturar esse cidadão e fazê-lo confessar essa história maluca", comentou.

O delegado da 7ª Delegacia de Divinópolis, Magno César da Silva, disse ter conversado com o delegado Leonardo Pio, de quem teria ouvido a afirmação de que todo o caso foi conduzido com transparência. Para Elder Gonçalo Monteiro D'Angelo, corregedor da Polícia Civil, o inquérito policial apresentado foi corroborado pela Justiça e pelo Ministério Público. Segundo o corregedor, todas as acusações de Willian serão minuciosamente apuradas, mas, para ele, refazer um inquérito na fase atual seria muito difícil.

Deputado questiona falta de ação do MP e da Defensoria Pública

O deputado Durval Ângelo disse que o inquérito policial contém diversas contradições e até mesmo possíveis erros. O deputado criticou ainda a participação do Ministério Público diante das denúncias e dos laudos que confirmavam as torturas sofridas por Willian. " O Ministério Público não questiona, não pede diligências, apenas solicita o decreto de prisão preventiva do acusado. Esperávamos que, diante das denúncias de tortura, o MP agisse e pedisse a apuração dos fatos", comentou.

O deputado também questionou a atuação da Defensoria Pública do Estado, que, no caso de Luiz Felipe Gonçalves do Nascimento, apontado como assassino de Dino Mourão, teria apenas informado que o acusado seria inocente, sem nenhuma fundamentação para a defesa.

Para o deputado Sargento Rodrigues (PDT), o caso mostra diversos pontos obscuros. Ele ressaltou o papel das comissões da ALMG de utilizarem o seu poder político na busca pela verdade dos fatos. O parlamentar disse ainda que o caso deve ser apurado, mas defendeu que os acusados tenham direito de se defender.

Ao fim da reunião os deputados aprovaram sete requerimentos relativos ao caso: à Secretaria de Defesa Social, solicitando providências para que uma equipe especializada da Delegacia de Homicídios de Belo Horizonte seja enviada a Divinópolis para apurar a morte de Dino Mourão; ao diretor do presídio Floramar em Divinópolis, pedindo que o preso Willian Adriano de Castro, possível vítima de torturas, possa receber atendimento médico especializado; à Corregedoria de Polícia Civil e ao advogado de defesa de Willian, encaminhando as notas taquigráficas da reunião; ao subsecretário de Administração Prisional, encaminhando pedido de informação e cópia da documentação referente à prisão de Willian de Castro; ao chefe de Polícia Civil, solicitando informações sobre o ingresso do delegado Leonardo Pio na corporação, indagando se sua posse teria sido deferida mediante decisão judicial liminar, uma vez que o mesmo teria sido reprovado em exame psicotécnico; à Corregedoria de Polícia Civil, solicitando providências para a apuração de irregularidade e prática de tortura no âmbito do inquérito sobre o assassinato de Dino Mourão.

Presenças - Deputados João Leite (PSDB); Sargento Rodrigues (PDT); Durval Ângelo(PT); e Fabiano Tolentino (PRTB). E ainda o delegado de Homicídios de Belo Horizonte, Wagner Pinto, e o diretor-geral de Segurança Interna do Sistema Prisional do Estado, Luiz Carlos Danunzio.

 

 

 

 

 

 

 

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