Moradores denunciam desapropriações irregulares em Contagem

Moradores das vilas Itaú e PTO, em Contagem, cobraram dos deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Leg...

23/03/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Moradores denunciam desapropriações irregulares em Contagem

Moradores das vilas Itaú e PTO, em Contagem, cobraram dos deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, providências quanto a supostas irregularidades nos processos de desapropriação e reassentamento de famílias realizadas em virtude das obras do Programa de Requalificação Urbana e Ambiental e Controle de Cheias do Córrego do Ferrugem. As denúncias foram feitas na audiência pública desta quarta-feira (23/3/11), solicitada pelo deputado Durval Ângelo (PT), que debateu o problema com representantes do Departamento de Obras Públicas do Estado (Deop) e da Câmara Municipal de Contagem.

De acordo com o presidente da Associação Comunitária da Vila Itaú, Cláudio Soares, cerca de 800 famílias estão sendo desapropriadas no bairro, mas as indenizações estariam sendo negociadas abaixo dos valores de mercado. Além disso, aponta erros de medição dos imóveis e falta de trabalho social nos reassentamentos. "Temos famílias que vivem há mais de 60 anos no local e não há nenhum tipo de acompanhamento feito por meio de assistentes sociais ou profissionais qualificados", denunciou.

O também morador, Marcelo Silva, disse que não foram entregues documentos oficiais por parte do Deop sobre as desapropriações referentes à obra, e que há atrasos nos pagamentos das indenizações. "A obra vai ser boa para o município, pois vai evitar novas enchentes. Não somos contra, desde que sejamos tratados com dignidade e respeito", ponderou.

Sobre o fato, o deputado Carlin Moura (PCdoB) alertou que o Deop precisa formalizar as desapropriações, ser mais sensível ao trabalho social e valorizar as indenizações, tendo em vista que as vilas estão localizadas no ponto mais nobre de Contagem. "É preciso tranquilizar a comunidade de forma objetiva", disse.

Deop se compromete a revisar medições dos imóveis

O gerente da obra do Arrudas e Córrego Ferrugem, que representou o Deop na reunião, Pedro Paulo Ferreira, disse que o órgão recebe cerca de 200 famílias todos os meses para tirar dúvidas quanto aos processos de desapropriação. Segundo ele, todos os moradores podem requerem revisões nas medições dos imóveis, desde que a façam formalmente. Em sua fala, Pedro Paulo afirmou que foram feitos trabalhos sociais e audiências públicas convocadas pela Prefeitura de Contagem para esclarecer os moradores. Ele explica que foram oferecidas duas formas de assentamento, por meio de remoção para apartamentos de dois e três quartos na região do bairro Água Branca, ou reassentamentos monitorados em qualquer local do Estado. "Nossa obra tem o objetivo de recolocar as famílias e resolver os problemas de inundação provocados pelas chuvas na região", salientou.

Ainda em sua participação, o gerente da obra disse que a avaliação dos imóveis é feita de forma criteriosa, mas que podem existir erros. Ele reforçou que os moradores podem pedir a revisão, mas destacou que a definição dos valores dos bens é feita com base em tabelas da Caixa Econômica Federal. Questionado pelo deputado Durval Ângelo sobre o andamento das desapropriações, Pedro Paulo alegou que, hoje, existem 1.270 famílias a serem reassentadas, e que aproximadamente 800 apartamentos de 46 e 55 m2 estão sendo construídos. "A colocação das famílias será feita com base no cadastro socioeconômico realizado pelo Deop e na negociação direta com estes moradores", prometeu.

Aluguel - O vereador de Contagem, Arnaldo Luiz de Oliveira, considera que os apartamentos são uma boa opção para as famílias que vivem em imóveis pequenos, mas alertou para o fato de haver proprietários de casas de até 250 m2, que ficariam prejudicados. Para o parlamentar municipal, é preciso que haja flexibilização e que os casos sejam avaliados individualmente. "Mais que isso, os valores para o pagamentos de aluguel que o Deop propõe são abaixo do que se pede no mercado. É injusto que as pessoas sejam retiradas de suas casas e ainda paguem mais caro pela moradia", alertou.

Ao final da audiência, o deputado Durval Ângelo disse que a comissão pretende lutar para que os moradores sejam tratados com dignidade neste processo, e para que sejam feitas revisões nas medições dos imóveis, assim como no cumprimento do prazo de pagamento das indenizações. Para o parlamentar, o problema não está nas desapropriações, uma vez que a comunidade é a favor da obra, mas nas irregularidades do acerto das indenizações. "Vamos solicitar a documentação na prefeitura, informações do Ministério das Cidades quanto aos critérios para indenização definidos no PAC e cobraremos um contato do Deop sobre o andamento e a agilidade das indenizações. Se preciso, iremos fazer uma nova audiência pública para avaliar a situação", finalizou.

Requerimentos solicitam audiências públicas e visitas da comissão

Ainda na reunião, foram aprovados 11 requerimentos, sendo a maior parte para a realização de audiências públicas no interior e na Capital. O deputado Durval Ângelo quer a realização de reunião no dia 4 de abril, para debater a situação das famílias Abreu e Ilário, que foram desapropriadas na época da construção da Cidade Industrial; pediu audiência para tratar das denúncias de violência policial feitas por Eduardo Antônio da Silva; reunião para debater as violações de direitos humanos sofridas por policiais, bombeiros e agentes penitenciários, assim como o crescimento no número de assassinatos cometidos contra servidores de defesa social no Estado; encontro para discutir violações contra membros da comunidade quilombola Povoado Pimentel, em Pedro Leopoldo; audiência, em Itamarandiba, para tratar de denúncias de violação de direitos humanos contra moradores do Parque Estadual de Serra Negra, naquele município; reunião para discutir o aumento nos número de assassinatos registrados em Ouro Preto, entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011, quando cinco jovens foram mortos; e visita, no dia 30 de março, aos acampamentos Camilo Torres e Irmã Dorothy, em Belo Horizonte.

Outros pedidos - O deputado Rogério Correia (PT) solicitou uma audiência pública, em Ribeirão das Neves, para debater a construção de um complexo prisional, assim como as violações de direitos humanos na região; o deputado Fred Costa (PHS) quer reunião conjunta com a Comissão de Participação Popular para tratar do Projeto Memorial de Anistia Política do Brasil; o deputado Tenente Lúcio (PDT) pediu uma visita da comissão à 16ª Delegacia Regional de Uberlândia, para tratar de violações de direitos humanos naquele local; e o deputado Paulo Lamac (PT) quer uma audiência, no dia 30 de março, para promover o lançamento do cartão telefônico da empresa Oi, que terá imagens de campanha contra a pornografia infantil e pedofilia no Estado.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Paulo Lamac (PT), vice; Carlin Moura (PCdoB); Duarte Bechir (PMN); e Adelmo Carneiro Leão (PT).

 

 

 

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