Medo de contaminação por arsênio preocupa população de Paracatu

Vila do ouro no século 18, Paracatu (Noroeste de Minas) vive um novo ciclo de exploração do metal precioso. A canaden...

17/03/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Medo de contaminação por arsênio preocupa população de Paracatu

Vila do ouro no século 18, Paracatu (Noroeste de Minas) vive um novo ciclo de exploração do metal precioso. A canadense Kinross extraiu no ano passado 17 toneladas de ouro de uma mina localizada nos arredores da cidade, o que proporcionou uma arrecadação de R$ 6,5 milhões em royalties para o município. Mas os impactos ambientais da atividade mineradora vêm gerando apreensão na população local, que manifestou suas preocupações na audiência pública promovida na cidade pela Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quinta-feira (17/3/11).

No centro da polêmica, está o medo de contaminação por arsênio, metal pesado associado ao ouro na mina explorada pela Kinross. O presidente do Instituto Serrano Neves, Serrano Neves, sustenta que a população corre o risco de ser envenenada por arsênio, um subproduto da produção de ouro. Segundo o ex-promotor e estudioso sobre o assunto, a população está exposta a um poluente cujos efeitos sobre a saúde humana ainda não foram completamente estudados. "A hipótese de envenenamento crônico por arsênio em Paracatu é autêntica, estejam os índices de contaminação do ar acima ou abaixo do permitido em lei", afirmou.

A professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Brasília (UnB), Rosângela Azevedo Correia, corrobora essa tese. Na opinião dela, os estudos já feitos pela Kinross sobre a segurança da barragem de rejeitos da mina são insuficientes. Ela defende a realização de um estudo epidemiológico com avaliação geoquímica do arsênio, com a participação de geneticistas, geólogos, físicos e estatísticos. "Precisamos realizar dezenas de milhares de exames clínicos e laboratoriais na população de Paracatu", defendeu.

Mineradora nega possibilidade de contaminação

Apesar desses temores, a Kinross nega qualquer possibilidade de contaminação da população local por arsênio. A empresa alega que já foram feitos estudos por consultorias nacionais e internacionais desde o início de suas atividades em Paracatu. "Todos temos responsabilidade técnica. Pautamos nosso trabalho respeitando a cidade", assegurou a gerente de licenciamento da Kinross, Adriana Esper.

Os representantes da mineradora acrescentaram que o Ministério Público (MP) não identificou nenhum indício de contaminação ambiental em Paracatu, após cinco anos de investigações e pesquisas. Por meio de um termo de compromisso firmado recentemente, a Kinross vai custear a realização de um estudo independente sobre os riscos do arsênio, sob a coordenação do MP.

Segundo o promotor do meio ambiente de Paracatu, Daniel Santos Rodrigues, o inquérito civil aberto há cinco anos para regularizar a situação ambiental da mina de ouro teve como resultado um termo de compromisso, firmado recentemente. Por meio desse acordo, a Kinross se compromete a destinar recursos para projetos socioambientais e a tomar medidas para o controle da qualidade do ar e da água. A empresa também terá que desenvolver programas de recuperação de áreas degradadas e um plano de segurança para a barragem de rejeitos da mineração.

Impactos da mineração causam transtornos

Além do temor quanto ao perigo de contaminação pelo arsênio, a população de Paracatu também manifestou preocupação quanto aos demais impactos provocado pela mineração na periferia da cidade. Há reclamações de casas danificadas pelo impacto de explosões realizadas na mina, poluição do ar e barulho de máquinas durante a noite.

O deputado Almir Paraca (PT), que solicitou a realização da audiência pública, alertou para a necessidade de planejamento para evitar a decadência da cidade após o encerramento das atividades da mina de ouro, previsto para 2040. Ele lembrou que o fim do ciclo do ouro no século 19 levou a cidade a um período de estagnação econômica, só superado com o início das obras de construção de Brasília em meados dos anos 1950. "Não podemos deixar isso acontecer de novo", defendeu.

O deputado Pompílio Canavez (PT) fez coro às palavras do colega e citou o exemplo de São João del-Rei, que segundo ele, ainda se ressente da decadência econômica gerada após o fim do seu ciclo do ouro.

Presenças - Deputados Almir Paraca (PT) e Pompílio Canavez (PT). Também participaram da reunião o presidente da Câmara Municipal, João de Jesus Macedo; a secretária municipal de Meio Ambiente, Cláudia Cortes; o superintendente regional de Meio Ambiente, José Eduardo Vargas; o presidente da Central das Associações Comunitárias, Mauro Mundim; e o promotor Durval Campos Chaves.

 

 

 

 

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