Livro sobre os pobres do século XXI é lançado na
ALMG
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais promoveu nesta terça-feira (15/3/2011)
uma reflexão multidisciplinar sobre a pobreza, durante lançamento do
livro Opção pelos Pobres no Século XXI. Organizado pelo
professor de sociologia Pedro de Assis Ribeiro de Oliveira, da PUC
Minas, e lançado pela Paulinas, o livro traz uma compilação de
artigos de especialistas que abordam diferentes aspectos da pobreza,
em três eixos: ver, julgar e agir. Vários autores participaram do
lançamento.
O presidente da comissão e autor dor requerimento
para a reunião, deputado Durval Ângelo (PT), lembrou que a comissão
tem por hábito promover o lançamento de obras que tratem da temática
dos direitos humanos. "É uma forma de contribuir com a reflexão e a
conscientização sobre os direitos humanos", reforçou.
Durval assina um dos artigos e salientou que o
livro é fruto de seminários realizados no Centro Nacional de Fé e
Política Dom Hélder Câmara (Cefep). Uma das linhas de atuação do
Cefep, segundo ele, é justamente a articulação das escolas de fé e
política para a produção de materiais que motivem a intervenção dos
cristãos na conjuntura política.
Para o organizador da obra, Pedro de Assis Ribeiro
de Oliveira, o grande desafio da sociedade é pensar o pobre como
sujeito de direitos. "A sociedade nega a existência do pobre por se
sentir incomodada", pondera. Outro desafio é lidar com a pobreza
subjetiva, uma vez que tanto ricos como pobres se consideram de
classe média. "Isso dificulta a organização dos pobres", salienta.
Pedro fez uma sinopse do livro, que começa com o "ver" a pobreza,
sob as perspectivas sociológica, econômica, da doutrina social da
igreja e ainda o pobre em termos globais (o sul rico e o norte
pobre).
Na segunda parte, o "julgar" tem quatro trabalhos
que abordam o pobre na Bíblia, o pobre como expressão da
misericórdia de Deus, Cristo e os pobres, e o pobre como critério da
profecia. "Desconfie do profeta que não coloca o pobre em primeiro
lugar", enfatiza Pedro de Assis.
Por fim, o "agir" propõe uma política de
restauração da igualdade, e não apenas de combate à miséria, e trata
da criminalização da pobreza. O último texto, de autoria de Durval
Ângelo, indica que, para superar a opressão, é preciso ouvir o grito
do pobre, seu sonho de felicidade e contribuir para que os pobres se
organizem e se ajudem.
Durval relacionou sua análise aos recentes
acontecimentos no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, onde dois
moradores foram mortos durante uma ação da Polícia Militar. Segundo
ele, várias denúncias contra a Rotam (unidade da PM) foram
arquivadas, mas essa, a partir do grito dos pobres, foi apurada "Os
inquéritos estão para ser concluídos e vão apontar para duplo
homicídio", afirmou. Para ele, a organização dos pobres é a chave
para a transformação social.
Presenças - Deputado Durval Ângelo (PT),
presidente, e deputada Liza Prado (PSB). Além de Pedro de Assis,
participaram da mesa Padre Manoel Godoy, diretor do Instituto São
Tomás de Aquino, Paulo Fernando Carneiro de Andrade e Maurício
Abdalla, também autores de artigos do livro, além de vereadores e
secretários de Contagem e Belo Horizonte. A ministra-chefe da
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do
Rosário Nunes, enviou correspondência justificando ausência.
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