Sistema prisional e direitos humanos são destaques em Fórum

Melhorias nas condições do sistema prisional, cumprimento da legislação que trata dos menores infratores e resolução ...

24/02/2011 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Sistema prisional e direitos humanos são destaques em Fórum

Melhorias nas condições do sistema prisional, cumprimento da legislação que trata dos menores infratores e resolução do problema da falta de moradia urbana. Esses foram alguns pontos debatidos por especialistas que participaram, na manhã desta quinta-feira (24/2/11), do painel Direitos Humanos do Fórum Democrático para o Desenvolvimento de Minas Gerais, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O evento colheu sugestões sobre o tema, com o objetivo de subsidiar a elaboração de políticas de direitos humanos no Estado. Iniciado em 15/2, o Fórum será concluído na parte da tarde desta quinta (24) e sua meta é responder a seguinte pergunta: O que deverá estar na agenda da Assembleia de Minas para promover o desenvolvimento do Estado?

O deputado Durval Ângelo (PT), que coordenou os debates na manhã desta quinta, afirmou que os direitos humanos possuem uma longa história de aprimoramento e construção social e que são inúmeras as questões que hoje lhes dizem respeito, como exploração de crianças e adolescentes, abandono dos idosos, violência contra as mulheres, entre outros. Ele lembrou que a defesa dos direitos humanos está presente na Constituição Federal e que a ALMG está comprometida com essa questão, pois desde 1997 já existe a comissão permanente sobre o tema, com extensa pauta de trabalho.

Na sua fala, Durval Ângelo também falou sobre o assassinato de duas pessoas no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, que teria sido praticado por policias militares. Para ele, o acontecimento provou a existência de duas polícias diferentes hoje em Minas Gerais, "uma humana e outra não". Segundo o parlamentar, existem dois jeitos diferentes de ser policial, e é necessário que a população do Estado escolha democraticamente qual polícia ela quer atuando. Por fim, Durval Ângelo questionou a forma de organização do fórum democrático que, na opinião dele, não teria contado com a participação adequada da sociedade civil organizada.

Combate à homofobia e melhoria nas condições do sistema prisional são defendidas

O presidente do Conselho Estadual de Defesa Direitos Humanos (Conedh), Elmício José Lacerda Vilaça, destacou como temas que devem ser tratados pela ALMG nos próximos anos o combate à homofobia, a melhoria em vários aspectos das condições do sistema prisional e a solução dos conflitos de moradia urbana e rural, entre outros. Ele defendeu que os parlamentares elaborem e modifiquem a legislação atual para contribuir para a solução desses problemas e para o respeito aos direitos humanos em Minas Gerais.

Segundo Elmício Vilaça, existe hoje uma onda crescente de homofobia no Estado, sendo necessário legislar para combater essa prática. Ele afirmou que, por falta de uma legislação específica, muitas vezes as denúncias de homofobia são classificadas como lesão corporal, por exemplo. Para o presidente do conselho, é importante que o poder público aja para controlar essa situação.

Elmício Vilaça também destacou vários problemas do sistema prisional que precisam ser resolvidos. Entre eles, falou sobre a necessidade de garantir recursos no Orçamento para que sejam instalados aparelhos de revista, como raio-x ou scanner, em todas as unidades prisionais. "Temos que acabar com a revista vexatória que muitas vezes é praticada e acaba por estender as consequências da condenação para os parentes que vão visitar os presos", considerou.

Conedh - Em relação ao sistema prisional, Elmício Vilaça também defendeu a realização de concursos para agentes penitenciários, a melhoria salarial dos profissionais de saúde que prestam serviço nas penitenciárias, a instituição de um cadastro único de visitantes e o cumprimento da legislação sobre o jovem infrator. Ele também falou sobre a importância de fortalecimento do Conedh. "Nós precisamos de independência econômica. Nossa atuação não pode estar limitada pelo orçamento de outros órgãos", finalizou.

Especialista fala sobre relação entre direitos humanos e desenvolvimento econômico

A relação entre direitos humanos e desenvolvimento econômico foi o tema da exposição feita pela representante da Coordenação do Fórum Mineiro de Direitos Humanos e do Comitê Mineiro de Educação em Direitos Humanos, Egídia Maria de Almeida Aiexe. Ela explicou que o desenvolvimento econômico não pode ser pensado em separado do desenvolvimento social e que não existe desenvolvimento sem a garantia dos direitos humanos.

Para a especialista, um dos grandes problemas hoje é que as classes política e empresarial veem o desenvolvimento econômico separado do desenvolvimento social. "Quando são divulgados os números da economia acelerada, da construção civil em alta, não é levada em consideração a situação das pessoas, dos trabalhadores que erguem os prédios, por exemplo", afirmou. Segundo ela, é preciso pensar para quem estão sendo desenvolvidas as políticas de desenvolvimento do Brasil e de Minas Gerais.

Egídia Aiexe defendeu o fim desse descompasso entre a economia e os direitos humanos e sociais, entre a classe política e os movimentos sociais, e cobrou que os parlamentares acompanhem e se voltem para resolver essa situação e para escutar as necessidades da população. Ela destacou que hoje a garantia dos direitos humanos está presente na Constituição Federal, nos tratados internacionais, nos textos jurídicos, mas na prática não é isso que acontece na nossa sociedade. "Na prática, nós temos o racismo, o machismo, a homofobia e o elitismo. Os movimentos sociais lutam pela liberdade, igualdade e dignidade, mas as nossas políticas públicas ignoram esses pressupostos", afirmou.

Reivindicações - Egídia Aiexe ainda destacou algumas das reivindicações dos movimentos sociais na área de direitos humanos. Ela falou sobre a necessidade de cumprimento da legislação sobre o menor infrator. Segundo ela, há um tempo existiam 200 jovens cumprindo pena em prisões de adultos em Minas Gerais. "É muito importante que os parlamentares acompanhem essa questão", considerou.

A especialista também criticou a construção de uma nova unidade prisional em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). De acordo com ela, a construção está sendo imposta pelo Estado em detrimento da vontade do município e da população. "Não é possível impor mais esse prejuízo à qualidade de vida da comunidade de Ribeirão das Neves", disse. Por fim, ela também defendeu uma maior atenção à questão das moradias urbanas.

Desembargador sugere medidas na área de segurança pública

As propostas trazidas pelo desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) Herbert Carneiro se referem à melhoria do sistema prisional do Estado. Ele sugeriu, por exemplo, a criação, por lei, de um quadro de agentes penitenciários estaduais. Ele considera inadmissível a existência, atualmente, de 13 mil agentes não concursados, sem direito a carreira e a investimentos públicos em aperfeiçoamento profissional. Carneiro também pediu a criação de uma lei obrigando a adoção do Método Apac (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) em todas as comarcas do Estado, com garantia de financiamento público para a construção e a manutenção continuada dos estabelecimentos.

Em relação à estrutura do Poder Judiciário, o desembargador pediu a melhoria estrutural da Defensoria Pública do Estado, com a realização de concursos públicos para a contratação de defensores; a criação de varas especializadas de execução das penas, como acontece em Estados do Nordeste; e a adoção de processos eletrônicos no sistema judiciário de Minas. Ele sugeriu ainda que o Estado invista em alternativas penais, como a Justiça Restaurativa, na qual tanto a vítima quanto o infrator participam da construção de soluções para restaurar os traumas e perdas causados pelo crime.

Suas sugestões se baseiam na argumentação de que o modelo prisional atual está esgotado. "A maior parte dos 500 mil presos no Brasil está em estabelecimentos superlotados, sem qualquer condição de lhes garantir dignidade e possibilidade de recuperação", destacou, completando que, com poucas exceções, os presídios não passam de "depósitos de presos sem qualquer perspectiva de ressocialização".

 

 

 

 

 

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