Assembleia deve estar atenta ao cenário mundial, diz
especialista
As transformações mundiais, sejam elas causadas por
crises econômicas ou alterações geográficas, devem ser acompanhadas
com atenção pelos gestores públicos. O alerta é do professor Clélio
Campolina, reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e
um dos expositores do Fórum Democrático para o Desenvolvimento de
Minas Gerais, evento que a Assembleia Legislativa de Minas
Gerais realiza entre os dias 15 e 24 de fevereiro. Ele participará
do painel sobre Governança Regional e Urbana, na terça-feira
(22/2/11), às 14 horas.
"É preciso estar atento às repercussões dessas
mudanças mundiais no Brasil e em Minas, um Estado exportador de
commodities, e também à linha de ação que devemos ter para
nos preparar para o futuro", reforça o professor, especialista em
economia regional e desenvolvimento econômico. Campolina destaca
ainda o papel do Legislativo nesse cenário, como espaço da
legalidade, da aprovação de normas. "O Parlamento deve diagnosticar
as mudanças na sociedade para balizar sua atuação, suas decisões,
com predomínio do interesse social", defende.
Ao abordar os grandes temas que devem estar na
agenda da ALMG nos próximos anos, Campolina cita desafios do Estado,
como a própria inserção em uma federação com características
colaborativas e competitivas. "Temos canais parlamentares no
Congresso. A Assembleia pode influenciar em benefício de Minas
Gerais, sem confrontar com outros estados, sem entrar em guerra
fiscal", sugere. É preciso também, de acordo com o reitor, avançar
na institucionalização do Estado para continuar progredindo e
mantendo serviços sociais indispensáveis.
Os grandes temas contemporâneos passam ainda,
segundo Campolina, por questões estruturais, demográficas e urbanas.
"O Brasil e Minas se urbanizaram muito rápido. Na Região
Metropolitana de Belo Horizonte, temos 5 milhões de habitantes, e a
governança urbana passa a ser um tema importante, porque vários
elementos são comuns a mais de um município e não podem ser tratados
de forma isolada", argumenta, citando o saneamento, o transporte e a
habitação. Daí a urgência em se institucionalizar a gestão das
metrópoles.
Mas o maior desafio para os gestores, na opinião do
reitor, continua sendo a educação nos níveis fundamental e médio,
mesmo estando praticamente universalizada. Ele argumenta que a
escola deve ser de tempo integral, para que o aluno aprenda, tenha o
convívio social e ainda libere a família para o trabalho. "É preciso
enfrentar essa questão com coragem, pois ela toca em um ponto grave
que é o salário dos professores e a valorização profissional",
aponta. Campolina cita a baixa procura por cursos de formação para
ensino na UFMG como um sintoma da falta de reconhecimento público ao
educador.
Professor Titular do Departamento de Economia da
Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG e ex-diretor-presidente do
Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTEC), Campolina cita, ainda,
um desafio contemporâneo imposto ao mundo, no qual o Parlamento
também pode atuar. "É preciso usar a ciência e a tecnologia como
base para a inovação produtiva e social". Além de Clélio Campolina,
participam do painel sobre Governança Regional e Urbana o presidente
do Instituto de Mobilidade Sustentável (Rua Viva), João Luiz da
Silva Dias, e a professora adjunta da Faculdade de Arquitetura da
UFMG, Jupira Gomes de Mendonça.
Os interessados em participar dos debates do Forum
Democrático podem se inscrever por meio do portal da Assembleia
(www.almg.gov.br) ou pessoalmente, no Centro de Atendimento do
Cidadão (Rua Rodrigues Caldas, 30), até o início da atividade de
interesse do participante. Quem não puder participar do evento,
ainda pode dar sua contribuição por meio das consultas eletrônicas,
também disponíveis no site até 28/2/11.
|