Comissão cobra realização de concurso para professores

Servidores da educação e representantes de instituições ligadas ao ensino ficaram sem respostas para o não cumpriment...

16/12/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comissão cobra realização de concurso para professores

Servidores da educação e representantes de instituições ligadas ao ensino ficaram sem respostas para o não cumprimento de acordo firmado pelo Executivo com os professores estaduais, por ocasião da greve da categoria em maio deste ano. Eles participaram, nesta quinta-feira (16/12/10), de audiência da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, mas permanecem sem saber quando o governo fará o concurso para professores, cujo edital deveria ser publicado, segundo o acordo, até o final de julho passado. A comissão e seus convidados recorreram ao líder do governo, deputado Mauri Torres (PSDB), que prometeu um contato com a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) ainda nesta quinta.

A audiência foi solicitada pelos deputados Padre João (PT) e Carlin Moura (PCdoB) também para discutir e dar encaminhamento à realização de concurso público para preenchimento de vagas de professores nas áreas de filosofia, sociologia e ensino religioso. Embora haja a exigência legal de que essas disciplinas sejam aplicadas a alunos do ensino médio, o governo teria sinalizado que não abriria vagas em concursos para profissionais habilitados. "Há professores com outra formação dando aula de filosofia e sociologia nas escolas", denunciou Beatriz Silva Cerqueira, presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG).

Ela relatou que a cláusula 4ª do acordo firmado entre professores e o Governo, com o aval da Assembleia, previa para julho a publicação do edital do concurso. O acordo foi assinado em 25 de maio, encerrando greve de 47 dias. "Em 24 de agosto nos reunimos com a Seplag, e o edital foi adiado para 20 de setembro. Soubemos que não haveria concurso para professores de filosofia, sociologia e ensino religioso", reiterou. Desde então, segundo a sindicalista, não houve mais negociações com a Seplag e nem com a Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG). O Sind-UTE afirmou que outras cláusulas não foram cumpridas, como a que previa anistia total dos dias de greve.

A representante da Seplag, Lumena Chaves, da Diretoria Central de Provisão, explicou os passos para a realização de concurso e informou que o levantamento de vagas feito inicialmente pela SEE precisou ser revisto, em função de remoção de profissionais em junho. Já a subsecretária de Gestão de Pessoal da Secretaria, Maria de Lourdes Carvalho, informou que a identificação de vagas - essencial ao processo do concurso - deverá ser novamente refeita após as remoções e mudanças de lotação previstas para janeiro, no início do ano letivo. Apesar da pressão de parlamentares e convidados, nenhuma das representantes soube dar uma previsão para o edital dos concursos.

Convidados ressaltam importância das ciências humanas

A importância da filosofia, sociologia e ensino religioso na formação humana foi citada por todos os participantes da audiência. A irmã Márcia Maria Lobo Leite, presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic-MG) lembrou que as disciplinas vão formar a ética, o caráter e os valores dos alunos. "A relação com o transcendente é da natureza humana e isso qualifica as relações pessoais. Mas a formação de consciência crítica, de agentes de transformação social não interessa ao Estado", lamentou. O presidente do Conselho de Ensino Religioso (Coner-MG), Arnaldo Hoffmann Filho, disse que há professores de educação física ensinando ensino religioso e que o governo disse não ter verba para manter a qualificação de professores feita pelo Coner.

Dado semelhante foi apresentado pelo presidente do Sindicato dos Sociólogos (Sinds-MG), Darci Alves da Silva. "Há pessoas de outras áreas dando aula de sociologia, e o profissional habilitado está alijado do processo", disse. O Sinds, segundo Darci, entrou com representação na Procuradoria Geral de Justiça, depois de ficar sem resposta a ofícios enviados à SEE. "O ensino da sociologia foi abolido das escolas na ditadura. E o Estado está dizendo que não quer cidadãos que reivindicam", protestou.

O deputado Padre João classificou como "absurdo" o encerramento do ano sem a definição da data do concurso e da inclusão das disciplinas de filosofia, sociologia e ensino religioso. "É um desrespeito à Assembleia. Esse governo não pode dizer que tem eficiência no planejamento e na gestão", criticou. Também Carlin Moura defendeu que o acordo firmado tem que ser cumprido e parabenizou o deputado Padre João por sua atuação na negociação entre professores e Governo. Padre João, eleito deputado federal, disse que se despede da ALMG feliz por estar lutando por "uma grande causa". "Vamos perder um grande guerreiro, que teve um mandato a serviço dos movimentos populares", completou Beatriz Cerqueira.

Requerimento - A comissão aprovou requerimento da deputada Gláucia Brandão (PPS) solicitando envio de manifestação de pesar à família do Kássio Vinicius Castro Gomes, de 39 anos, morto por um aluno dentro da Faculdade Izabela Hendrix, em Belo Horizonte, no último dia 7. A parlamentar disse que foi professora de Kássio, e que o tema da violência na escola deve ser encampado pela comissão. O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) reforçou a opinião de Gláucia Brandão e disse que a comissão precisa discutir profundamente o tema na próxima legislatura.

Presenças - Deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Carlin Moura (PCdoB), Padre João (PT) e deputada Gláucia Brandão (PPS).

 

 

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