Homens comprometem-se a combater violência contra a
mulher
Sessenta e cinco personalidades masculinas se
engajaram na campanha "Laço Branco: homens de Minas pelo fim da
violência contra as mulheres", lançada, na noite desta segunda-feira
(6/12/10), em Reunião Especial de Plenário da Assembleia Legislativa
de Minas Gerais. Representantes de diversos setores da sociedade,
eles receberam um laço branco, símbolo da campanha, e um diploma de
cidadão-comprometido no combate à violência contra a mulher. A
reunião foi requerida pela deputada Gláucia Brandão (PPS).
Promovida pela Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Social (Sedese) e pelo Conselho Estadual da Mulher
(CEM), a campanha integra um movimento mundial, surgido após o
massacre de 14 mulheres, em 1989, numa sala de aula da Escola
Politécnica, em Montreal (Canadá). Elas foram assassinadas por Marc
Lepine, de 25 anos, que se suicidou após atirar nas alunas. Ele
deixou uma carta justificando que cometeu o crime por não suportar
mulheres estudando engenharia, um curso tradicionalmente
masculino.
A tragédia mobilizou a opinião pública, e um grupo
de homens canadenses resolveu lançar uma campanha para mostrar que
repudiavam a discriminação e a violência contra a mulher. Desde
então, o movimento espalhou-se pelo mundo. No Brasil, chegou em 1999
e, desde 2007, com a aprovação da Lei 11.489, a data de 6 de
dezembro foi instituída como Dia Nacional de Mobilização dos Homens
pelo Fim da Violência contra as Mulheres.
Deputada diz que há "batalhas a vencer"
Na Reunião Especial de Plenário desta
segunda-feira, a deputada Gláucia Brandão e a presidente do Conselho
Estadual da Mulher, Carmen Rocha Dias, destacaram as conquistas
femininas das últimas décadas, mas apontaram que ainda há muito a
avançar nesse aspecto. "Restam muitas batalhas a vencer. Com
certeza, uma das mais urgentes é a luta contra a violência
doméstica", afirmou a deputada. "Apesar dos avanços, resiste o
modelo de homem provedor. As desigualdades baseiam-se no poder
exercido pelos homens e na subordinação das mulheres em todos os
níveis", disse a presidente do CEM.
O 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa,
deputado Doutor Viana (DEM), que representou o presidente Alberto
Pinto Coelho (PP), declarou que o compromisso desses 65 homens
representa "intenso valor ético e relevante interesse social". "Não
se pode tolerar uma perversa noção de amor que resulta na posse e
anulação do outro", completou Doutor Viana, ele próprio agraciado
com o laço branco e o diploma, assim como o deputado Almir Paraca
(PT) e o vereador de Belo Horizonte e deputado estadual eleito
Anselmo José Domingos (PTC).
Também fizeram discursos a deputada federal Jô
Moraes (PCdoB), que disse que "a violência é a ruptura da felicidade
no âmbito da família", e o chefe do Departamento de Investigação,
Orientação e Proteção à Família da Polícia Civil, Wellington Peres
Barbosa, que convocou todos os homens presentes a se indignar com os
atos de violência contra a mulher.
Também integraram a mesa da solenidade a
subsecretária de Direitos Humanos do Estado, Maria Céres Spínola
Castro, e a coordenadora estadual de Políticas Públicas para
Mulheres, Eliana Piola. A reunião teve ainda a apresentação do poeta
Tom Nascimento e a exibição de um vídeo sobre a história e o
trabalho do Conselho Estadual da Mulher.
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