Médico diz que bactérias resistentes são problema de saúde pública

O médico e presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Ernesto Ferreira Starling, alertou os deputados da...

01/12/2010 - 00:03
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Médico diz que bactérias resistentes são problema de saúde pública

O médico e presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Ernesto Ferreira Starling, alertou os deputados da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas, para o fato das bactérias super-resistentes representarem um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. As declarações foram dadas durante a audiência pública, realizada nesta quarta-feira (1º/12/10), que discutiu medidas preventivas de combate à proliferação destes microorganismos.

Em sua fala, Starling lembrou que o problema não é recente e acomete pacientes de hospitais de longa permanência, internados em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI's). Ele alertou que, devido ao alto custo de desenvolvimento de antibióticos, a indústria farmacêutica reduziu em, pelo menos, 90% os investimentos em pesquisa de novas drogas que combatam as chamadas bactérias super-resistentes. "Temos um problema para, no mínimo, mais dez anos, uma vez que o tempo de descoberta e utilização de medicamentos desta natureza pode ser de até 12 anos", diz. Questionado pelo deputado Carlos Mosconi (PSDB), autor do requerimento que solicitou a reunião, sobre a importância do poder público no desenvolvimento de medicamentos, Carlos Starling, disse que é fundamental que o Estado atue no combate ao problema. "O investimento é, em média, de US$ 1 bilhão para cada medicamento, por isso as indústrias consideram inviável. O poder público deve, então, assumir este gasto, uma vez que é uma questão de saúde pública", reforça.

Prevenção - Ainda em sua apresentação, o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia disse que a situação está controlada em Minas Gerais, mas que o potencial de mortalidade das bactérias, em caso de infecção, é alto. Ele lembrou que é preciso haver mecanismos de limpeza e desinfecção hospitalar eficazes, já que estes microorganismos podem sobreviver até cinco meses no ambiente das UTI's. "A educação médica também é muito importante. Cada profissional deve ter a consciência da importância de uma correta higienização no trato com o paciente. E isso deve ser ensinado nas escolas", pondera. Ao final, Starling disse que é preciso haver, também, uma melhora no sistema de comunicação entre hospitais e o Estado; e a burocracia deve ser revista no País. "Enquanto a avaliação financeira prevalecer sobre a avaliação científica, a burocracia continuará matando milhares de pessoas todos os anos", concluiu.

Vigilância Sanitária cobra seriedade dos hospitais

A gerente de Vigilância Sanitária em Serviços de Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde, Adriana Cacciari Zapaterra César, destacou que não foi identificado nenhum surto de infecção por bactéricas super-resistentes em Minas Gerais, mas lembrou que a estrutura dos hospitais não é a ideal para a prevenção e controle das doenças causadas pelos microorganismos. Segundo ela, a postura dos profissionais e, principalmente das administrações hospitalares é fundamental na prevenção. "Deveríamos ser procurados antes da construções dos estabelecimentos de saúde, mas a realidade mostra hospitais mal planejados e inadequados", afirmou. Questionada pelos deputado Carlos Mosconi sobre o porquê a Vigilância Sanitária não interditar os locais, ela explicou que a urgência no atendimento aos pacientes faz com que o bom senso prevaleça. "A não ser em casos em que o risco de infecção é muito alto, temos que beneficiar o paciente de emergência e manter os leitos e as UTI's em funcionamento. De qualquer forma, exigimos sempre as adaptações", finalizou.

Surtos em BH - Ao contrário do que foi afirmado pela representante da Secretaria de Estado de Saúde, a gerente de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Mara Corradi, disse que foram registrados dois surtos de infecção por bactérias super-resistentes na Capital. De acordo com ela, apesar de controlados, os surtos ocorreram no final de 2009 e em meados deste ano. "Consideramos que mais de um caso já é surto. Por isso, contamos com a colaboração dos profissionais para que as ocorrências sejam registradas e monitoradas", salientou. Ainda em sua fala, ela destacou que as principais ações de prevenção são a adequação da estrutura, o número ideal de profissionais para o atendimento, o correto isolamento de pacientes contaminados, a capacitação dos profissionais de saúde e o respaldo da administração dos hospitais no combate ao problema.

A gerente de Epidemiologia do mesmo órgão, Lúcia Miana Mattos, lembrou que a Prefeitura de Belo Horizonte já conta com um link em seu portal na internet, em que os profissionais de saúde e os cidadãos podem registrar as ocorrências observadas nos hospitais da cidade. "É muito importante para a secretaria que os casos sejam notificados. Só assim poderemos agir na prevenção e monitoramento das bactérias super-resistentes na Capital", disse.

Requerimentos - Durante a reunião foram aprovados dois requerimentos, sendo um do deputado Délio Malheiros (PV), que solicita a realização de audiência pública para debater a suspensão do atendimento do Hospital São Bento, em razão de irregularidades no serviço de limpeza e higiene, que teria inutilizado 54 leitos e cinco UTI's. O outro, de autoria do deputado Carlos Mosconi, versa sobre o mesmo tema, e solicita uma visita da comissão ao secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Marcelo Gouveia Teixeira, para conhecer a situação daquele hospital.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Délio Malheiros (PV); Ademir Lucas (PSDB); Adelmo Carneiro (PT); e Weliton Prado(PT).

 

 

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