Plenário aprova projetos sobre créditos do Estado e oposição protesta

Em Reunião Extraordinária na noite desta terça-feira (9/11/10), o Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais ...

09/11/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Plenário aprova projetos sobre créditos do Estado e oposição protesta

Em Reunião Extraordinária na noite desta terça-feira (9/11/10), o Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou dois projetos do governador que tratam de créditos do Estado e que estavam trancando a pauta. Ambos tramitam em regime de urgência e, como já havia se esgotado o prazo para serem apreciados pelo Plenário, estavam na chamada "faixa constitucional"; ou seja, outras matérias só poderiam ser apreciadas após sua votação, em turno único.

O Projeto de Lei (PL) 4.687/10, do governador, que trata da antecipação de créditos do Estado, foi aprovado com 44 votos a favor e oito contrários. O PL 4.699/10, que trata de renegociação de dívidas agrícolas, foi aprovado por 40 votos a favor e sete contra.

O PL 4.687/10 autoriza o Poder Executivo a ceder à empresa Minas Gerais Participações (MGI) ou ao Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), direitos creditórios, tributários ou não (inclusive os provenientes de ICMS), e carteiras de ativos e créditos dos antigos bancos estaduais: Minascaixa, Credireal e Bemge. Dessa forma, a MGI ou o FIDC podem negociar no mercado os títulos de investimento lastreados (garantidos) por esses créditos governamentais. Em troca, a empresa ou o fundo irão remunerar o governo pela negociação.

O projeto foi aprovado com a emenda nº 1, da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, que altera a redação do artigo 8º, e afirma que não serão considerados rompidos nem alterados os acordos de parcelamento ou outros benefícios firmados nos termos das Leis nºs 13.439, de 1999, 14.247,de 2002, 15.273, de 2004, 17.247, de 2007, e 18.002, de 2009, e do Decreto 45.358, de 2010, para a liquidação de débitos fiscais relacionados com o ICMS e os demais títulos e direitos de créditos.

Já a emenda nº 2, apresentada durante a discussão em Plenário pelo deputado Padre João (PT), limitando em 7% da receita corrente líquida do Estado o montante de créditos que podem ser cedidos para negociação a cada ano, foi rejeitada.

Créditos agrícolas - O PL 4.699/10, que autoriza a renegociação, por 10 anos, de direitos e créditos de financiamentos agrícolas, que o Estado assumiu quando privatizou o Bemge e o Credireal, foi aprovado com a emenda nº1, da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que apenas corrige redação de artigo (4°), sem alterar o conteúdo.

Foram rejeitadas as três emendas recebidas em Plenário na fase de discussão. As emendas n° 2 e 3 são de autoria do deputado Antônio Carlos Arantes (PSC). A primeira autoriza o Executivo a liquidar dívidas de natureza agrícola pelo mesmo valor financeiro dos bens passíveis de penhora dos devedores, desde que sejam realizadas de acordo com as práticas e regulamentações bancárias das respectivas instituições, tenham sido objeto de ação judicial, os recursos tenham sido liberados por meio de fundos constitucionais de financiamento e que os recursos tenham sido aplicados conforme previsto nos contratos. A emenda nº 3 autoriza o Executivo a estabelecer mecanismos que permitam a prorrogação das parcelas vencidas, mediante análise caso a caso, nas hipóteses de incapacidade do devedor de comercializar seus produtos, de quebra de safras ou de outros fatores adversos

Já a emenda n° 4, do deputado Padre João (PT), reduz honorários advocatícios nas ações de execução dos créditos ajuizados pelo Estado a 1,5%, limitando o percentual a 3% quando houver embargo ou ação visando a desconstituição ou a revisão desses créditos.

Oposição faz críticas aos dois projetos

Os deputados da oposição foram contra os projetos e criticaram a iniciativa do governador. "São matérias complexas e tramitaram em regime de urgência. O mínimo necessário seria um debate pleno e exaustivo", disse o deputado Padre João (PT), que apresentou requerimento, rejeitado, para inversão da pauta.

Carlin Moura (PcdoB) criticou especialmente o PL 4.687/10 por entender que o projeto é prejudicial ao interesse público. "Quando é do interesse do Estado, a Lei de Responsabilidade Fiscal vira letra morta. Esse projeto viola a LRF, pois não especifica de quanto o Estado abre mão", reclamou.

O deputado Antônio Júlio (PMDB) cobrou explicações do governo. "Estamos aqui para fiscalizar. É um bom negócio para meia dúzia de beneficiados. É uma transação financeira grande, mas ninguém sabe o valor", afirmou. O deputado fez um apelo ao Ministério Público para que intervenha e investigue como serão feitas essas operações, segundo ele "danosas aos interesses do governo". Para o parlamentar, o governo não prestou informações necessárias à exata compreensão da dimensão que os projetos terão para o Estado.

Em sua declaração de voto, o deputado João Leite (PSDB) solicitou à presidência a retirada, dos anais da Assembleia, de citações de Antônio Júlio feitas durante o encaminhamento da votação. "O deputado disse que estávamos votando projetos fraudulentos, o que não reflete o trabalho da Casa. Os projetos passaram pelas comissões, são de interesse do Estado e foram propostos por um governo aprovado pela maioria da população", defendeu João Leite, ao que o deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) contrapôs dizendo que os aliados do Governo "ouviram passivamente as críticas" durante o encaminhamento da votação.

Encerrando, o deputado Marcus Pestana (PSDB) respondeu que "os dois projetos refletem estratégias legítimas de gestão de caixa, têm consistência jurídica e transparência", creditando as críticas a "arroubos retóricos e irresponsáveis".

 

 

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