Secretaria minimiza risco de superbactérias fora de hospitais

A gerente da Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Adriana Cacciari Zapaterra César, afirmou q...

27/10/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Secretaria minimiza risco de superbactérias fora de hospitais

A gerente da Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Adriana Cacciari Zapaterra César, afirmou que os casos isolados de contaminação pela bactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) em Minas Gerais não são novidade, e não representam risco significativo para a população, fora dos hospitais. Apelidada de "superbactéria" em razão do alto nível de resistência a antibióticos, a KPC é responsável por 18 mortes em Brasília, onde ocorre um surto de contaminação. As declarações de Adriana César aconteceram durante reunião da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (27/10/10).

De acordo com Adriana César, a Vigilância Sanitária do Estado foi informada dos 12 casos de contaminação pela KPC pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), na semana passada. Antes disso, não havia informações porque não há obrigatoriedade de os hospitais notificarem oficialmente casos isolados de contaminação, apenas surtos. E não há surto em Minas, ao contrário do Distrito Federal. Os casos informados estão sendo avaliados agora pelo Estado, por meio de análises laboratoriais da Fundação Ezequiel Dias (Funed). Adriana diz que a Vigilância estuda, ainda, a necessidade de tornar obrigatória a notificação de casos isolados da KPC em Minas.

Até agora, a principal providência do Estado foi emitir um alerta técnico aos hospitais, para que fossem reforçadas as medidas preventivas de infecção hospitalar. A medida aconteceu no dia 14/10/10, após a divulgação do surto em Brasília. "Há casos isolados de contaminação por diversas superbactérias. Isso não é coisa nova. São principalmente pacientes de CTIs e UTIs que são muito manipulados e apresentam baixa imunidade", afirmou a gerente da Vigilância. Segundo ela, é pouco provável que a contaminação aconteça fora dos hospitais, entre pessoas sadias.

Para enfrentar o problema da infecção hospitalar, a coordenadora da Área de Controle de Infecções da SES, Nádia Dutra, disse que está sendo implantado em todo o País um novo programa de monitoramento. A meta do Ministério da Saúde é que cada Estado reduza em 30%, em três anos, a incidência de infecção primária da corrente sanguínea. Além disso, a Anvisa criou critérios próprios para definição de infecção hospitalar. Até recentemente, eram usados critérios norte-americanos.

O requerimento para discutir medidas preventivas relativas à superbactéria foi proposto pelo presidente da Comissão de Saúde, deputado Carlos Mosconi (PSDB), no início desta mesma reunião de quarta-feira. Mosconi e os colegas Carlos Pimenta (PDT) e Doutor Rinaldo Valério (PSL) mostraram-se preocupados com a prevenção da infecção hospitalar e a falta de condições para garantir diagnóstico médico e receitas a toda a população. Esse último problema se agrava caso seja proibida a venda de antibióticos sem receita médica.

Restrição ao uso de antibióticos é considerada prioridade

O surto de KPC levou a Diretoria Colegiada da Anvisa a propor restrições ao uso de antibióticos. Entre elas, que a compra, venda ou devolução do medicamento seja acompanhada de nota fiscal, com nome, número do lote e fabricante do produto. A venda fora de farmácias seria proibida. Além disso, a receita deveria ser emitida em duas vias, um delas a ser recolhida na farmácia. A gerente da Vigilância Sanitária do Estado, Adriana César, disse que o órgão aguarda uma resolução da Anvisa regulamentando definitivamente a questão, para assim orientar sua fiscalização.

A restrição ao uso de antibióticos é necessária porque seu uso indiscriminado é a principal causa de surgimento de bactérias resistentes. "Se não houver uma medida forte contra esse consumo indiscriminado, vamos voltar à era de antes da penicilina, quando se morria de qualquer infecção", afirmou Adriana César.

O deputado Carlos Pimenta afirmou, no entanto, que as determinações da Anvisa não resolvem totalmente o problema, uma vez que a venda de antibióticos acontece hoje até pela internet, ou nas ruas, de forma clandestina. "Hoje, se compra antibióticos até na Praça Sete", afirmou. Adriana César afirmou que a Vigilância Sanitária não tem competência para atuar nesses casos, que seriam de responsabilidade da polícia.

O deputado Carlos Mosconi disse que o investimento no Programa de Saúde da Família (PSF) seria a melhor alternativa para contornar o problema da dificuldade de acesso à receita médica. "Posto de Saúde não funciona, pois já há uma cultura nesse País de que médico de posto não cumpre horário", afirmou. O grande desafio do PSF, segundo ele, é convencer os médicos a trabalharem no PSF.

Adriana César também fez um apelo para que os municípios mineiros despertem para a necessidade de organizarem vigilâncias sanitárias municipais. Nesse sentido, o deputado Doutor Rinaldo Valério afirmou que os consórcios intermunicipais poderiam viabilizar esses órgãos em cidades com menos recursos.

Leitos - Na mesma reunião, a Comissão de Saúde aprovou requerimento de autoria do deputado Délio Malheiros (PV) para que se discuta, em audiência pública, a falta de leitos de terapia intensiva em Belo Horizonte. O deputado frisou, no requerimento, que essa carência tem levado diversos pacientes a recorrerem ao Judiciário para conseguirem a internação.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT) e Rinaldo Valério (PSL).

 

 

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