Especialista defende mudanças no sistema eleitoral brasileiro

O atual sistema eleitoral brasileiro contém distorções graves e precisa ser alterado. A opinião é do doutor em Direit...

27/09/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Especialista defende mudanças no sistema eleitoral brasileiro

O atual sistema eleitoral brasileiro contém distorções graves e precisa ser alterado. A opinião é do doutor em Direito pela Universidade de Coimbra (Portugal) e coordenador do Núcleo Técnico de Direito Eleitoral da Escola Superior da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Minas Gerais (OAB/MG), - Rodolfo Viana Pereira. Ele realizou, nesta segunda-feira (27/9/10), uma palestra na Escola do Legislativo, evento que integrou o Programa de Atualização em Poder Legislativo e Administração Pública, destinado a servidores da ALMG.

Depois de explicar como funciona o sistema eleitoral brasileiro, Rodolfo listou os pontos que ele chamou de "distorções". Entre os principais problemas está a transferência ilegítima de votos. Segundo o professor, pouca gente sabe, mas o voto atualmente não vai para o candidato, e sim para o partido. Assim, explica ele, muitas vezes vota-se em um candidato e elege-se outro.

Ele exemplificou com o caso do médico Enéas Carneiro, eleito em 2002 deputado federal por São Paulo com 1,5 milhão de votos. Em virtude do chamado "coeficiente eleitoral", que naquele ano foi de cerca de 300 mil votos, cada voto obtido pelo candidato foi destinado aos outros de seu partido, de forma que Enéas levou para a Câmara dos Deputados outros quatro parlamentares, sendo que o menos votado deles obteve 400 votos. "Um cidadão com 400 votos tomou a vaga de alguém com 299 mil votos", afirmou.

Em Belo Horizonte, no pleito municipal de 2008, o vereador eleito com o menor número de votos obteve 3.425. Nada menos que 32 candidatos obtiveram votação maior e não conseguiram se eleger. "Isso é uma prova de que o sistema eleitoral precisa ser alterado", destacou o professor. Rodolfo citou também o problema que ele chamou de "embandeirização" das candidaturas, na qual o candidato assume posição sobre determinado assunto (contra o aborto, pena de morte, casamento homossexual etc.), dificultando para o eleitor identificar o pensamento global desse candidato que, se eleito, vai ter que emitir sua opinião sobre outras matérias.

Mudanças - Segundo o professor Rodolfo, é necessário criar mais critérios para que alguém consiga ser eleito para o Parlamento e também reduzir a representação partidária. "Um parlamento representado por 19 partidos, como acontece hoje na Câmara dos Deputados, é facilitar a ocorrência de corrupção", disse Rodolfo, que defendeu também a presença no mesmo partido de pensamentos radicalmente diferentes.

Ao defender a reforma política no Brasil, o professor disse não estar seguro de que a adoção do sistema distrital misto seria a melhor solução para se corrigir as distorções. Por esse sistema, o eleitor vota em um candidato dentro de seu distrito eleitoral e em outro dentro de sua circunscrição eleitoral. Por exemplo, para uma eleição legislativa em Belo Horizonte, o eleitor votaria em um candidato de seu bairro e em outro de qualquer parte da cidade.

Rodolfo também se mostrou cético em relação ao voto facultativo. Apesar de se declarar contra a obrigatoriedade, ele alertou para o perigo de o sistema facultativo aumentar o percentual de votos comprados entre os votos válidos, "pois os cidadãos que hoje vendem seu voto vão continuar vendendo", ao passo em que vai diminuir a presença nas urnas.

 

 

 

 

 

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