Diretor da ANTP diz que Copa dará visibilidade para circulação
urbana
O ganho imediato para a população de cidades que
sediarão a Copa das Confederações, em 2013, e a Copa do Mundo, em
2014, será a maior atenção para o fenômeno da circulação urbana como
função essencial das próprias cidades. A avaliação é do diretor da
Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e assessor da
Diretoria de Planejamento do Metrô de São Paulo, engenheiro Rogério
Belda. Ele é um dos palestrantes do Ciclo de Debates Desafios da
Mobilidade Urbana da Região Metropolitana de Belo Horizonte, que
a Assembleia Legislativa de Minas Gerais realiza nos dias 25 e 26 de
agosto, no Plenário, a partir de 14 horas.
O ciclo vai discutir o planejamento urbano, as
políticas públicas de transporte e mobilidade urbana sustentável e a
integração dos sistemas de transporte na Região Metropolitana de
Belo Horizonte. Mais de 30 entidades são parceiras da Assembleia na
construção do ciclo, entre órgãos governamentais, não governamentais
e entidades de classe, como associações e sindicatos. A programação
e outras informações sobre os dois dias de debates podem ser
consultados no hotsite:
ttp://www2.almg.gov.br/hotsites/2010/ciclo_mobilidade/programacao.html.
Impactos da Copa - Segundo Rogério Belda, Belo Horizonte,
Rio e São Paulo são os polos que comandam uma rede urbana de fluxos
de informação, riqueza e inovação. "As metrópoles que perdem
eficiência correm o risco de perder importância na rede mundial de
cidades. Em um plano mais prático e imediato, é essencial analisar
como podem ser usadas as infraestruturas e as novas construções
depois de terminadas as Copas", acrescenta.
Sobre os impactos das obras na vida da população, o
diretor da ANTP afirma que é uma ótima oportunidade de "fazer do
limão uma limonada". E explica que até a Copa das Confederações em
2013, será possível construir corredores segregados e
semissegregados, reduzir os estacionamentos nas vias principais e
ampliar o serviço do metrô na faixa de domínio existente, com
previsão de posterior aperfeiçoamento e expansão com o intuito de
uma operação em rede dos sistemas de circulação.
Já em relação aos transtornos que a população terá
de enfrentar com as obras, Rogério Belda lembra que os habitantes
sofrem também com obras que não são feitas, como os problemas com os
congestionamentos e enchentes. Ele enfatiza, porém, que é importante
definir a responsabilidade de realização e aprovação dos programas
de desvio de tráfego. E cita o exemplo de São Paulo, cujas obras
iniciais do metrô motivaram a criação de um núcleo de planejamento
de transporte na nova Companhia do Metrô e, posteriormente, a
criação da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Belda recomenda mudanças de hábito
Para Rogério Belda as soluções para os problemas do
trânsito dependem em muito de uma mudança de hábito da população e
do poder público. "Fazer mais avenidas não resolverá nunca os
problemas do aumento do trânsito automobilístico". Segundo ele,
existem muitas medidas parciais e algumas até de rápida implantação.
"Por exemplo, a prefeitura de São Paulo já promoveu, no passado, uma
campanha de escalonamento de horários do funcionamento do comércio,
indústria, repartições e escolas para evitar que as entradas e
saídas fossem feitas todas no mesmo horário. Hoje, há atividades que
foram transferidas para os fins de semana e durante a noite são
feitas até compras no comércio e descarga de mercadorias. Muitas
decisões, hoje, são combinadas pela internet, especialmente
compras", diz.
A melhoria na mobilidade urbana, é segundo Belda, a
criação de espaço nas vias para uso exclusivo dos transportes
públicos. Ele defende também a construção de garagens subterrâneas
para eliminar os estacionamentos nas ruas; a restrição de
estacionamento em prédios novos; o aumento das calçadas; e a
implantação de pedágio para entrar na parte mais central das
cidades, como foi feito em Paris e Londres. Salienta, no entanto,
que as cidades brasileiras terão que encontrar "o seu próprio
cardápio de medidas conforme as sua características".
Metrô - Sobre a opção já
anunciada pela BHtrans pelo BRT (transporte rápido de ônibus), ao
invés do metrô, o dirigente da ANTP acredita que, no caso de Belo
Horizonte, é a opção certa, já que o metrô não se implanta em menos
de três anos. "Uma rede integrada de metrô de superfície com
corredores de ônibus é quase um estudo de eficácia para futuras
linhas de metrô. Mas, é bom lembrar que o metrô não elimina nunca as
linhas de ônibus na superfície, embora altere as suas
características operacionais e itinerários", acrescenta Rogério
Belda.
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