Transformar Parque do Sumidouro em APA tem apoio de moradores

Transformar o Parque Estadual do Sumidouro em uma Área de Proteção Ambiental (APA). Esta foi a alternativa apresentad...

11/08/2010 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Transformar Parque do Sumidouro em APA tem apoio de moradores

Transformar o Parque Estadual do Sumidouro em uma Área de Proteção Ambiental (APA). Esta foi a alternativa apresentada pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para resolver o conflito gerado com a ampliação da área, situada nos municípios de Pedro Leopoldo e Lagoa Santa (Região Central), determinada pelo Decreto 44.935, de 2008. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (11/8/10), durante audiência pública realizada em Fidalgo, distrito de Pedro Leopoldo, pelo deputado Adalclever Lopes (PMDB).

O parlamentar afirmou que já protocolou projeto com essa determinação. "Esta é a solução mais harmônica que pudemos vislumbrar", explicou. Ele recebeu o apoio dos moradores que participaram da reunião e também um abaixo-assinado com 1,6 mil adesões, pedindo a intervenção da Assembleia para resolver o problema.

Além de aumentar a área do parque, o decreto restringe o uso do local para atividades de cunho científico, educativo e recreativo com a preservação integral do patrimônio arqueológico, espeleológico, paleontológico, da fauna e da flora e dos cursos d´água. A alteração da classificação para APA, permitiria o manejo sustentável de atividades que não degradem o meio ambiente. Durante a reunião, também foi formada uma comissão com seis integrantes das comunidades atingidas que vão solicitar uma audiência com o governador Antonio Anastasia, para tentar convencê-lo a apoiar a proposição.

A ampliação do parque provocou a desapropriação de terras e o fechamento de mineradoras, no início de 2010, deixando, segundo os moradores, cerca de 900 pessoas desempregadas e 35 pequenos agricultores sem ter onde plantar. Menos da metade dos proprietários rurais recebeu indenização, conforme as denúncias apresentadas na audiência. Um documento entregue ao deputado dá conta de que Fidalgo, comunidade que surgiu em 1682, tem aproximadamente 6 mil habitantes e 98% vivem da exploração e beneficiamento de pedras Lagoa Santa, pecuária e agricultura.

Os moradores que participaram da audiência reclamaram que perderam as fontes de renda e uma área de lazer, pois a lagoa dentro do parque também foi cercada e restringida ao uso de banhistas e pescadores. Conforme o documento, as jazidas de pedras que são exploradas atingem menos de 1% da área do município, fração que ainda poderia ser reflorestada.

Moradores querem o parque, mas também retomar as atividades econômicas

Todos que se manifestaram durante a audiência pública afirmaram que são favoráveis à manutenção do parque, mas reclamaram do processo como foram feitas as desapropriações e das restrições sobre as atividades que têm sido executadas ali e que representam a sobrevivência dos moradores. O ex-presidente da Câmara Municipal de Pedro Leopoldo, Geraldo Fagundes de Melo, afirmou que a população de Fidalgo sempre teve espírito ecológico, tanto que a maior parte dos recursos naturais do local ainda estão preservados. "Nunca houve degradação. Não podem agora nos impedir de continuar nosso trabalho", disse.

O comerciante de pedras, Silvio Eduardo da Silva, reclamou que o fechamento do parque foi decidido sem aviso prévio e sem consulta à população. "Fomos escorraçados do local onde nascemos", protestou. Aloisio Curi, morador e também comerciante de pedras, completou que todos estão "sem rumo" pois não sabem o que ainda podem fazer. "Faltam informações".

A moradora Flaviana Soares lembrou que a maioria da população não tem capacitação profissional para se recolocar no mercado de trabalho em outra área. "Estamos sem opção", lamentou ela. O agricultor Maurício José Viana, que ha 30 anos trabalha na comunidade, reclamou que também está proibido levar os gados para beber água na lagoa, obrigando os pecuaristas a venderem seus rebanhos.

O parque foi criado em 1980 para compensar a degradação promovida pela construção do Aeroporto Tancredo Neves, em Confins, município vizinho. Conforme explicou a assessoria do deputado Adalclever Lopes, naquela época não havia uma classificação de áreas de preservação como atualmente. Em função dessa determinação, com a nova legislação ambiental, a área passou a ser restrita para atividades econômicas.

Presenças - Deputado Adalclever Lopes (PMDB). Além dos citados na matéria, também compuseram a mesa o vereador Kal Sena, de Pedro Leopoldo; o comerciante de pedras, Itamar Soares Bastos, e os moradores Laudelino Francisco Coelho e João Batista Mendes dos Reis.

 

 

 

 

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