Minas Gerais terá plano estadual de combate às drogas

Minas Gerais já iniciou a formulação de seu plano estadual de combate às drogas. O anúncio foi feito pelo secretário ...

11/08/2010 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Minas Gerais terá plano estadual de combate às drogas

Minas Gerais já iniciou a formulação de seu plano estadual de combate às drogas. O anúncio foi feito pelo secretário de Estado de Defesa Social, Moacyr Lobato de Campos Filho, um dos palestrantes do Fórum Técnico Segurança Pública: Drogas, Criminalidade e Violência, aberto nesta quarta-feira (11/8/10), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. No mesmo painel inicial, o secretário Nacional de Segurança Pública, Ricardo Brisolla Balestreri, apontou a segurança pública como condição para o desenvolvimento econômico. O fórum prossegue até esta sexta-feira (13), no Plenário da ALMG. A programação pode ser consultada no site www.almg.gov.br.

Segundo Moacyr Lobato, questionários destinados a subsidiar a elaboração do plano de combate às drogas já foram distribuídos às instituições que compõem o sistema de segurança de Minas, como polícias e Bombeiros. O secretário ressaltou que as contribuições do Fórum Técnico também ajudarão o Estado a ter passos seguros, consistentes e firmes na prevenção e no combate à violência. "Esse evento representa a compreensão do fenômeno da segurança pública como responsabilidade de toda a sociedade", ponderou.

Moacyr Lobato apontou ainda a integração das forças de segurança em Minas, com ênfase na defesa social, como palavra-chave para o enfrentamento à criminalidade e para o bem-estar da sociedade. "Há um olhar abrangente, que atinge a questão prisional e as medidas socioeducativas e que pressupõe a aproximação entre o Judiciário e as organizações da sociedade civil", exemplificou. O secretário citou pesquisa que aponta aumento de quase 70% no número de homicídios entre jovens, no período de 1980 a 2007, contra queda de aproximadamente 10% nas outras faixas etárias. E listou alguns programas do Estado, com resultados positivos, voltados para esse público considerado mais vulnerável.

Brasil deve buscar a segurança pública para crescer

Já o secretário Balestreri, que também é vice-presidente do Conselho Nacional de Segurança Pública, recorreu a duas pesquisas americanas para salientar a relação entre a segurança e o desenvolvimento. Os trabalhos apontam como condições para o crescimento econômico a criação de redes cívicas de engajamento, uma espécie de voluntariado popular; a existência do empreendedorismo nas classes baixas; e a educação da população. "Onde o crime domina, não existem essas redes cívicas, o povo tem medo e não há uma educação que propicie autonomia intelectual e moral", afirmou.

Balestreri fez duras críticas às drogas lícitas, sobretudo ao álcool e à cerveja, no caso particular do Brasil. Segundo ele, o álcool é a porta de entrada para outras drogas, para as doenças sexualmente transmissíveis e para a violência no trânsito. Juntos, álcool e fumo matam, anualmente, 8 milhões de pessoas no mundo, segundo dados do secretário. Já no Brasil, há 82 mil mortes violentas por ano, sendo 45 mil homicídios e 37 mil decorrentes de acidentes no trânsito, muitos relacionados ao álcool. "É hipocrisia não se dar conta de uma droga que está matando uma geração inteira de jovens", apontou.

Balestreri citou como geradores do crime no Brasil também a crise de valores do mundo contemporâneo, que enaltece o consumismo; a má distribuição de renda; a potente indústria do crime e o modelo de segurança pública que não aproxima policiais e cidadãos. Nesse sentido, ele elogiou a ampla participação no Fórum Técnico, construído de forma coletiva com 67 entidades parceiras. Para o secretário nacional, o Brasil caminha para o enriquecimento econômico, mas, para ser efetivamente um país desenvolvido, terá que trilhar esses caminhos da segurança pública.

Presidente enaltece participação

Ao abrir o evento, o presidente da ALMG, Alberto Pinto Coelho (PP), também citou números do evento: 698 inscritos, sendo 492 representantes de 228 entidades e os demais inscritos individualmente. O problema das drogas, sua relação com a violência, seu foco na juventude e sua incidência também no interior e na zona rural são, segundo Pinto Coelho, problemas que exigem "reflexão de todos os setores que possam contribuir para a busca de soluções". O presidente citou as audiências de preparação do fórum técnico e o amplo trabalho da Assembleia nessa área.

O deputado João Leite (PSDB), presidente da Comissão de Segurança Pública da ALMG, coordenou a fase de palestras e citou peculiaridades do Estado na área da segurança, como o roubo de bicicletas, que é um dos maiores problemas de Unaí, enquanto Uberaba e Uberlândia estão na rota internacional do tráfico de drogas. Ele citou avanços na segurança em Minas, como o trabalho das polícias, e desafios, como a prevenção, que pode "quebrar as pernas do tráfico".

Debates - Na abertura dos debates, o jornalista Eduardo Costa, apresentador do programa "Chamada Geral", da Rádio Itatiaia, destacou "a sensação subjetiva de insegurança" que acomete o cidadão comum nos grandes centros e apontou recente pesquisa segundo a qual entre 72 e 73% das vítimas de roubos e furtos não registram queixas, convencidas que estão de que a iniciativa não vai dar em nada. "Estamos cansados de autoritarismo e violência, mas carentes de autoridade", afirmou o jornalista, que, em tom crítico, mas bem-humorado, provocou os expositores com seus comentários e perguntas. Ele indagou do secretário nacional, Ricardo Balestreri, sobre o repasse de recursos do governo federal para o Estado. Dirigindo-se ao secretário estadual de Defesa, Moacyr Lobato, que em seu discurso exaltara a integração entre as polícias, o jornalista argumentou que essa integração é muito difícil "nas bases".

O secretário estadual concordou com o jornalista, afirmando que a integração entre as instituições da área de segurança pública, "embora pujante e com resultados expressivos, carece de maior atenção e vigilância". O secretário nacional, Ricardo Balestreri, também concordou com o jornalista no tocante ao sentimento de insegurança e impunidade. Admitiu que o sistema de segurança pública precisa ser melhorado e que tanto no governo FHC como no primeiro governo Lula os investimentos na área foram pífios. Entretanto, observou, "o cenário melhorou muito a partir do segundo mandato de Lula", quando, segundo disse, o investimento em segurança pública aumentou em cinco vezes, chegando a R$ 2 bilhões. "Mas precisamos melhorar ainda mais", reconheceu, fixando uma meta em torno de R$ 8 a R$ 10 bilhões porano. Ele elogiou a parceria do governo de Minas com o governo federal, admitiu uma redução de repasses para o Estado, em 2009, mas acrescentou que agora a situação já começa a se normalizar.

Questionamento - Os dois expositores responderam também a perguntas da plateia, feitas oralmente e por escrito. O deputado Sargento Rodrigues (PDT) questionou o secretário nacional. "O que me preocupa é a inércia. Não vejo o governo federal se empenhar em soluções para fazer políticas de fronteiras. Minas Gerais não precisa de repasse de recursos; precisamos que a União cuide de suas competências", afirmou. Em suas considerações finais, Balestreri disse discordar da visão do deputado, defendendo uma visão integrada de segurança.

Presenças - Compuseram a mesa, além dos citados, o desembargador Francisco Kupidlowski, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais; o promotor Joaquim José Miranda Júnior, representando o Ministério Público; o secretário Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial de Belo Horizonte, coronel Genedempsey Bicalho Cruz; a coordenadora da área criminal da Defensoria Pública, Luciana Moura; o superintendente da Associação Mineira de Municípios, Waldir Salvador e a deputada estadual Maria Tereza Lara (PT), vice-presidente da Comissão de Segurança Pública da ALMG. O jornalista Caco Barcelos justificou sua ausência em função de orientação da Rede Globo para que seus profissionais não participem de eventos em órgãos públicos no período eleitoral.

 

 

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