Barraqueiros passam necessidades com a reforma do Mineirão

O fechamento do estádio Mineirão para reforma, com vistas à Copa do Mundo de 2014, deixou à míngua 140 famílias de fe...

14/07/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Barraqueiros passam necessidades com a reforma do Mineirão

O fechamento do estádio Mineirão para reforma, com vistas à Copa do Mundo de 2014, deixou à míngua 140 famílias de feirantes e donos de barracas que trabalhavam no entorno, vendendo alimentos, bebidas e produtos diversos aos torcedores. Depoimentos dramáticos de dificuldades financeiras e contas vencidas foram prestados aos deputados da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, na tarde desta quarta-feira (14/7/10), durante audiência pública realizada a requerimento do deputado Weliton Prado (PT) e presidida pela deputada Cecília Ferramenta (PT).

Prado teve acesso às condicionantes para o licenciamento ambiental do projeto de reforma, e leu para os presentes a condicionante 18. O item 7.2 condiciona a licença ao compromisso de resolver a situação dos feirantes, reinserindo-os em locais de grande concentração de pessoas. O documento considera pequeno o impacto econômico, mas relevante o impacto social. O deputado quer acionar o Ministério Público para exigir o cumprimento dessa condicionante.

O dirigente da Ademg, Dirceu Pereira, relatou a parceria de longos anos com aqueles barraqueiros, e mostrou que tem conhecimento da sua luta e suas dificuldades. Para cumprir a condicionante 18, propôs a realização da tradicional feira dominical de automóveis, que se realiza no estacionamento, também aos sábados, mas admite que foi um fracasso de público, que atribui à falta de planejamento e divulgação. Hoje estuda um evento melhor formatado, com feira de degustação, shows e produtos culturais.

Outra ideia oferecida por Dirceu Pereira ao debate é a inclusão dos barraqueiros num auxílio emergencial do governo semelhante ao que é concedido aos pescadores quando ocorre desastre ecológico. A sugestão não foi bem recebida pelos barraqueiros, que desejam apenas oportunidade para trabalhar. Pereira disse que não será possível credenciá-los para trabalhar na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, onde se realizarão os jogos do Campeonato Brasileiro, porque a decisão lá depende da prefeitura.

Taxas exorbitantes, perseguição de fiscais e policiais

O líder dos barraqueiros, Ernani Francisco Pereira, disse que uma experiência anterior com o Poder Executivo foi traumatizante. Em 2007, foi proibida a venda de bebidas alcoólicas no Mineirão, sem aviso prévio aos comerciantes e sem ressarcimento dos prejuízos. Outros barraqueiros apresentaram suas queixas: Maurício Sabino reclamou da taxa que pagam à Ademg, no valor de R$ 100, para trabalharem durante a Feira de Automóveis. Disse também que a Coca-Cola ganhou um contrato de exclusividade com a Ademg e sequer forneceu os guarda-pós e o transporte dos refrigerantes aos comerciantes do entorno. José Aparecido Vieira disse que, sem o Mineirão para trabalharem, estão rumando para os eventos culturais, mas sofrem a perseguição dos fiscais da prefeitura e de policiais.

Ao final da reunião, a deputada Cecília Ferramenta manifestou sua preocupação em procurar nesta quinta-feira (15) a secretária de Estado de Desenvolvimento Social, Ana Lúcia Gazzola, para conseguir um socorro para as famílias. Os quatro deputados presentes subscreveram requerimento para a criação de uma comissão na secretaria, composta por representantes da Ademg, da Subsecretaria de Trabalho, da Prefeitura de Belo Horizonte e dos feirantes, com o objetivo de buscar alternativas.

Requerimentos - Outros seis requerimentos foram aprovados: o primeiro, do deputado Carlos Pimenta (PDT), pedindo ao governador providências para a implantação de serviço de telefonia móvel em uma série de distritos dos municípios norte-mineiros; o segundo da deputada Cecília Ferramenta, em que solicita seja encaminhado ao presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais pedido de providências para a recomposição do quadro de servidores da comarca de Bom Despacho e a nomeação de juiz de Direito para preencher a vaga existente na 1ª Vara da referida comarca ou a designação de juiz cooperador

O terceiro requerimento é dos deputados Cecília Ferramenta, Padre João e Carlos Gomes, os três do PT, em que requerem seja realizada visita ao prefeito de Conselheiro Lafaiete com a finalidade de conhecer as medidas a serem adotadas pela prefeitura para solucionar os problemas de infraestrutura que inviabilizam a construção de moradias no loteamento popular São Jorge. O quarto, do deputado Padre João, em que requer seja realizada audiência pública destinada a debater o potencial da aquicultura no Estado e o projeto da Cooperativa Aquícola de Dionísio.

Os dois últimos são do deputado Paulo Guedes (PT), que solicita sejam realizadas audiências públicas em Manga, com a finalidade de debater a falta de regulamentação para o transporte de balsas que realizam a travessia do Rio São Francisco nesse município, e em Rio Pardo de Minas, para debater a utilização de serviços públicos por comunidades de Rio Pardo, mas custeados pelo município de Taiobeiras.

Presenças - Deputada Cecília Ferramenta (PT), presidente; deputados Paulo Guedes (PT), vice-presidente; Doutor Ronaldo (PDT), Wander Borges (PSB) e Weliton Prado (PT). Participou também o subsecretário de Estado de Trabalho, Emprego e Renda, Fernando Sette.

 

 

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