São Joaquim de Bicas rejeita construção de novas unidades prisionais

A transformação de São Joaquim de Bicas em cidade-penitenciária e os riscos de que sofra em futuro próximo os mesmos ...

13/07/2010 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

São Joaquim de Bicas rejeita construção de novas unidades prisionais

A transformação de São Joaquim de Bicas em cidade-penitenciária e os riscos de que sofra em futuro próximo os mesmos problemas sociais de Ribeirão das Neves motivou um debate entre as lideranças locais, o Governo do Estado e os deputados da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais na manhã desta terça-feira (13/7/10). O município de 24 mil habitantes, pertencente à Região Metropolitana de Belo Horizonte, já possui uma população carcerária de 4 mil pessoas em três unidades prisionais: o presídio Jason Albergaria e as penitenciárias Bicas 1 e 2.

O requerimento que motivou a reunião foi da deputada Maria Tereza Lara (PT), que falou sobre a necessidade de humanização do tratamento carcerário e pediu um centro de internação para adolescentes infratores em Betim. Quanto a São Joaquim de Bicas, a deputada disse que "não é possível ampliar ainda mais a população carcerária". Uma das questões mais graves apontadas na reunião foi a falta de atendimento médico aos presos.

Os vereadores de São Joaquim de Bicas falaram de suas preocupações ao microfone. Amarildo Maia disse que a população teme que a cidade adquira o perfil de Ribeirão das Neves, com a multiplicação de presídios e de problemas. "As unidades prisionais são barris de pólvora com pavio curto, e o Estado não ameniza a situação", afirmou. Sua queixa específica é sobre as condições precárias da estrada que dá acesso ao presídio, onde há uma reta no bairro Primavera onde as viaturas passam com excesso de velocidade.

Terrenos da Colônia Santa Isabel estão sendo invadidos

Arnaldo Batista da Silva soube que o Estado tinha disponibilizado uma verba de R$ 200 mil para que a prefeitura de São Joaquim de Bicas contratasse médicos, mas o cálculo do município era de R$ 3 milhões anuais para uma equipe completa de saúde, incluindo pequenas cirurgias e tratamento dentário. Para ele, o governo passa o problema para o município e se omite.

O vereador Cordovil Neves de Souza, de Betim, relatou o caso da Comunidade Santa Isabel, que já foi uma colônia de hansenianos e teve seus terrenos transferidos pela Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) para a Secretaria de Defesa Social para a construção das unidades prisionais. Cordovil denunciou que os terrenos remanescentes estão sendo invadidos por comerciantes, e que os presos libertados pediam dinheiro nas casas da colônia, constrangendo os moradores.

Outro vereador, este de Igarapé, Micharlis Stânio da Fonseca, falou sobre o congestionamento do fórum de Igarapé com os processos dos 4 mil detentos de São Joaquim de Bicas, e queixou-se da falta de um plantão da Polícia Civil à noite, que obriga a Polícia Militar a descuidar da cidade para levar as ocorrências para Betim. A essa denúncia, o presidente do Consep de São Joaquim, Aécio Pinho Rodrigues, acrescentou que a verba do SUS para a cidade é calculada sobre os 24 mil habitantes, sem incluir os 4 mil detentos e seus familiares, que formam uma população flutuante que triplica as demandas de saúde nos finais de semana.

Superintendente rebate críticas

Todas estas questões foram respondidas ponto a ponto pelo superintendente de Atendimento ao Preso, Guilherme Augusto Soares, que estava a par da escassez de recursos para a saúde do preso e do mau estado da estrada. Soares assumiu que a saúde dos presos é dever da Secretaria de Defesa Social, mas argumentou que o salário oferecido a médicos pela Fhemig, de R$ 1.080 para 30 horas semanais, não atrai profissionais. Por isso o governo teria oferecido R$ 240 mil à prefeitura, suficientes para contratar um médico por R$ 5 mil a R$ 8 mil mensais, considerando que os procedimentos de alta e média complexidade são de responsabilidade do SUS.

O superintendente contestou os dados de congestionamento do fórum de Igarapé, assegurando que a maioria dos presos é temporária e que apenas 200 processos passam por aquele fórum. Ele confirmou que os comerciantes estão invadindo os terrenos da Colônia Santa Isabel e que já houve flagrante de tráfico de drogas na porta do presídio. E informou que há 12 famílias de sem-terra que ocupam terrenos atrás do presídio desde 1994, e que cinco viaturas já se acidentaram na péssima estrada. Um projeto novo estaria em preparação no Deop.

Quanto aos presos pedindo dinheiro na colônia, Guilherme Soares disse que há muitos casos em que o preso provisório é libertado, atravessa o Rio Paraopeba pela balsa sem pagar e vai pedir dinheiro na colônia para tomar o ônibus e ir para Belo Horizonte. Admite que é uma situação irregular, constrangedora, e que a solução é dar um vale-transporte a cada um. Para tranquilizar os vereadores, disse que o governo não cogita construir novas unidades na cidade, embora precise construir uma unidade feminina.

O deputado João Leite (PSDB), presidente da comissão, propôs um amplo entendimento entre as lideranças locais e o Governo do Estado para dar um atendimento digno aos presos, e sugeriu que os vereadores aprovem um Plano Diretor resguardando os terrenos da antiga Colônia Santa Isabel para o melhor uso que decidirem.

Delegados pedem presídio em Alpinópolis

Dois delegados da Polícia Civil do Sul de Minas pediram para ser ouvidos na reunião, e foram admitidos mediante requerimento da deputada Maria Tereza Lara. São eles o delegado regional de Passos, Rogicélio Gomes de Castro, e o delegado de Alpinópolis, Paulo Queiroz Ferreira. Recentemente eles enfrentaram uma rebelião de presos que terminou sem vítimas, mas com a destruição do velho prédio da cadeia, construído há 80 anos. Coletas foram feitas na comunidade para uma solução transitória, mas a única solução, segundo Castro, é a construção de um novo presídio regional em Alpinópolis, num terreno de 50 mil metros quadrados, semelhante ao de Guaranésia/Guaxupé, para acolher presos locais e de Conceição da Aparecida, Areado, Alterosa, São José da Barra e Carmo do Rio Claro.

Segundo o delegado Ferreira, a população vive o temor de uma nova rebelião, e uma vistoria recente do Corpo de Bombeiros apontou a cadeia de Alpinópolis como a mais precária dentre as 20 visitadas, por causa da fragilidade das paredes e das grades e da fiação exposta. Atualmente há 53 presos no local, além de 10 que foram temporariamente transferidos. O superintendente Guilherme Soares disse desconhecer o problema, mas ofereceu-se para pedir pauta na próxima reunião do Comitê Integrado de Política Prisional, que deve ocorrer na quinta-feira (15).

Presenças - Deputado João Leite (PSDB), presidente; deputada Maria Tereza Lara (PT), vice-presidente; deputados Rômulo Veneroso (PV) e Tenente Lúcio (PDT).

 

 

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