Sem-teto de Conselheiro Lafaiete recorrem à Assembleia

A Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais quer contribuir para res...

07/07/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Sem-teto de Conselheiro Lafaiete recorrem à Assembleia

A Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais quer contribuir para resolver um impasse entre a Prefeitura de Conselheiro Lafaiete e a Associação dos Sem-Teto da cidade, que impede a concretização de um projeto de construção de 200 casas no bairro São Jorge. A presidente da comissão, deputada Cecília Ferramenta (PT), apresentou requerimento de visita ao prefeito José Milton, que também preside a Associação Mineira de Municípios.

"O prefeito foi nosso colega deputado aqui na Assembleia, e certamente nos receberá", afirmou a deputada. "Ao enviar-nos seu secretário Pastor Boaventura, o prefeito José Milton expressou seu respeito por esta Casa, e esperamos que ele próprio formule a solução antes mesmo que a comissão marque a visita", acrescentou o deputado Padre João (PT), que representa a região.

Cerca de 50 chefes de família sem-teto de Conselheiro Lafaiete ocuparam o Auditório da Assembleia na audiência realizada na tarde desta quarta-feira (7/7/10). Seu líder, Francisco Paulo da Silva, mais conhecido como Chico Paulo, relatou a luta de 200 famílias da cidade pela casa própria, desde 2003.

Segundo Chico Paulo, o prefeito da época cedeu o terreno do bairro São Jorge, mas sem passar a escritura. A associação foi legalmente formada e recebeu o terreno regularizado do prefeito sucessor, que era do PT. Diversos órgãos deram ajuda, como o Ministério das Cidades, a Copasa, a Cemig, a Cohab e a Caixa Econômica Federal (CEF). Em 2007, um convênio foi assinado com a Caixa para a construção de 70 unidades em mutirão, por meio do Crédito Solidário.

Para viabilizar o projeto, a prefeitura teria que fazer a infraestrutura viária, mas colocou as máquinas por algum tempo e depois as retirou. As ruas sofreram erosão com as chuvas, com crateras de até oito metros. Também o corte de platôs para fazer as casas provocou a interdição das ruas com montes de terra, impedindo a Cemig e a Copasa de colocarem os postes e a rede de esgotos. Tampouco a Caixa pôde liberar parcelas dos financiamentos, já que não havia condições de chegada de material de construção.

Prefeitura estava insolvente até o mês de junho

A Prefeitura de Conselheiro Lafaiete alegava falta de recursos e de máquinas para remediar a situação, mas patrocinou um desfile pelas ruas principais da cidade de 23 máquinas e caminhões recém-adquiridos. Isso levou a uma radicalização do movimento dos sem-teto, que ocupou a Câmara Municipal, e irritou o prefeito, que teria dito que não atenderia a população do São Jorge.

O pastor José Boaventura Celestino, secretário municipal, revelou que a situação da Prefeitura de Lafaiete era muito difícil na posse do prefeito José Milton, que levou um ano e meio para equilibrar as finanças e conseguir uma certidão negativa de débitos, há 20 dias, que permite tomar empréstimos. Disse ainda que um programa emergencial de atendimento à periferia da cidade já começou e está perto do bairro São Jorge.

O vereador Pedro Américo Almeida disse sentir "vergonha de lutar por seis anos, fazer tanta reunião e não conseguir a solução". Para ele, faltou vontade política do prefeito de fazer apenas o pouquinho que lhe cabia para tudo dar certo. "Não sei falar bonito, mas sei o que cada um aqui está sofrendo", desculpou-se.

Durante a reunião, os sem-teto de Lafaiete receberam a solidariedade e a promessa de ajuda do Sindicato dos Engenheiros, da Cemig e do Conselho Nacional de Cidades. O representante da Copasa, João Resende Filho, anunciou que está pronta a rede interceptora ao fundo do loteamento para captar os esgotos assim que as pessoas construírem as casas e pedirem a ligação. O reservatório será construído pela Copasa e cada usuário terá desconto de 18 metros de rede.

Famílias devem se inscrever no Minha Casa, Minha Vida

O superintendente regional da Caixa Econômica Federal, Marx Fernandes dos Santos, disse que a instituição discutiu com os moradores qual seria o melhor programa para atendê-los, e à época desaconselhou o Crédito Comunitário, por entender que as exigências do financiamento deixariam muitas famílias de fora. Hoje ele aconselha o destrato do financiamento que ficou inviabilizado para as 70 famílias e uma nova inscrição no programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal. Esse programa permitiria que cada família se comprometesse com apenas R$ 6 mil e prestações mensais de R$ 50,00, e recebesse imóveis prontos no valor de R$ 40 mil.

"Moradia é essencial para a dignidade do ser humano, e o aluguel é uma perversidade, porque a pessoa paga sempre e nunca se torna proprietária", afirmou o deputado Padre João (PT). Para ele, os movimentos populares surgem da necessidade real das famílias, pressionam os governos, e alguns se mostram insensíveis. Outros respondem com ações e programas. O deputado Carlos Gomes (PT) acrescentou que o programa Minha Casa, Minha Vida já atendeu 500 mil pessoas e deve chegar a um milhão até o final do governo Lula.

Presenças - Deputada Cecília Ferramenta (PT), presidente; deputados Padre João (PT), Doutor Ronaldo (PDT) e Carlos Gomes (PT).

 

 

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