Estado defende licenciamento para operação da Serquip em Santa Luzia

O subsecretário de Gestão Ambiental Integrada da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad), Ilmar Bastos Santos, ...

07/07/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Estado defende licenciamento para operação da Serquip em Santa Luzia

O subsecretário de Gestão Ambiental Integrada da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad), Ilmar Bastos Santos, defendeu o licenciamento ambiental para funcionamento e operação da empresa Serquip Tratamento de Resíduos em Santa Luzia (Central), na reunião desta quarta-feira (7/7/10), da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A defesa foi feita em resposta a denúncias de moradores da cidade, de que a empresa estaria liberando resíduos tóxicos na atmosfera, em decorrência de incineração de lixo hospitalar e industrial. A audiência, que recebeu ainda representantes da Superintendência Regional de Meio Ambiente (Supram), do Conselho Municipal de Saúde de Santa Luzia, de funcionários e diretores da Serquip e de moradores do município, foi realizada a pedido do deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão.

De acordo com o parlamentar, os possíveis riscos trazidos pela empresa à comunidade do entorno vem sendo debatido pela comissão há mais de quatro anos, quando o empreendimento ainda era instalado na Capital. Para ele, a Serquip descumpre a legislação ambiental e, por isso, não teve sua licença ambiental renovada para funcionamento no Bairro Camargos, em Belo Horizonte.

A palavra do deputado foi reforçada por moradores e representantes do Conselho Municipal de Saúde de Santa Luzia. Para Viviane Martins, que representou a comunidade, o lixo tóxico está sendo mais valorizado que a saúde e a vida da população. Em sua fala, ela lembra que o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) proíbe que indústrias da natureza da Serquip se instalem em áreas residencias. "Temos crianças com problemas respiratórios e queremos que a empresa seja transferida para uma área industrial, conforme determina a legislação", disse. As representantes do Conselho Municipal de Saúde, Lídia Soares e Maria Salciana Gonçalves, também defenderam que a poluição causada pela empresa está afetando diretamente a saúde da comunidade. "Somos a favor da manutenção dos empregos e da empresa, desde que não seja próximo aos conjuntos habitacionais da nossa cidade", disse Gonçaleves.

O assessor parlamentar do deputado federal Elismar Prado e morador da região, Alexandre de Souza disse, ainda, que além da localização irregular, a empresa também funciona em horário contrário do permitido pela legislação ambiental. Segundo ele, há emissão de gases durante toda a madrugada. "Queremos uma fiscalização maior à Serquip, que está prejudicando a saúde das pessoas", salientou.

Empregados e direção defendem funcionamento

Além da defesa apresentada pelo representante da Semad do correto funcionamento da empresa em Santa Luzia, os empregados defenderam que o trato dos resíduos não causa malefícios à saúde das pessoas. Os funcionários Márcio Aleixo e Eduardo Eustáquio negaram que a empresa opere no período noturno e defenderam que o empreendimento é o maior gerador de emprego e renda da região. "Trabalho há 12 anos na Serquip e, assim como todos os meus familiares que moram nas proximidades da empresa, jamais tivemos problemas de saúde causados pela sua emissão de resíduos", disse Aleixo.

O diretor da Serquip, Gilson Almeida Vilela, afirmou também que a empresa cuida da saúde pública e trata os resíduos sólidos com tecnologia utilizada em países da Europa e América do Sul. Ele apresentou documentos que comprovam que a Serquip possui todos os licenciamentos necessários e atua em conformidade com a legislação ambiental. "Estamos abertos para que a comunidade conheça o nosso trabalho e verifique que não há qualquer risco à saúde da população", disse.

O deputado Gustavo Valadares (DEM) fez coro às palavras do diretor da Serquip e questionou as denúncias feitas contra a empresa. Em sua fala, listou as respostas favoráveis ao seu funcionamento emitidas por órgãos de fiscalização ambiental e de saúde. "Toda e qualquer denúncia sem documentação legal é irresponsável e a empresa possui todos os licenciamentos necessários para operar normalmente, sem prejuízo à comunidade do entorno", concluiu.

Supram aponta critérios para concessão da licença

A representante da Superintendência Regional de Meio Ambiente (Supram), que é responsável pela concessão ou veto dos licenciamentos ambientais no Estado, Sheila Gonçalves, fez a cronologia do processo da Serquip aos parlamentares e convidados. Segundo ela, todo o procedimento, que durou cerca de dois anos e meio, foi feito com base em critérios técnicos e análises minuciosas dos documentos e procedimentos adotados pela empresa. Para ela, isso não significa que a fiscalização esteja estagnada, e afirma que a empresa deve continuar seguindo todas as exigências legais.

Sobre a fala da representante da Supram, Ilmar Bastos Santos, lembrou que o processo de licenciamento ambiental só tem início quando o Poder Executivo Municipal se mostra a favor do empreendimento. "O licenciamento é uma negociação de interesses. Todos sabem que a atuação da empresa é importante, desde que não seja próximo da nossa casa. O fato é que a prefeitura de Santa Luzia declarou, por meio de documentos, ter conhecimentos técnicos e legais sobre o trabalho realizado pela Serquip", esclareceu.

Meio termo - Para o deputado Fahim Sawan (PSDB), o assunto é técnico e a população deve ser devidamente esclarecida. Ele acredita que o receio vem dos desconhecimento das pessoas sobre o trabalho da empresa. Em sua fala, reforçou a legitimidade dos licenciamentos, mas sugeriu que a comunidade e os órgãos ambientais monitorem o cumprimento das exigências pela empresa.

Para o presidente do CAO de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, Willian dos Santos, é preciso achar um meio termo que preserve tanto os empregos gerados pela Serquip, quanto a saúde dos trabalhadores e da população.

Encaminhamentos - Após os debates, foram aprovados sete requerimentos, todos de autoria do deputado Durval Ângelo, sendo cinco relativos às denúncias contra a Serquip em Santa Luzia. Foi solicitada realização de um audiência da Supram com os moradores e representantes da Serquip, para que sejam apresentados os possíveis danos à saúde da população com a presença da empresa na cidade; solicitado encaminhamento das notas taquigráficas da reunião à Secretaria Municipal de Saúde de Santa Luzia, assim como do pedido de envio de um relatório dos últimos seis anos de problemas acarretados pela emissão de gases da empresa na cidade; pedido o envio das notas taquigráficas e dos pareceres assinados pela Prefeitura de Santa Luzia e Semad que licenciam a Serquip para funcionar na cidade; envio de solicitação ao Ministério do Trabalho para que seja feito exame de sangue nos empregados da Serquip para verificar se há alguma doença causada pelo trabalho com resíduos sólidos ou gases provocados pela incineração de lixo industrial e hospitalar; e envio de solicitação à Secretaria de Estado de Saúde para que o mesmo exame seja feito em moradores do entorno com o mesmo fim.

Os outros dois requerimentos solicitam o envio das notas taquigráficas aos Colegiado das Corregedorias da reunião da comissão que debateu o uso de armas não letais; e a realização de visita da comissão à manifestação que será feita no dia 14 de julho, por herdeiros de terrenos da Cidade Industrial, em Contagem, que não receberam indenizações já transitadas em julgado há várias décadas.

Após a audiência pública que tratou das denúncias contra a Serquip, foram recebidas outras três denúncias, referentes à violência policial, abuso de autoridade e de intimidação da Prefeitura de Belo Horizonte contra entidades estudantis.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Fahim Sawan (PSDB), vice-presidente; Vanderlei Miranda (PMDB); Gustavo Valadares (DEM); Célio Moreira (PSDB); e Carlin Moura (PCdoB).

 

 

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