Participantes de reunião defendem juíza de São Sebastião do Paraíso

A reunião conjunta das comissões de Segurança Pública e de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais...

30/06/2010 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Participantes de reunião defendem juíza de São Sebastião do Paraíso

A reunião conjunta das comissões de Segurança Pública e de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta quarta-feira (30/6/10), foi pontuada por depoimentos em defesa da atuação da juíza da Vara Criminal e de Execuções Penais de São Sebastião do Paraíso (Sul de Minas), Edna Pinto. A reunião contou com a presença de autoridades locais e representantes de entidades dos magistrados.

O encontro é um desdobramento da visita realizada pelos deputados Durval Ângelo (PT) e João Leite (PSDB), presidentes das comissões de Direitos Humanos e de Segurança Pública, respectivamente, à unidade prisional de São Sebastião do Paraíso, no dia 19 de maio. A visita foi motivada por denúncias de que presos daquela unidade seriam vítimas de tortura. Na ocasião, os deputados conversaram com cerca de 50 detentos, que teriam feito acusações contra o ex-diretor adjunto do presídio, Oswaldo Rattis Júnior, e contra a juíza Edna Pinto, responsabilizando-os por estarem envolvidos nos atos de tortura. A Corregedoria da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) apresentou aos deputados laudos de exames de corpo de delito feitos em dez detentos, que comprovariam as denúncias de agressão.

O deputado Antônio Carlos Arantes (PSC), um dos autores do requerimento, juntamente com o deputado Durval Ângelo (PT), fez um retrospecto sobre a situação da segurança pública em São Sebastião do Paraíso durante os últimos três anos, afirmando que os índices de criminalidade caíram sensivelmente nesse período graças à atuação da juíza. "Hoje nós temos o que muitos achavam ser utopia, que é a sensação de segurança na cidade", declarou. O deputado Durval Ângelo não pôde comparecer à reunião porque participava, no mesmo horário, de convenção estadual do PT.

Arantes disse que o objetivo da reunião era dar "oportunidade de defesa para quem está sendo acusado". Ele também criticou o fato de não ter sido convidado para fazer a visita à unidade prisional.

O deputado João Leite, que presidiu os trabalhos, esclareceu que todos os atos das comissões foram feitos com base em documentos legais. O parlamentar afirmou que as denúncias eram graves e que o papel do Legislativo é fiscalizar, apurando os fatos.

Entidades de magistrados se manifestam sobre o caso

O presidente da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis), juiz Bruno Terra Dias, falou em defesa da juíza Edna Pinto. "Não é possível crer que ela, vitimada de tantas doenças, trabalhando com muito esforço e sacrifício pessoal, tenha ligação direta ou indireta com essas denúncias", afirmou. Para ele, se os atos de tortura de fato ocorreram, foi sem o conhecimento do juíza.

O secretário-geral da Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (Anamages), o juiz Antônio Sbano, corroborou a opinião do juiz Bruno Terra Dias e relatou as condições em que se encontrava a unidade prisional de São Sebastião do Paraíso quando a juíza Edna Pinto assumiu a vara criminal.

De acordo com Sbano, além da precária situação das celas, que estavam sujas e tinham mau cheiro, a juíza encontrou telefones celulares em poder dos presos, determinando, por isso, uma série de medidas que teriam desagradado à comunidade carcerária, como a suspensão temporária de visitas e a entrada de alimentos. Sbano também ressaltou o fato de os índices de violência do município terem diminuído em razão do trabalho realizado pela juíza.

Também defendeu a juíza o presidente da Câmara Municipal de São Sebastião do Paraíso, vereador Ailton Silos, que afirmou que o esforço da magistrada é reconhecido por toda a cidade. O vice-prefeito Márcio da Silveira disse que as denúncias acabam desabonando todo o trabalho feito pela segurança pública da cidade. "A juíza Edna está sendo vilipendiada e não merece isso", declarou.

Ex-diretor de presídio se defende de acusações

"Esse momento foi muito esperado, faz um bom tempo que estou sendo massacrado sem o direito de defesa", desabafou o ex-diretor adjunto do presídio de São Sebastião do Paraíso, Oswaldo Rattis Júnior. Ele foi exonerado após denúncias de que estaria envolvido em atos de tortura contra detentos. Rattis afirma que ele não teve seu direito de defesa respeitado pela Corregedoria da Seds e que teria documentos comprovando esse fato. Ele também disse ter um documento assinado pelo subsecretário de Administração Prisional, Genilson Zeferino, que atesta a qualidade de seu trabalho no presídio de São Sebastião do Paraíso. Rattis criticou os presidentes das comissões por não terem colhido depoimentos de agentes penitenciários.

Em resposta, o deputado João Leite garantiu que tinha documentos contendo relatos de agentes penitenciários sobre diversas ocorrências de atos violentos contra detentos no presídio local.

O advogado de Rattis, Jefferson Rodrigues, alega que o processo de apuração realizado pela corregedoria, que culminou na exoneração de Rattis, é nulo e calunioso, por não ter sido garantido o direito de ampla defesa ao acusado. O advogado afirmou que foi impedido de acompanhar a vistoria que deu origem às denúncias.

O deputado Sargento Rodrigues (PDT) disse que a reunião permitiu direito à ampla defesa dos acusados e ao contraditório. Para o parlamentar, houve violação do processo legal no caso da exoneração de Rattis e que o termo de afastamento "foi feito de forma atabalhoada". Ele informou que procurou o secretário de Estado de Defesa Social, Moacyr Lobato, juntamente com o deputado Antônio Carlos Arantes, para apontar irregularidades no processo. Segundo o deputado, o secretário constatou, ao examinar o processo, que havia erros, determinando sua anulação e o reinício das apurações.

O deputado também defendeu a juíza Edna Pinto das acusações que pesam sobre ela, incluindo a de que a magistrada teria sido responsável pelo desaparecimento de cerca de 1.500 processos criminais. Sargento Rodrigues informou que a guarda desses processos é de responsabilidade do escrivão, que seria desafeto da juíza. Com relação às acusações feitas pelos detentos, o deputado disse que "ao agir de forma mais enérgica, a juíza provocou essa reação entre os presos". Rodrigues também lamentou a ausência de Luciana Nobre, da Corregedoria da Seds, e disse que a discussão ficou prejudicada por esse fato.

O deputado João Leite reiterou que as comissões estavam de posse de documentos que comprovariam as denúncias de tortura apuradas pela Corregedoria da Seds, e que providências seriam tomadas para punir esses atos e para apurar em que circunstâncias foram extraviados os cerca de 1.500 processos criminais da Vara de São Sebastião do Paraíso.

Durante a audiência, os deputados apresentaram uma série de requerimentos, que serão votados em reunião posterior, pedindo providências para o esclarecimento das denúncias.

Presenças - Deputados João Leite, presidente da Comissão de Segurança Pública; Antônio Carlos Arantes (PSC) e Sargento Rodrigues (PDT). Também participaram da reunião o diretor de Segurança Interna da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), Luiz Carlos Danúzio; e o desembargador Tibagy Salles de Oliveira.

 

 

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