TJMG estuda conciliação em 2ª instância como saída para escola

O presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), desembargador Cláudio Costa, defendeu, nesta terça-feira ...

29/06/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

TJMG estuda conciliação em 2ª instância como saída para escola

O presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), desembargador Cláudio Costa, defendeu, nesta terça-feira (29/6/10), a adoção de um mecanismo inédito na Justiça Comum como possível saída para o impasse que ameaça o funcionamento da Escola Família Agrícola (EFA) Bontempo, em Itaobim, no Vale do Jequitinhonha. Ele pediu à 3ª Vice-Presidência do Tribunal a realização imediata de um estudo acerca da viabilidade de se promover uma audiência de conciliação sobre o caso, embora a disputa pelo terreno onde a escola está instalada já tramite em segunda instância. A determinação foi dada durante visita da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembleia Legislativa de Minas Gerais ao presidente do TJMG.

A conciliação em segunda instância é praticada na solução de questões trabalhistas, mas inexiste na Justiça Comum brasileira, de acordo com Cláudio Costa. A audiência envolveria a Associação Escola Família Agrícola do Médio e Baixo Jequitinhonha, mantenedora da EFA Bontempo, e a Fundação Brasileira de Desenvolvimento (FBD) de Itaobim. A escola começou a ser construída em 1999, em terreno cedido em regime de comodato pela FBD, por tempo indeterminado. Em 2004, no entanto, a fundação reivindicou a posse da área por meio da abertura de processo judicial, atualmente em grau de recurso especial no TJMG.

Por enquanto, a decisão é favorável à FBD. A escola, com isso, corre o risco de sofrer uma ordem de despejo a qualquer momento, interrompendo o ano letivo de 127 alunos. A EFA de Itaobim oferece formação técnica de nível médio em Agropecuária a estudantes de 23 municípios e já graduou 212 jovens. As EFAs adotam uma metodologia de ensino conhecida como pedagogia da alternância, que possibilita aos alunos passar temporadas na escola e outras junto da família, no campo, onde aplicam os conhecimentos obtidos nas aulas.

Deputado diz que visita atendeu expectativas

A reunião da Comissão de Educação com o presidente do TJMG teve a presença de cinco deputados e de representantes da EFA Bontempo, da Associação Escola Família Agrícola do Médio e Baixo Jequitinhonha e de entidades que apoiam a causa da escola. A visita foi requerida pelo deputado Carlin Moura (PCdoB). Ele afirmou que o objetivo não era interferir no julgamento do mérito da questão, mas apresentar aspectos sociais relacionados ao possível fechamento da escola e apelar por uma última tentativa de conciliação entre as partes.

Carlin Moura agradeceu o empenho de Cláudio Costa na busca de uma solução. "O senhor atendeu todas as nossas expectativas", disse o deputado ao desembargador. Ele anunciou, ainda, que a comissão tenta o agendamento de visita ao governador Antonio Anastasia. O objetivo é pedir a ele que estude a possibilidade de o Estado desapropriar o terreno e cedê-lo à escola, outra possível saída para o impasse.

Os deputados Ruy Muniz (DEM), presidente da Comissão da Educação, e Carlos Gomes (PT) e as deputadas Gláucia Brandão (PPS) e Rosângela Reis (PV) também agradeceram a iniciativa do presidente do tribunal. Carlos Gomes afirmou que permitir o fechamento da EFA Bontempo é ir na contramão das medidas para fixar o homem no campo e reduzir o êxodo para os centros urbanos.

Esse aspecto foi destacado por outros participantes da visita. O delegado regional do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Eduardo Leal, disse que as EFAs oferecem aos jovens do meio rural uma alternativa real à migração para as cidades. "A escola fez uma alteração radical na vida dos jovens da região. Eram estudantes sem nenhuma perspectiva. Hoje, a maioria está conseguindo acessar a faculdade, são diretores de associações, são técnicos da Emater", acrescentou o diretor financeiro da Federação dos Trabalhadores em Agricultura de Minas Gerais (Fetaemg), Marcos Vinícius Dias Nunes.

A representante da Associação Mineira de Escolas Famílias Agrícola, Vanessa Baçante Jota, apresentou dados sobre o alcance das EFAs. Segundo ela, as 18 escolas desse tipo em Minas Gerais atendem mais de 800 alunos e beneficiam diretamente 1,5 mil famílias.

Investigação - O assessor da Comissão Pastoral da Terra em Minas Gerais, frei Gilvander Luís Moreira, fez críticas ao comportamento do presidente da FBD, padre Felice Bontempi. Inicialmente um parceiro da comunidade na construção da EFA, o padre mudou de postura e recusa-se, segundo frei Gilvander, a negociar uma solução para o caso. O assessor da Pastoral da Terra sugeriu que o Ministério Público investigue indícios de corrupção na fundação.

Também participaram da visita a coordenadora pedagógica da EFA Bontempo, Rosimere Jardim Franca; o presidente da Associação Escola Família Agrícola do Médio e Baixo Jequitinhonha, Alcísio Alves da Silva; a advogada Delze dos Santos Laureano; e a representante do deputado André Quintão (PT), Darklane Rodrigues. Cláudio Costa se disse sensibilizado com os relatos dos presentes.

A ameaça de fechamento da EFA Bontempo foi discutida anteriormente em audiência pública da Comissão de Educação, no dia 9 deste mês, quando foi aprovado o requerimento de visita ao presidente do TJMG.

Presenças - Deputados Ruy Muniz (DEM), presidente da comissão, Carlin Moura (PCdoB), Carlos Gomes (PT) e deputadas Gláucia Brandão (PPS) e Rosângela Reis (PV).

 

 

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