Policiais de Conceição do Pará são acusados de extorsão e tortura

Extorsão, tortura, apologia ao crime, acobertamento de roubo de cargas e sonegação fiscal, enriquecimento ilícito, de...

28/06/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Policiais de Conceição do Pará são acusados de extorsão e tortura

Extorsão, tortura, apologia ao crime, acobertamento de roubo de cargas e sonegação fiscal, enriquecimento ilícito, desrespeito à hierarquia militar, ameaça de morte, abuso de autoridade e invasão de domicílio foram algumas das acusações apresentadas nesta segunda-feira (28/6/10) por moradores de Conceição do Pará (Centro-Oeste) contra policiais militares da cidade. As denúncias foram feitas em reunião da Comissão de Direitos Humanos, em reunião requerida pelo deputado Antônio Júlio (PMDB). Entre os mais de 30 denunciantes estavam vítimas, vereadores e um subtenente do Corpo de Bombeiros do Estado de Minas Gerais. O ouvidor de Polícia de Minas Gerais, Paulo Vaz Alkmin, disse considerar esses os depoimentos mais graves que ele já presenciou na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Os principais acusados são o sargento PM Regicardo Antônio Rosa e seu subordinado, cabo PM José Geraldo da Silva. O advogado do sargento Rosa, Domingos Sávio de Mendonça, disse que seu cliente está disposto a abrir mão do sigilo fiscal, bancário e telefônico, e aceita de bom grado se a Polícia Militar afastá-lo durante a apuração das acusações. "Quem o acusou, terá que provar", advertiu o advogado.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT), recomendou o envio das notas taquigráficas da reunião à Corregedoria da Polícia Militar de Minas Gerais, à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), à Ouvidoria de Polícia e outros órgãos, a fim de colaborar com a apuração do caso. Segundo ele, a comissão recebeu denúncias de que os policiais militares estariam envolvidos com um atacadista do Ceasa, que receptaria mercadorias roubadas.

O ouvidor de Polícia e o advogado William Santos, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MG, anunciaram uma ação conjunta na cidade, com visitas para apurar as denúncias. O corregedor da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel PM Cezar Romero Machado Santos, disse que já foi instaurado um inquérito policial militar (IPM) para apurar algumas denúncias que foram feitas anteriormente. "Temos que aguardar o andamento do processo. Vou examinar as notas taquigráficas e pode ser necessário instaurar outros inquéritos", afirmou o coronel. Ele disse que a Corregedoria avaliará se recomenda a disponibilidade cautelar dos acusados, ou seja, se eles devem ser afastados durante a investigação.

Município é rota de desvio de caminhões

Um dos denunciantes foi o subtenente Robson Santos, do Corpo de Bombeiros, que disse ter entrado em conflito com o sargento Regicardo depois de ter começado a agir contra o trânsito de caminhões de carga na zona rural de Conceição do Pará. Os caminhões, para escapar da fiscalização na rodovia 356, passavam por pontes frágeis na zona rural. Ele notificou o Corpo de Bombeiros, que chegou a avaliar a interdição das pontes. De acordo com Santos, o sargento Regicardo Rosa recusou apoio na repressão a esse trânsito irregular e desautorizou o subtenente, seu superior, a agir nesse sentido. "Ele disse que eu não era polícia", afirmou. Mais tarde, Santos disse ter sido preso pelo sargento após dar voz de prisão a uma pessoa que rondava o sítio de seu pai. A casa havia sido arrombada pouco antes. O subtenente foi acusado de agressão à pessoa que estava em um carro, no único acesso ao sítio da família.

Geraldo Cesário de Faria disse ter sido extorquido por Rosa, que pediu propina para não dificultar a exploração de um estacionamento. Diante da recusa, o sargento teria começado a fazer blitzes nas proximidades do bar de Faria, prejudicando seu negócio. Questionado, teria dito ao comerciante: "Aqui é assim. Quem não paga, não ganha", segundo relato de Faria.

Denúncia ainda mais grave envolve também o cabo José Geraldo da Silva, que teria feito uma proposta a Raul Alexandre Teixeira para que este matasse um pescador, Emerson Alves Lopes. "Ele disse: 'você pode dominar o tráfico de droga; se você matar ele pra mim, eu te dou carta branca'", afirmou. Depois de revelar a proposta, Teixeira teria se tornado também vítima de ameaças de morte.

Alvo da proposta de assassinato, Lopes entrou em conflito com o sargento Rosa depois que este apreendeu seu equipamento de pesca. Em uma ocasião, o sargento o teria ameaçado colocando uma arma em sua cabeça. Lopes e outros moradores disseram ter medo porque, nos últimos tempos, os corpos de oito pescadores mortos apareceram no rio Pará. Nenhum dos crimes foi solucionado.

Outro caso impressionante que envolveu o cabo Silva foi uma ação da PM para reprimir uma festa em um sítio, que estaria perturbando vizinhos com o som em alto volume. Um dos frequentadores da festa estava de muletas, se recuperando de uma fratura do fêmur. Ainda assim, foi obrigado a tirar a roupa e se agachar três vezes, para uma revista. Outras pessoas disseram ter sido torturadas ou espancadas por Regicardo Rosa ou seus subordinados. Um deles é um hemofílico, espancado publicamente e algemado, apesar das fístulas que apresentava no corpo por causa da doença. Por causa da surra, ficou dois dias de cama.

Segundo relato do vereador Ademilson de Campos, que disse ter sido ameaçado por Regicardo Rosa, o policial já possui quatro casas e duas lojas em Conceição do Pará, patrimônio incompatível com a remuneração de um sargento da Polícia Militar.

Presenças - Deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão; e Antônio Júlio (PMDB). Além das autoridades citadas no texto, participaram os vereadores Lourival Soares dos Santos, Geraldo Magela Leão e Antônio Hilarino Estevão, todos de Conceição do Pará.

 

 

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