Comunidades do Norte de MG querem mudança administrativa

A distância geográfica e a falta de acesso a serviços básicos são as principais dificuldades de 18 comunidades do Nor...

28/06/2010 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comunidades do Norte de MG querem mudança administrativa

A distância geográfica e a falta de acesso a serviços básicos são as principais dificuldades de 18 comunidades do Norte de Minas que querem ser anexadas ao município de Taiobeiras, deixando de integrar o território da vizinha Rio Pardo de Minas. A solução deverá ser negociada entre as duas Câmaras municipais, por meio de projeto de lei, segundo apurou a Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em audiência realizada em Taiobeiras, nesta segunda-feira (28/6/10). Solicitada pelo deputado Paulo Guedes (PT), vice-presidente da comissão, a audiência reuniu autoridades das duas cidades e das comunidades.

Um abaixo assinado com mais de 700 assinaturas entregue ao deputado Paulo Guedes em janeiro desse ano motivou a reunião. O auditório lotado por mais de 500 pessoas na Escola Municipal João da Cruz Santos mostrou a disposição das comunidades rurais, entre elas Tinguí, Catanduvas, Canoas, Barreiros, Palmeiras, Brejinho, Traíras, Catulé, Vereda Comprida, Areião, Fausto e Taquára.

A reclamação delas, segundo o presidente da Associação dos Trabalhadores e agricultores de Areião, Lúcio Moreira Sobrinho, é a falta de assistência na área de saúde e educação, além da distância. Areião está a 43 quilômetros de Rio Pardo e somente a quatro quilômetros de Taiobeiras. Outro problema levantado por ele foi em relação à Emater. "O técnico em Rio Pardo sempre usa a distância para deixar de nos prestar assistência", disse.

Representando as comunidades de Tingui, Catanduva e Canoas, Maria Santana destacou que não condenava o prefeito de Rio Pardo, mas que as comunidades queriam resolver o problema. E citou também a questão da distância e dos serviços não atendidos. "Nós nos sentimos excluídos de Rio Pardo, por isso audiência é o primeiro passo. Já fizemos várias reuniões locais e não fomos atendidos. Agora tomamos outro rumo".

Paulo Guedes foi cauteloso ao discorrer sobre as dificuldades da reivindicação, destacando a necessidade de fazer tudo com muita discussão, com muito envolvimento das duas cidades, mas salientou a motivação das comunidades presentes. Ele lembrou que a atual divisão territorial é uma herança histórica e qualquer solução sempre acarretará perdas para um dos lados. Ele destacou que há situações semelhantes em outras regiões mineiras, citando o caso de Ibiracatu e Pedras de Maria da Fé, que têm a mesma demanda e que já foram objeto de audiência também da Comissão de Assuntos Municipais.

Rio Pardo perderá recursos do FPM

Mesmo destacando estar aberto e disposto a atender às comunidades, o prefeito de Rio Pardo de Minas, Antônio Pinheiro Cruz lembrou que é preciso ter responsabilidade ao se fazer qualquer alteração. Segundo ele, esta é uma situação herdada por ele, e que a cidade também é prejudicada. "A falta de recursos é no Brasil, não dá para fazer tudo que a população necessita, com o que arrecadamos", disse. "Mas tudo tem o ônus e o bônus, a alteração vai provocar a queda do Fundo de Participações dos Municípios (FPM), de Rio Pardo", disse o prefeito, sem precisar valores, já que o cálculo depende de recontagem da população com as alterações.

O discurso da mudança com responsabilidade também foi destacado pelo prefeito de Taiobeiras, Denerval Germano da Cruz. Ele declarou seu constrangimento pela realização da reunião em sua cidade. "A audiência para ser mais democrática deveria ser realizada em Rio Pardo, para não parecer que Taiobeiras está avançando sobre o território do vizinho".

Os dois prefeitos querem novas audiências para ouvir a população e não só as comunidades. Ambos defenderam o desenvolvimento não só de suas cidades , mas de toda a região Norte de Minas. Denerval Germano endossou as palavras de seu colega de Rio Pardo, ao destacar que as dificuldades são inerentes a todas as cidades. Mas lembrou que com os novos investimentos anunciados para Rio Pardo, com as jazidas de ferro recém-descobertas, a cidade poderá ter um incremento econômico grande, "o que com certeza reverterá em melhor atendimento de toda a população".

Vereadores das duas cidades se revezaram no apoio à iniciativa das 18 comunidades, destacando contudo, que é preciso mais discussão. Muitos enfatizaram a necessidade de realização de um plebiscito, como o vereador Vitor Hugo Teixeira, presidente da Câmara de Taiobeiras. Segundo o vereador de Taiobeiras Wilson da Silva (PR), os moradores desses povoados possuem ligações culturais e históricas com o município e por isso querem pertencer oficialmente a Taiobeiras. "Legalmente eles pertencem a Rio Pardo de Minas, mas são atendidos por médicos, escolas e outros serviços em Taiobeiras, por estarem mais próximos, isso sem falar na identidade criada com as tradições da cidade. Por esses motivos, essa população quer a mudança", explicou.

Diversos moradores das comunidades se manifestaram nos debates, muitos relatando as dificuldades do dia a dia, mas tendo o cuidado de não criticar a administração de Rio Pardo. E muitos enfatizaram que as perdas da cidade não serão grandes, já que seu território é bastante extenso. Já o deputado Paulo Guedes enfatizou a aplicação da Lei Complementar 37 que determina a alteração mediante acordo simples entre as duas prefeituras, por projeto de lei das Câmaras e homologação pela Assembleia.

Presenças - Deputado Paulo Guedes, vice-presidente, que presidiu a audiência, prefeitos de Rio Pardo e Taiobeiras, Antônio Pinheiro Cruz e Denerval Germano Cruz, respectivamente; o representante do IBGE, José Marcílio Matos; o presidente da Câmara de Taiobeiras, Vítor Hugo Teixeira; vereadores das duas cidades e presidentes das associações comunitárias envolvidas.

 

 

 

 

 

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