Nomeado interventor para presídio de Caratinga

A situação no presídio de Caratinga (Rio Doce) parece melhor, após as providências tomadas pela Secretaria de Estado ...

21/06/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Nomeado interventor para presídio de Caratinga

A situação no presídio de Caratinga (Rio Doce) parece melhor, após as providências tomadas pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), em função das denúncias feitas em maio pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Foi o que ficou demonstrado após a audiência pública solicitada pelo presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), na tarde desta segunda-feira (21/6/10), na Câmara do município.

Em consequência das acusações de maus tratos e tortura de presos, o diretor do presídio, Nilton Rodrigues Júnior, foi afastado e a Seds nomeou um interventor para gerir a unidade. Durval destacou ainda que presos vítimas de tortura foram transferidos para o presídio de Ponte Nova, onde estão em segurança. Informou também que os exames de corpo delito dos presos ficaram prontos e comprovam as denúncias de violência contra eles. O deputado disse que vai encaminhar as notas taquigráficas da reunião para o juiz e o promotor de Justiça da Vara de Execuções Penais de Caratinga, Ouvidoria do Sistema prisional, Corregedoria e Delegacia Regional da cidade. Sobre a segurança do agente penitenciário Sérgio Luiz Ferreira dos Santos, autor das primeiras denúncias à comissão, o parlamentar acrescentou que vai continuar atento.

O interventor nomeado, Luiz Carlos Danúnzio, diretor de Segurança Interna da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), destacou que todas as denúncias envolvendo os detentos do presídio estão sendo apuradas pela Corregedoria. "Se a pessoa for considerada culpada vai pagar pelos seus erros. A Suapi não é conivente com o erro de ninguém", reforçou. Danúnzio procurou tranquilizar os familiares de detentos: garanto a vocês que, enquanto eu estiver na administração do presídio, não vai acontecer nada com o filho de ninguém". E deu um recado aos agentes penitenciários da unidade, dizendo que buscará dar maior dignidade ao trabalho desses profissionais.

Durval fez alguns questionamentos ao interventor quanto a condutas irregulares do antigo diretor do presídio. Ele citou a construção de residência na própria unidade, uso de material da Apac em reforma da casa, utilização de viatura para fazer compras pessoais. Luiz Carlos Danúnzio respondeu que tudo está sendo devidamente apurado.

Denúncias de agente foram todas confirmadas

Durval Ângelo relatou que todas as denúncias feitas pelo agente Sérgio Ferreira foram confirmadas pela comissão. No dia 14 de maio, 30 presos foram ouvidos em uma sala reservada do presídio e prestaram depoimentos semelhantes, informando episódios de tortura comandadas pelo diretor Nilton Rodrigues. "Colhemos depoimentos nas próprias celas, com a TV Assembleia gravando tudo, filmamos presos com marcas de balas de borracha, de choques", reforçou. Na ocasião, Nilton Rodrigues negou as acusações e atribuiu as denúncias a um complô dos presos, pois teria conseguido bloquear a entrada de drogas, celulares e prostitutas no presídio.

O juiz da Vara Cível de Caratinga, Alexandre Ferreira, também tranquilizou os presentes quanto à determinação do Estado de apurar os fatos e punir os culpados. O promotor de Justiça Antônio Henrique Franco Lopes comunicou que o Ministério Público entrou com uma ação civil pública e uma ação penal contra o ex-diretor do presídio e mais quatro agentes penitenciários. Ele solicitou à comissão que lhe encaminhasse os exames de corpo delito comprovando violência contra os presos, assim como as notas taquigráficas da reunião.

Na fase de debates, várias mães e outros familiares dos presos foram ao microfone relatar a violência sofrida por eles na gestão de Nilton Rodrigues. De acordo com eles, o ex-diretor torturava os detentos ao som de músicas evangélicas, dizendo que era para espantar o demônio. Muitos familiares pediram a volta de detentos para Caratinga, onde ficam mais perto de suas famílias. Elaine Barbosa Ferreira, mulher do agente penitenciário que fez as primeiras denúncias, Sérgio Ferreira, denunciou que seu marido está sendo pressionado pelos superiores. Segundo ela, Sérgio teria sido isolado para não ter contato com os presos e saber das ameaças e agressões sofridas por eles.

Presenças - Deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão. Além dele, também estiveram presentes à reunião o vice-prefeito e o vice-presidente da Câmara Municipal, Aluísio Motta Palhares e Valter Cardoso de Paiva; o vereador de Caratinga, João Roberto Teodoro; o assessor do gabinete da Suapi, Marcus Vinicius Cortez; os integrantes da Pastoral Carcerária local, frei Mariano Junior, Maria de Lourdes Oliveira e Tiago Dutra Vaz de Souza; e o membro do Conselho da Comunidade, José Carlos Pizani da Silva.

 

 

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