Especialistas defendem criação de rede para combate às drogas

Participantes da audiência pública da Comissão Extraordinária de Políticas Públicas de Enfrentamento à Aids, DSTs, Al...

21/06/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Especialistas defendem criação de rede para combate às drogas

Participantes da audiência pública da Comissão Extraordinária de Políticas Públicas de Enfrentamento à Aids, DSTs, Alcoolismo, Drogas e Entorpecentes, reunidos na tarde desta segunda-feira (21/6/10) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, defenderam a utilização das equipes do Programa Saúde da Família (PSF) para criar uma rede estadual de prevenção e tratamento do uso de drogas. O coordenador da comissão e autor do requerimento para a reunião, deputado Fahim Sawan (PSDB), completou que esses profissionais precisam ser capacitados para identificar o dependente na comunidade, orientar a família e fazer o encaminhamento adequado para cada caso.

O representante do Conselho Regional de Medicina (CRM-MG), Ricardo Nascimento Rodrigues, acrescentou que é muito mais fácil aproveitar a estrutura que já existe no Estado, ao invés de se criar uma nova para fazer o trabalho. "É preciso integrar os postos de saúde, as equipes do PSF com hospitais, clínicas e serviços sociais que possam oferecer a assistência completa aos dependentes", disse.

Essa rede, na visão dos participantes, pode melhorar o atendimento, considerado ainda precário no Estado. Segundo a psicóloga da Secretaria de Estado de Saúde, Ana Regina Machado, existem em Minas apenas 19 centros especializados em tratamento de drogas, e a proposta é chegar a 72. "Só muito recentemente, em 2003, foi estabelecida uma política de atenção às drogas no Estado e ela ainda está sendo implantada", ressalvou.

O presidente do Conselho Estadual Antidrogas (Conead), Aloísio Antônio de Andrade Freitas, revelou que foi entregue uma proposta ao presidente Lula para se criar uma contribuição social sobre bebidas alcóolicas e tabaco para se criar um fundo de financiamento de projetos de prevenção e combate às drogas. Ele reclamou que já foi criado um fundo estadual em Minas Gerais, há 14 anos, mas que ainda não foi regulamentado. "Para se combater o problema, é preciso ter recursos", advertiu. Aloísio Freitas comparou os investimentos no Estado no ano passado: R$ 10 milhões em projetos voltados para a prevenção do uso de entorpecentes e R$ 143 milhões em projetos culturais. "Os investimentos estão aumentando, mas ainda são insuficientes", criticou.

Aumento de consumo de crack preocupa especialistas

Fahim Sawan lamentou que nas 16 reuniões da comissão pelo interior de Minas, percebeu que a sensação da sociedade em relação às drogas é de total impotência. "O sentimento geral é de que estamos perdendo a luta, principalmente para o crack", afirmou, lembrando que não existe mais nenhum município mineiro que não conviva com esse problema.

Criada em março do ano passado, o objetivo da comissão é ouvir especialistas de todo o Estado para apresentar sugestões para a implantação de uma política pública voltada para o enfrentamento das doenças e das dependências químicas abordadas. O deputado também sugeriu a criação de um fórum permanente para acompanhar essas políticas.

A gerente assistencial do Centro Mineiro de Toxicomania, Raquel Martins Pinheiro, disse que 44% das pessoas atendidas no centro são usuárias de crack. Segundo ela, desde 2009 o atendimento a dependentes de drogas tem superado o de álcool, que historicamente sempre foi maior.

A preocupação dos especialistas é com o grande efeito devastador do crack. O deputado explicou que a droga tem um poder viciante muito alto e provoca muito rapidamente sequelas irreversíveis. Com cinco anos de uso, o índice de mortes também é muito alto. Ele reclamou que não existem estatísticas, mas citou uma pesquisa realizada em São Paulo que aponta que 54% das mortes relacionadas à droga são por assassinatos.

O coronel da Polícia Militar Eduardo Campolina falou sobre o trabalho de prevenção e repressão ao tráfico que vem sendo desenvolvido pela corporação. Segundo ele, são realizadas campanhas educativas, ações sociais e projetos de mobilização da sociedade para evitar o uso de drogas, como o Programa Educacional de Resistências às Drogas (Proerd), que motiva crianças e adolescentes a dizer não ao vício.

A representante da Subsecretaria de Estado de Políticas Antidrogas, Geisa Fernandes Calvert, considera que o principal problema é a falta de informação da sociedade. Muitas vezes, a família não sabe a quem recorrer quando convive com um dependente. Ela disse que o cidadão pode recorrer ao número 155 (ligação gratuita) para se orientar. Em Belo Horizonte, pode procurar o Centro de Referência Estadual em Álcool e Drogas (Cread), na Rua Tupinambás, 314 ou ligar para 3274-1989 ou 3273-0971

Repressão - Para combater a oferta de entorpecentes, a PM tem priorizado atividades de inteligência para se antecipar à ação de traficantes, mapeando os pontos de venda na Capital e o perfil e comportamento dos principais grupos que atuam na cidade. Com a ampliação dessa repressão, aumentou em 18,6% o número de ocorrências relativas às drogas entre 2008 e 2009, quando foram registrados 42.595 casos no Estado. A corporação também tem divulgado o número 181, que o cidadão pode discar para fazer denúncias anônimas sobre tráfico ou uso de drogas.

Já a Polícia Federal tem aumentado a repressão nas fronteiras e áreas próximas, para evitar a saída e a entrada de drogas no Brasil. O delegado João Geraldo de Almeida disse que 600 policiais da força nacional estão envolvidos no trabalho que é feito em cooperação com outras instituições nos Estados. A fiscalização de passageiros em aeroportos também tem sido reforçada, principalmente para impedir a entrada de comprimidos de ecstasy, muito consumidos em raves (festas em sítios ou lugares fora da cidade).

João de Almeida afirmou que a PF também está empenhada no controle de produtos químicos que são necessários para a preparação das drogas. Segundo ele, em função do aumento do controle, já estão sendo encontrados cracks com maior índice de pureza, em torno de 70%. Tem aumentado, também, a importação da droga.

Presenças - Deputado Fahim Sawan (PSDB), coordenador. Além dos citados na matéria, também estiveram presente o agente da Polícia Federal, Marcos Lima; a assessora da superintendência de Prevenção à Criminalidade da Secretaria de Defesa Social, Fernanda Machado Givisiez; o capitão PM Hudson Ferraz; e o diretor da Escola de Advocacia Pública da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), Joel Gomes Moreira Filho.

 

 

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