Defesa de menos impostos marca debate sobre produtos dietéticos

Um milhão e trezentos mil mineiros adultos são portadores de diabetes e o número de crianças e adolescentes com a doe...

14/06/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Defesa de menos impostos marca debate sobre produtos dietéticos

Um milhão e trezentos mil mineiros adultos são portadores de diabetes e o número de crianças e adolescentes com a doença também é expressivo, por fatores hereditários ou hábitos alimentares inadequados. Oitenta por cento desses casos poderiam ser evitados com dieta e atividades físicas, mas a incidência cresce mais do que a população. Entre os obstáculos enfrentados pelos portadores, estão os custos de se tratar. Estas foram algumas das informações apresentadas por deputados e especialistas no Debate Público Produtos para diabéticos: a questão tributária, realizado no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta segunda-feira (14/6/10), a requerimento do deputado Célio Moreira (PSDB).

O debate foi presidido pelo deputado Carlos Mosconi (PSDB), presidente da Comissão de Saúde, e teve a participação dos deputados Doutor Rinaldo (PSL) e Fahim Sawan (PSDB). A defesa da redução de tributos sobre remédios e alimentos deu o tom das discussões. Na abertura, Célio Moreira apresentou uma previsão preocupante da expansão do diabetes, citando dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo o deputado, em 1985 havia 30 milhões de diabéticos na América Latina. O número cresceu para 135 milhões em 1995, 167 milhões em 2000 e está previsto para 333 milhões em 2025, tornando-se a segunda maior causa de morte no continente.

"Precisamos aliviar os gastos das famílias com o diabetes, que exige remédios diários pelo resto da vida da pessoa, através da desoneração fiscal. Hoje o ICMS para medicamentos, insumos e alimentos dietéticos é de 18%. O Governo Federal já isentou de IPI, desde 2006, as gomas de mascar, caramelos, confeitos e pastilhas sem açúcar. É preciso que a Secretaria da Fazenda realize um estudo sobre o impacto da renúncia fiscal", afirmou Célio Moreira.

Renúncia fiscal é estimada em R$ 22 milhões anuais

A Secretaria de Estado da Fazenda tem estudos preliminares sobre o assunto. O gerente da Divisão de Estudos Tributários, Ricardo Oliveira, estima a renúncia fiscal sobre os produtos vendidos em farmácias em R$ 17,3 milhões por ano, e nos supermercados, apenas sobre os produtos dietéticos, em R$ 4,7 milhões, o que soma R$ 22 milhões. Segundo ele, alguns produtos alimentícios já gozam de reduções, como os da cesta básica, que pagam apenas 7%, e os medicamentos em embalagens hospitalares, que pagam 12%.

Além do mais, um pleito como o apresentado pelo deputado dependeria de convênio do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), para equilibrar com os demais estados, e medidas compensatórias do tributo a ser perdido, por força da Lei de Responsabilidade Fiscal.

A Secretaria de Estado de Saúde trabalha com três linhas de tratamento para o diabetes: a educação, a atividade física e os medicamentos. O gerente de redes temáticas da secretaria, Marcílio Dias Magalhães, e a integrante da equipe de hipertensão e diabetes, Fernanda Santos Pereira, explicaram o atendimento prestado nos seis centros chamados Hiperdia, onde há cardiologistas e endocrinologistas para atender hipertensos e diabéticos.

Os centros já funcionam em Janaúba, Brasília de Minas, Santo Antônio do Monte, Itabirito, Almenara e Pedra Azul. Os próximos a ser inaugurados estão em Viçosa e Itabira. Vários medicamentos são distribuídos gratuitamente nesses centros, mas os insumos, como as fitas de teste de glicose, ficam a cargo das prefeituras. O Governo do Estado gastou R$ 5,78 milhões em 2009 com os medicamentos para diabéticos.

Menos impostos - Apesar das ressalvas apresentadas pelo gerente da Secretaria da Fazenda, profissionais de saúde e integrantes de entidades que representam diabéticos defenderam a redução da carga tributária sobre remédios e alimentos. A diretora científica da Sociedade Brasileira de Diabetes, Adriana Bosco, afirmou que a diminuição de tributos facilitaria a compra de medicamentos pela classe média e permitiria ao Estado concentrar recursos no atendimento aos pacientes que não têm condições de bancar o tratamento. A isenção também ampliaria o acesso a alimentos dietéticos. Adriana lembrou que a obesidade é a grande causa de diabetes do tipo 2.

Para o advogado tributarista Janir Adir Moreira, só os mais ricos têm condições de arcar com os custos de produtos dietéticos. "Os pobres continuam a consumir açúcar, engordar e morrer", declarou. A presidente da Associação de Diabetes Infantil, Maria Aparecida Campos, afirmou que os diabéticos, quando bem cuidados, têm qualidade de vida e podem envelhecer com dignidade.

O endocrinologista pediátrico Cristiano Túlio Albuquerque apresentou os resultados de uma pesquisa realizada com crianças e adolescentes atendidos pelo Hospital das Clínicas. O levantamento mostra a relação entre as condições socioeconômicas e o tratamento do diabetes. Para a maior parte dos pacientes (55%), a principal dificuldade é seguir a dieta, em parte por causa do custo dos alimentos. A renda média familiar dos pesquisados é de 2,89 salários mínimos. Além disso, mais da metade dos pais dessas crianças e adolescentes tem baixo nível de escolaridade, o que dificulta a compreensão de receitas médicas. Por isso, Albuquerque defendeu não só a redução de tributos, mas também a criação de programas de educação para os pais de pacientes infantis.

A defesa de uma menor carga tributária sobre produtos para diabéticos foi feita, ainda, pelo deputado Carlos Mosconi, pelo médico e professor aposentado da Faculdade de Medicina da UFMG, Ildeu de Oliveira Santos, e pelo representante da Advocacia-Geral da União, Guilherme Salgado Lage. O coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde, Gilmar de Assis, cobrou o cumprimento pelos governos da Emenda Constitucional 29, que determina a aplicação em saúde de percentuais mínimos do orçamento.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente da Comissão de Saúde; Célio Moreira (PSDB), Fahim Sawan (PSDB) e Doutor Rinaldo (PSL).

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715