Direitos Humanos avança na apuração de crimes na Grande
BH
Serão pelo menos mais quatro meses de investigações
até que sejam esclarecidas as denúncias da existência de grupos de
extermínio, com envolvimento de policiais militares, em São José da
Lapa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A informação foi
dada nesta segunda-feira (7/6/10) pelo inspetor de polícia Amilton
Eustáquio Félix, durante reunião da Comissão de Direitos Humanos da
Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Requerida pelo presidente da
comissão, deputado Durval Ângelo (PT), a audiência teve o objetivo
de debater o andamento dos trabalhos de investigação, que já duram
dois anos.
A mãe e o advogado de um dos policiais acusados, o
cabo Rodney Balbino Leonardi, conhecido como "Robocop", compareceram
à reunião. Hilda Balbina Leonardi reafirmou o que já havia dito em
outras audiências para tratar do tema, que se trata de uma armação
contra sua família. Já o advogado Felisberto Egg Rezende entregou
cópias de depoimentos de testemunhas, feitos em seu escritório,
contradizendo depoimentos prestados anteriormente em juízo.
Para o deputado Durval Ângelo, a simples obtenção
dessas novas versões, inocentando Rodney e seu irmão, Robert,
configura coação de testemunhas. "Depoimento colhido em escritório
de advogado parece coação de testemunha no curso do processo. Se a
moda pega, daqui a pouco não vamos mais precisar de tribunais",
ironizou. O promotor de Justiça da comarca de Vespasiano, Daniel de
Oliveira Malard, também achou descabida a existência de depoimentos
sem a presença do juiz e adiantou que eles não têm qualquer
validade.
O advogado denunciou que as testemunhas que
compareceram ao seu escritório foram depois conduzidas pela Polícia
Civil à delegacia para prestarem novo depoimento, desta vez mantendo
as versões iniciais de suas falas.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos
afirmou que, nesta terça-feira (8), vai à delegacia de São José da
Lapa para obter mais informações sobre o andamento do inquérito
policial que apura as mortes praticadas pelo suposto grupo de
extermínio. Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Servidores da
Polícia Civil de Minas Gerais, Denilson Martins, o número de
homicídios nos últimos três anos chega a 40, número muito alto para
uma cidade com menos de 25 mil habitantes.
Deputado cita gravações telefônicas
comprometedoras
Durval lembrou que, após a prisão de Robert
Leonardi, em fevereiro deste ano, caiu sensivelmente a quantidade de
assassinatos na cidade. Essas mortes estariam ligadas, em sua
maioria, a desavenças criadas pelo tráfico de drogas. Gravações
telefônicas feitas com autorização da Justiça complicariam a
situação dos irmãos Robert e Rodney, disse Durval, adiantando apenas
que elas revelam diálogos comprometedores, nos quais são combinados
datas e procedimentos para a execução de assassinatos.
O deputado colocou em dúvida ainda a quantidade de
licenças médicas que o policial Rodney tem tirado. Há um ano e meio
ele está afastado de suas funções e estava preso até cerca de 20
dias atrás, quando foi solto por determinação judicial. O advogado
explicou que "Robocop" tem problemas psiquiátricos, tanto que foi
deslocado para funções administrativas. Mas Durval lembrou que uma
licença médica interrompe o andamento do inquérito. Ele questionou
ainda o fato de o policial possuir duas armas não registradas, o que
configura crime e pode resultar até mesmo na expulsão do cabo da
Polícia Militar. A mãe do policial confirmou também que Robert já
teve dois veículos iguais aos que foram vistos em cenas de crimes na
cidade.
Ao final da reunião, Durval Ângelo entregou a
Amilton Félix uma placa comemorativa cumprimentando o delegado
Márcio de Oliveira Castro pelos bons serviços prestados ao povo
lapense e pelo respeito aos direitos humanos.
Presença - Deputado Durval
Ângelo (PT), presidente. Além das personalidades citadas na matéria,
participaram da reunião o ouvidor de Polícia do Estado, Paulo Vaz
Alkimin; o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do
Estado, Edson José Pereira; e o delegado Fábio Silva
Tasca.
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