Fim de convênio entre CEF e Loteria Mineira frustra lotéricas

Unilateral, mesquinha e arbitrária. Assim o deputado Délio Malheiros (PV) classificou a decisão da Caixa Econômica Fe...

02/06/2010 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Fim de convênio entre CEF e Loteria Mineira frustra lotéricas

Unilateral, mesquinha e arbitrária. Assim o deputado Délio Malheiros (PV) classificou a decisão da Caixa Econômica Federal (CEF) de não prorrogar o convênio que permitia às casas lotéricas vender bilhetes da Loteria Mineira. Na audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizada nesta quarta-feira (2/6/10), o deputado, autor do requerimento para a reunião, afirmou que pretende mobilizar os demais parlamentares, a Ordem dos Advogados do Brasil e o próprio Governo do Estado para reverter a decisão.

O convênio entre a Caixa e a Loteria Mineira expirou no último dia 31 e o banco informou que ele não seria renovado. Como forma de garantir uma "transição mais tranquila", como definiu a advogada da Caixa, Helena Silveira, a venda dos produtos da Loteria Mineira foi permitida até o final de junho. Mas isso não deixou os donos de lotéricas satisfeitos: eles querem um ano de prorrogação. Segundo o presidente do Sindicato dos Lotéricos de Minas Gerais (Sicoemg), Marcelo Gomes de Araújo, o fim do convênio vai representar uma perda estimada de 8% a 12% na receita dos estabelecimentos. Ao pedir que a CEF reveja sua decisão, ele argumentou que isso representa muito para as lojas, apesar de ser insignificante para a Caixa.

A advogada do banco, Helena Silveira, alegou que a instituição honrou o contrato celebrado e disse que o seu término obedece a uma determinação judicial, sendo, portanto, baseado na lei. Para o advogado dos lotéricos, Marco Vinício Martins de Sá, a súmula vinculante emitida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) proíbe o Estado de legislar sobre loterias, mas não o impede de mantê-las. Já o superintendente regional da CEF, Júlio César Reis, informou que o banco está estudando alternativas para evitar a descapitalização das casas lotéricas.

Preocupação - Ao falar em nome dos demais proprietários de lotéricas, o empresário Marcelo Pacífico se queixou de perdas progressivas de renda nos últimos dez anos e disse que a situação econômica desses estabelecimentos está ficando insuportável. Após prever uma falência em série das lojas, ele adiantou que está diversificando sua atividade profissional, pois não acredita que a CEF vá promover alguma compensação às lotéricas.

O diretor-geral da Loteria Mineira, Ernane Campos Porto, falou das realizações sociais da instituição, como participações na construção do Mineirão e do Instituto Hilton Rocha. Délio Malheiros acrescentou que o fim do convênio acena com "o fechamento de uma instituição centenária, que presta um importantíssimo serviço para Minas Gerais". Ele lembrou ainda que inúmeras instituições assistenciais que sobrevivem com recursos oriundos da Loteria Mineira também correm risco de fechar as portas.

Cai número de assaltos a casas lotéricas

A questão da segurança nos estabelecimentos lotéricos foi outro assunto da pauta da audiência pública. Representantes das polícias Civil e Militar trouxeram para a reunião estatísticas que comprovam a redução do número de assaltos. Segundo o major Alfredo José Alves Veloso, nos primeiros quatro meses de 2010 houve duas ocorrências, sendo que no mesmo período do ano passado foram registradas oito e, em 2008, dez. Isso se deve, segundo ele, às ações preventivas e repressivas da polícia e também ao aumento da cautela por parte das lojas.

O delegado Horivelton Cabral Ribeiro sugeriu que as casas lotéricas adotem procedimentos de autoproteção, como contratação de vigilantes, instalação de circuito interno de TV, porta giratória com detector de metais e dispositivo para digitalização de documento de identidade dos clientes na entrada.

Ao questionamento do deputado Délio Malheiros sobre o projeto que a CEF tem de oferecer a possibilidade de apostas via internet, o superintendente regional do banco, Júlio César Reis, informou que isso ainda está em estudo, mas que o objetivo é ampliar o leque de clientes das próprias lotéricas, uma vez que vai permitir que o apostador defina a loja por meio da qual ele pretende fazer seu jogo.

Ao final da reunião, o deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) criticou o que chamou de falta de compromisso da CEF com Minas Gerais e colocou sob suspeita os sorteios realizados pela instituição. Quanto ao fim do convênio com a Loteria Mineira, ele disse que o problema teria sido evitado se, há dez anos, ela tivesse criado a sua rede própria de lojas. Representantes das lotéricas também se queixaram da suspensão do auxílio para transportes de valores oferecido pela CEF às lojas punidas por terem cometido alguma irregularidade.

Presenças - Deputados Adalclever Lopes (PMDB), presidente; Délio Malheiros (PV), Alencar da Silveira Jr. (PDT), e Carlin Moura (PCdoB).

 

 

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