Gestores são acusados de improbidade administrativa em Lagoa Santa

Os deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa aprovaram requerimento em que solicitam ao Min...

02/06/2010 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Gestores são acusados de improbidade administrativa em Lagoa Santa

Os deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa aprovaram requerimento em que solicitam ao Ministério Público a abertura de inquérito civil, criminal contra a Prefeitura e a Câmara Municipal de Lagoa Santa (Região Central), sobre denúncias de improbidade administrativa na aprovação da lei que autoriza a verticalização da orla da lagoa principal da cidade. O pedido foi feito durante a audiência pública, que debateu as violações aos direitos humanos, ambientais e de moradia dos cidadãos do município, decorrentes da construção de hotéis e pousadas na bacia da lagoa. A reunião aconteceu nesta quarta-feira (2/6/10), a pedido do deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão.

De acordo com o parlamentar, a verticalização da lagoa, autorizada pela Lei Municipal 2.942, de 2010, foi contestada pela população e pelos deputados em audiência pública realizada em Lagoa Santa em março deste ano. Ele explica que, a partir disso, foi assinado um termo entre a prefeitura e o Ministério Público para que a norma fosse revogada. O deputado, entretanto, pede que seja observada a execução deste termo.

A representante do Movimento Preserve a Lagoa, Ana Íris Teixeira Silveira, lembra que há uma grande mobilização na cidade para impedir que as construções sejam feitas de forma irregular, prejudicando o meio ambiente local, assim como a harmonia urbana. Para ela, o solo de Lagoa Santa não comporta obras de grande porte, o que pode ocasionar em quedas de imóveis, como aconteceu em Belo Horizonte com um shopping localizado na Zona Sul da cidade. A vereadora Aline Aires fez coro às palavras de Ana Íris, e lembrou que houve um desrespeito ao que foi tratado com os deputados. Segundo ela, os prédios continuam sendo construídos e outros já estão previstos no planejamento da prefeitura. "Não somos contra o crescimento, mas estamos preocupados com os impactos ambientais e o caos urbano", disse. O presidente do PV local, Lancaster Fernandes, e a representante da ONG Gruta Lapinha Viva, Luci Rosa da Silva, também mostraram-se indignados com a atitude dos gestores municipais.

Terreno calcáreo traz riscos ambientais e imobiliários

A arqueóloga e ecóloga Maria Elisa Castelhanos afirma que Lagoa Santa está localizada sob um importante e raro sistema lacústre, portanto preservar a lagoa é preservar todo um conjunto hídrico. Ela explica que a região é tombada e, com isso, os gestores estariam ignorando uma norma jurídica. "O município recebe o ICMS Cultural, mas não leva em conta o tombamento", alerta. O presidente do Comitê de Bacias do Rio das Velhas, Rogério Sepulveda, reforça que há descuido da prefeitura e da câmara. Ele acredita que é preciso um debate mais amplo sobre o que a sociedade quer para a região, e conclama todos para que permaneçam vigilantes quando a execução do acordo.

O procurador-chefe da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), Joaquim Martins, salienta que além do solo ser frágil, a poluição e a degradação do sistema lacústre de Lagoa Santa pode impactar até em regiões da Bahia. Para ele, não dá para verticalizar a orla da lagoa sem um estudo geográfico, geológico e ambiental detalhado. "É estarrecedora a lei que foi aprovada. Não se pode construir primeiro, para depois ver se o solo comporta o empreendimento", disse.

Irregularidades - O representante do Projeto Manuelzão, Procópio Cunha, disse que as lagoas da cidade vivem irregularidades há anos. Segundo ele, a ocupação foi feita de forma incorreta, sem levar em consideração sequer as margens da lagoa. Ele afirma que a raiz do problema está no projeto do Vetor Norte, do Governo do Estado, que vai gerar ainda mais impacto ao meio ambiente, trânsito e ocupação de toda a região. Para ele, há uma grande pressão econômica, sem nenhum planejamento.

Ao final, o representante da Defensoria Pública, Gustavo Corgosinho, e o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MG, Willian Santos, se comprometeram a acompanhar o caso, e tomar as providências cabíveis em caso de irregularidades legais cometidas pelos gestores municipais, caso o termo entre o MP e a prefeitura não seja cumprido.

Outros encaminhamentos - Sobre o debate, foram aprovados ainda outros quatro requerimentos, todos de autoria da comissão, com solicitações de providências. Serão enviadas as notas taquigráficas das reuniões realizadas em Lagoa Santa e nesta data ao chefe do Departamento Especial de Meio Ambiente, para que seja apurados crimes ambientais cometidos pela prefeitura e a câmara da cidade; as mesmas notas ao CAO de Meio Ambiente, ao CAO de Urbanismo e Moradia, ao Ministério Público local e ao Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico; envio das notas à Feam, solicitando um estudo dos impactos ambientais trazidos pela verticalização da orla da lagoa; e envio das notas taquigráficas ao Ministério Público Federal e ao Ministério do Meio Ambiente para que seja aberto um inquérito em função dos danos ambientais trazidos pelas obras no local.

Aprovado parecer a projeto sobre indenização para tortura

Na reunião, foi aprovado o parecer de 1º turno ao Projeto de Lei (PL) 2.525/08, do deputado Durval Ângelo, que determina o pagamento de indenização à vítima de tortura praticada por agente público do Estado. O relator da matéria, deputado Vanderlei Miranda (PMDB), opinou pela aprovação do projeto com emenda nº 1, da Comissão de Constituição e Justiça, que impõe reparação pecuniária mais expressiva em casos de tortura seguida de morte e invalidez permanente. A proposição, agora, será encaminhada para o Plenário para apreciação em 1º turno.

Requerimentos - Foram aprovados outros 17 requerimentos que versam sobre diversos assuntos tratados pela comissão. De autoria do deputado Durval Ângelo, em relação à reunião realizada em Ouro Branco, são o seguintes:

* Envio de ofício ao presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), contendo as notas taquigráficas de reunião, pedindo a instalação da 2a Vara na Comarca no município e o agendamento de reunião entre o presidente do TJMG e a comissão;

* Pede que seja realizada audiência pública no dia 16 de junho para discutir irregularidades na venda e aquisição de ações durante o processo de privatização da Açominas, com prejuízo aos empregados, os interesses do Estado e a economia nacional;

* Solicita que seja enviado ofício ao corregedor da Polícia Militar (PMMG) e ao Ministério Público Militar com as notas taquigráficas e pedindo providências para apurar denúncias contra o sargento Salvador e o tenente Milano, que teriam se negado a registrar relato de vítimas e testemunhas acerca de coação praticada pelo sargento Pedro Paulo Cunha; anular os depoimentos já colhidos; colher novos depoimentos; e garantir oitiva da médica plantonista do Hospital Raimundo Campos, que atendeu o cidadão Aprígio Pinto Filho sobre o comportamento do mesmo sargento;

* Pede o envio de ofício ao promotor de Justiça da comarca de Ouro Branco com as notas taquigráficas, solicitando providências que garantam depoimento da médica citada no requerimento anterior;

* Envio de notas taquigráficas ao presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG, pedindo providências sobre o acompanhamento e a representação de Aprígio Pinto Filho contra os policiais militares sargento Pedro Paulo Cunha, soldado Rodrigo Fonseca, cabo Paulo Henrique Alves e soldado Juliano Ornelas, por abuso de autoridade, lesão corporal, constrangimento ilegal e exercício arbitrário das próprias razões;

* Envio de ofício ao capitão Cláudio Silva da Costa, comandante da 65a Companhia da PMMG, encaminhando notas taquigráficas a ele e ao responsáveis pelo IPM que apura denúncias sobre a conduta dos policiais sargento Pedro Paulo Cunha, soldado Rodrigo Fonseca, cabo Paulo Henrique Alves e soldado Juliano Ornelas;

* Envio de ofício ao defensor público-geral do Estado com as notas taquigráficas e pedindo a designação do segundo defensor público da Comarca de Ouro Branco;

* Envio de ofício ao comandante-geral da PMMG com as notas taquigráficas e o pedido de avaliação das possibilidade de aumento do efetivo da corporação em Ouro Branco.

Durval Ângelo solicita também a realização de audiência pública conjunta com a Comissão de Segurança Pública para tratar de assuntos referentes à visita da comissão ao presídio de São Sebastião do Paraíso e a possível tortura praticada em Monte Santo de Minas, que envolve agentes penitenciários e autoridades locais; pede a realização de audiência pública no dia 21 de junho para debater as violações de Direitos Humanos contra as professoras Simone Mazzoli Reis e Adriana Fonseca de Castro, da Escola Municipal Mestre Paranhos, que teriam sido vítimas de arbitrariedades administrativas disciplinares por parte da Corregedoria do Município; e pede a realização de Fórum Técnico, no dia 9 de setembro, para promover debate sobre a tortura e encontrar novos meios de combatê-la como prática criminosa e violação de direitos fundamentais.

Os outros requerimentos aprovados foram de autoria do deputado Weliton Prado (PT) e solicitam ao ministro das Relações Exteriores, ao ministro da Justiça, aos presidentes das Comissões de Relações Exteriores de Defesa Nacional e do Senado Federal, ao secretário-geral do Itamaraty e ao juiz Brock Hornby, a análise necessária com vista à autorizar a extradição da brasileira Raquel Maria Rabelo e de sua família, que estariam sofrendo ameaças e humilhações nos Estados Unidos, por parte da imigração americana, tendo sido confiscado os seus passaportes e aberto contra eles um processo criminal com supostas e injustas acusações de crime de contratação ilegal de brasileiros e falsificação de documentos.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Vanderlei Miranda (PMDB); Délio Malheiros (PV); e a deputada Gláucia Brandão (PPS).

 

 

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