Proposta de nova taxa une ambientalistas e produtores rurais

A proposta de criação de uma nova taxa sobre o consumo de combustíveis fósseis, com o objetivo de remunerar o serviço...

01/06/2010 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Proposta de nova taxa une ambientalistas e produtores rurais

A proposta de criação de uma nova taxa sobre o consumo de combustíveis fósseis, com o objetivo de remunerar o serviço de neutralização das emissões de gases do efeito estufa, recebeu o apoio de representantes de órgãos ambientais e do setor agropecuário, durante reunião realizada nesta terça-feira (1º/6/10) pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A Taxa de Proteção Ambiental (TPA) é instituída pelo Projeto de Lei (PL) 4.130/09, do deputado Chico Uejo (PSB).

De acordo com o projeto, os recursos arrecadados com a nova taxa devem ser integralmente aplicados na reconstituição da vegetação nativa em áreas necessárias à proteção dos recursos hídricos, à recarga de aquíferos e à proteção da biodiversidade. Os representantes do setor agropecuário saudaram a proposta como uma alternativa de renda para o setor. O assessor de Meio Ambiente da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Carlos Alberto de Oliveira, disse que o projeto rompe com um vício antigo das políticas públicas, de impor aos produtores rurais o ônus da preservação ambiental, sem qualquer compensação por isso.

O autor da proposta comemorou o consenso pouco frequente entre ambientalistas e ruralistas. "Atingimos o objetivo de convergir esforços dos setores agrícola e ambiental", afirmou Chico Uejo. Entre os convidados da reunião, solicitada pelo deputado Almir Paraca (PT), apenas o representante do Sindicato dos Postos de Combustíveis do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Bernardo Souto, chamou atenção para a grande carga tributária que já incide sobre os combustíveis, representando cerca de 60% do preço pago pelo consumidor.

Sobre o aumento da tributação ao consumidor, Chico Uejo argumentou que os valores propostos para a taxa representam 3% do preço médio da gasolina em Belo Horizonte, uma diferença inferior à variação de preços entre os diferentes postos. "Você consegue tirar essa diferença simplesmente procurando um posto mais barato", afirmou o parlamentar. O deputado Carlos Gomes (PT) destacou a obrigatoriedade de aplicação integral dos recursos na recuperação ambiental e elogiou o debate sobre a proposta. "Projetos bons são aqueles que são debatidos", disse.

Debate resulta em sugestões de mudança

Apesar de ter sido amplamente elogiado, o PL 4.130/09 também recebeu propostas de mudanças de quase todos os participantes do debate. Algumas delas foram acatadas pelo autor ainda durante a reunião. Chico Uejo aplaudiu a sugestão do chefe de gabinete da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Augusto Horta, de mudar o nome da taxa. Para o dirigente da Semad, o nome "taxa de carboneutralização" indicaria de forma mais clara o serviço a que a cobrança está vinculada, assim como seu vínculo com o produto taxado, os combustíveis.

Outra ideia elogiada por Uejo partiu do ouvidor ambiental do Estado, Eduardo Tavares, de taxar também o óleo combustível de consumo industrial. O projeto original taxa apenas a gasolina (em R$ 0,083 por litro), o óleo diesel (R$ 0,101 por litro) e o gás natural veicular (em R$ 0,045 por litro). Bernardo Souto, do Minaspetro, ressaltou que a taxação proposta para o diesel representa cerca de 10% do preço final, índice superior à margem de lucro dos postos.

Augusto Horta, da Semad, também defendeu que a nova taxa seja vinculada aos projetos de preservação e recuperação ambiental já criados pelo governo, tais como a Bolsa Verde, o Projeto de Proteção da Mata Atlântica (Promata) e o Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais (Fhidro). Ele também considerou inadequado o artigo que atribui ao Instituto Estadual de Florestas (IEF) a fiscalização e o recolhimento da taxa, argumentando que isso deveria ficar a cargo da Secretaria de Estado da Fazenda.

A assessora da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Eliziene Guimarães, propôs que o plantio agroflorestal também possa ser remunerado pela taxa. Augusto Horta defendeu ainda que a simples preservação de vegetação nativa também deveria ser considerada um serviço e também remunerada. Chico Uejo disse ter dúvidas sobre a juridicidade desta proposta. Já o representante da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), Eduardo Nascimento, sugeriu que os valores cobrados deveriam ser definidos anualmente.

Presenças - Deputados Fábio Avelar (PSC), presidente da comissão; Carlos Gomes (PT) e Chico Uejo (PSB). Também participou da reunião o diretor de Normas da Semad, Daniel Medeiros de Souza.

 

 

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