Recursos públicos para assistência ao idoso ainda são insuficientes

A atenção ao idoso tem recebido um repasse de apenas 25% do salário mínimo por pessoa, quantia insuficiente para a pr...

27/05/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Recursos públicos para assistência ao idoso ainda são insuficientes

A atenção ao idoso tem recebido um repasse de apenas 25% do salário mínimo por pessoa, quantia insuficiente para a proteção social especial de média ou de alta complexidade. Há grande descompasso entre o que os gestores consideram ideal e a realidade orçamentária, a julgar pelas exposições feitas na parte da tarde no Ciclo de Debates "Qualidade de vida e políticas públicas para idosos em Minas Gerais", sob a coordenação da deputada Maria Tereza Lara (PT). O evento foi realizado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quinta-feira (27/5/10).

A primeira expositora da tarde foi Eliana Bandeira, coordenadora estadual de Atenção à Saúde do Idoso da Secretaria de Estado de Saúde. Ela deu um panorama sobre o percentual da população brasileira acima de 60 anos desde 1900, que era de 3,3%, até 1980, quando subiu para 8,5% e a previsão de que será de 15,6% em 2025. Ao mesmo tempo, a expectativa de vida dos brasileiros vem aumentando. Era de 33,7 anos em 1900, subiu para 68 em 2000 e será de 80 anos em 2025. As mulheres viverão sete anos e meio a mais do que os homens. Outro dado trazido pela coordenadora foi de que 10% dos idosos têm pelo menos cinco doenças.

Por sua vez, Márcia Marília Figueiredo, coordenadora do Centro de Referência da Pessoa Idosa da PBH, trouxe o relato das ações intersetoriais realizadas pela Prefeitura, reunindo profissionais de saúde, educação, assistência social, moradia, etc. Historiou a institucionalização da política do Idoso a partir de 1999, destacando as conferências realizadas em 2006 e 2009, e a prevista para 2011. No centro instalado na Avenida Pedro II, a Prefeitura oferece vários programas, como Vida Ativa, Caminhar, Academia, Lian Gong, oficinas de memória, campeonatos de damas, xadrez e dominó. Também vários tipos de dança, das quais a de salão é a mais concorrida, com cinco turmas.

Maria Albanita Roberta de Lima, subsecretária da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), relatou as lutas a partir da Constituição de 88 para aprovar a Lei Orgânica de Assistência Social, a Política Nacional do Idoso, o Estatuto do Idoso, que veio em 2003, e a implantação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) nas três esferas de Governo. O modelo de proteção social do idoso, segundo ela, tem que incluir assistência jurídica e amparo nos Creas no caso de violência ou violação contra o idoso.

Participantes conhecem experiências bem sucedidas

Instituições mineiras que atendem pessoas idosas relataram, na etapa final do ciclo de debates, suas experiências, dificuldades e desafios. O primeiro caso apresentado foi o da Associação de Proteção à Maternidade, Infância e Velhice (Apromiv), de Betim. A assistente social Ana Paula de Almeida Matina Costa, referência em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), citou programas desenvolvidos nas unidades do município, como o Velhos Talentos, que promove o protagonismo do idoso, e o projeto Amigo do Idoso, que aproxima esse público da comunidade.

A Apromiv, segundo Ana Paula, investe ainda na capacitação de gestores e equipes das LPIs e mantém convênios com secretarias municipais e outras entidades para oferecer aos idosos atendimento médico, alfabetização, educação física e oficinas de memória e musicalização. "Nas ILPIs, os idosos têm dificuldades com a rotina, com os horários, com as perdas e a solidão, mas há pesquisas que demonstram que eles podem ter uma melhora na qualidade de vida dentro das instituições", afirmou. A assistente citou dados do Ipea, de 2008, que indicam a existência, no Brasil, de aproximadamente 4 mil ILPIs, com quase 80 mil idosos. Em Minas, há 708 instituições.

Ana Paula mencionou ainda as normas vigentes sobre o funcionamento das ILPIs, que definem até mesmo a imagem das instituições, antes vistas como um mundo à parte ou local de isolamento social. Hoje, elas devem ser residências e lembrar uma casa. "Um dos desafios atuais é adequar as instituições às normas", afirmou a assistente. Entre outras exigências, a legislação prevê equipes multidisciplinares e estipula o número de cuidadores. A assistente social listou como motivos da ida dos idosos para as ILPIs não apenas dificuldades financeiras ou falta de vínculo familiar, mas também a pouca oferta de modalidades alternativas para atendimento desse público.

Jogos do Sesc-MG reúnem 1.300 idosos

O trabalho do Sesc-MG, em especial os Jogos Abertos da Terceira Idade, foi apresentado por Dilson Tadeu Rossi Prado, chefe de orientação técnica de esportes da instituição. Os jogos, segundo ele, foram criados em 1992 e hoje têm a participação de 20 unidades do Sesc em Minas. Realizados a cada dois anos, são considerados uma das maiores competições do País voltadas para a terceira idade, reunindo, a cada dois anos, cerca de 1.300 idosos. "Eles vêm de várias cidades e ficam uma semana no Sesc de Venda Nova. Há um entrosamento e um aprendizado que contribuem para um envelhecimento mais digno e saudável", afirmou Dilson.

Os jogos do Sesc-MG, uma espécie de olimpíada da 3ª idade, envolvem modalidades que vão do xadrez e truco à dança de salão, além de esportes adaptados. O Sesc-MG desenvolve ainda, segundo Dilson, um trabalho mais amplo com idosos, oferecendo consultas e exames médicos, cultura, lazer e entretenimento, viagens e cursos diversos como o de inclusão digital, alfabetização, artesanato.

Qualidade de vida - Uma mensagem de otimismo foi deixada por Eva Maria de Queiroz, diretora cultural do Clube da Maturidade, de Belo Horizonte. O grupo foi criado em 1985 para durar três meses e permanece ativo até hoje, aberto a sócios e não sócios. "Nosso objetivo é que os idosos não percam de vista sua vocação para serem livres e felizes", afirmou. O clube, segundo Eva, busca na literatura ajuda para desenvolver o ser humano. Ela convidou os presentes a viverem o agora, sem ansiedade, saudosismo ou apegos.

A luta do Centro de Apoio e Convivência (CAC) Fim de Tarde, também de Belo Horizonte, foi a última experiência relatada no ciclo. A presidente da instituição, Maria Fontana Cardoso Maia, contou que o trabalho surgiu em 1984, a partir de um grupo de convivência do Sesi. Hoje, reúne 8.500 idosos que são protagonistas do trabalho, produzindo, administrando e usufruindo das atividades do CAC. "Quando o Sesi se retirou do trabalho, em 1995, fundamos um associação, ocupamos um terreno na Gameleira e, agora em maio, ganhamos na Justiça o usucapião", comemorou.

Com instalações ampliadas, o CAC Fim de Tarde tem atualmente área de 1.655 m² e oferece 25 modalidades de serviço, entre elas coral, ioga, pilates, hidroteparia, massagem, ginástica, orientação jurídica e ações voltadas para a beleza, a arte e a cultura. Durante os debates, os participantes realçaram a necessidade de ações voltadas para a manutenção dos idosos no mercado de trabalho e para conter a violência contra os idosos, inclusive na família. A deputada Maria Tereza Lara ressaltou a importância da participação popular no debate. "O parlamento precisa da presença da sociedade civil. Eu acredito na mobilização da sociedade para a garantia de seus direitos", afirmou.

 

 

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