Conselho do Idoso cobra apoio para instituições de longa permanência

O Conselho Estadual do Idoso (CEI) cobrou mais apoio e recursos de Estados e municípios para as instituições de longa...

27/05/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Conselho do Idoso cobra apoio para instituições de longa permanência

O Conselho Estadual do Idoso (CEI) cobrou mais apoio e recursos de Estados e municípios para as instituições de longa permanência de idosos (ILPIs), alertando que a tendência é de crescimento do número de pessoas abrigadas nesses locais por causa de fatores como o abandono familiar. "Sem esse apoio, para onde vamos caminhar?", questionou a secretária do conselho, Silvânia Coelho Barroso, expositora do Ciclo de Debates Qualidade de vida e políticas públicas para idosos, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quinta-feira (27/5/10). Os debates da manhã foram coordenados pelo deputado João Leite (PSDB), com a participação da deputada Maria Tereza Lara (PT). As atividades prosseguem à tarde.

Números - Em Minas, são 654 instituições distribuídas em apenas 453 municípios. Desse total, 82% são filantrópicas; 22% são fiscalizadas pela Vigilância Sanitária; 53% não são fiscalizadas; 15% são fiscalizadas, mas não têm alvará sanitário; e 69% não recebem qualquer tipo de recurso, seja ele federal ou municipal.

Silvânia demonstrou a situação difícil dos abrigos, tomando o exemplo do Lar de Idosos Santo Antônio de Pádua de Venda Nova, da Sociedade São Vicente de Paulo. Instituição filantrópica conveniada com a Prefeitura de Belo Horizonte, o lar acolhe 38 idosos e conta com 18 funcionários. O custo médio do idoso para o lar é de R$ 968,41, mas o repasse mensal do município fica em apenas R$ 184,61 por pessoa. Pelas normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, faltam no local dois cuidadores de idosos, um nutricionista e um terapeuta ocupacional.

Maus tratos - Silvânia revelou outro dado preocupante: em 2009, o Disque Direitos Humanos (0800 031 1119), com três meses de campanha, registrou aumento de 3.000% de denúncias de violência contra idosos, sendo 60% por maus tratos familiares e 34% por abandono. De janeiro a abril de 2010, houve novo aumento dos números, com o registro de 387 denúncias, 55% por maus tratos familiares. Os idosos ocupam o 2º lugar no rol de denúncias que chegam ao serviço.

Ministério Público, conselho e Polícia Civil destacam importância da rede de proteção

Representantes do Ministério Público (MP), do CEI e do Executivo avaliaram a aplicação do Estatuto do Idoso (Lei 10.741, de 2003), revelando que ainda há um longo caminho a percorrer em Minas, a fim de instituir uma rede de proteção. A representante do conselho estadual enfatizou que muitas instituições filantrópicas vivem em permanente precariedade, com carência de profissionais capacitados para cuidar dos idosos e de infraestrutura, entre outros problemas. A falta de verba tem levado à suspensão de iniciativas importantes. Silvânia lembrou que, nos últimos cinco anos, foram fechados em Minas seis lares de idosos da Sociedade São Vicente de Paulo, referência na área.

Essa precariedade acaba levando aos maus tratos, tendo em vista o não atendimento de aspectos como acessibilidade, privacidade, limpeza, assistência à saúde e integração social. Fiscalizar as ILPIs é um desafio para o MP, acrescentou a coordenadora estadual do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Idosos, Maria Elmira Dick. Segundo ela, o órgão tem fiscalizado de forma continuada as ILPIs, lançando diretrizes para adequar as entidades à lei. Essas diretrizes são repassadas ao promotor da comarca e servem de base para negociar prazos, a fim de sanar irregularidades. Ela não apresentou estatísticas, informando que o MP está reunindo dados para traçar um diagnóstico de Minas.

Situação na delegacia - Na fase de debates, a delegada Joana Margareth, da Delegacia Especializada do Idoso e da Pessoa com Deficiência, fez um desabafo sobre as carências da Polícia Civil. Ela disse que há poucos policiais e profissionais de apoio para cumprir as intimações e para verificar a veracidade das denúncias de maus tratos, que crescem a cada dia. "É o filho ou a filha descasados que voltam a morar com a mãe e a agridem. O problema se agrava com as drogas, que estão dominando tudo", lamentou. Sobre essa situação, a promotora Maria Elmira Dick ponderou que a chefia de Polícia Civil e a Polícia Militar já foram contactadas pelo Ministério Público e se comprometeram a reforçar as parcerias entre as instituições, para fortalecer a rede de atendimento.

Sociedade cobra ação rápida e abrangente; programa de assistência social é elogiado

A presidente da Rede Iberoamericana de Associações de Idosos do Brasil (Riaam Brasil), Maria Machado Cota, enfatizou que os idosos querem ser protagonistas das políticas públicas e não apenas beneficiários. Classificando de moderna a legislação para o segmento, Maria repassou aos participantes os desafios para aplicar o Estatuto do Idoso no País em sua totalidade: combater o analfabetismo entre adultos e idosos; divulgar o Estatuto; capacitar profissionais para o atendimento; instalar conselhos em todos os municípios (em Minas, chegam a 200); e organizar e articular os idosos, para que não se tornem "presas fáceis nas mãos de pessoas inescrupulosas". Tudo isso em curto prazo, pois a urgência é premissa para a oferta das políticas para esse público.

Maria avaliou que a área da saúde registrou muitos avanços na implementação do Estatuto, como a instituição da caderneta de saúde; a ênfase no atendimento do idoso no Programa de Saúde da Família (PSF); o lançamento do guia prático para os cuidadores; e a internação domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Já a subsecretária de Estado de Direitos Humanos, Maria Ceres Pimenta Spínola Castro, destacou que, no contexto de aplicação do Estatuto, é preciso mudar a imagem que o idoso tem na sociedade, de uma pessoa improdutiva, dependente e incapaz. "A representação do idoso deve ser respeitosa, fiel à diversidade dessa população", defendeu a subsecretária, que tem mais de 60 anos, é aposentada e continua em atividade.

Digna Idade - No ciclo de debates, o CEI e pessoas que participaram por e-mail defenderam a continuidade do programa Digna Idade, desenvolvido pelo Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas) em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). Ele dá suporte às instituições que atendem os idosos e, entre 2003 e 2009, assistiu 466 instituições em 415 municípios, capacitando 2.321 pessoas e beneficiando 17.761 idosos, segundo o conselho. Foi o caso do Lar dos Velhinhos de Poços de Caldas (Sul de Minas), que revelou, por e-mail, que os recursos do programa foram usados para ampliar o refeitório e a capacidade de acolhimento.

Ata e reprise pela TV - A ata com a transcrição de todas as palestras e debates será publicada no diário oficial Minas Gerais/Diário do Legislativo no dia 12 de junho. A TV Assembleia (canal 11 do sistema a cabo, em Belo Horizonte) vai reprisar o evento antes, no dia 3 de junho, às 9 horas (programação da manhã) e às 14 horas (programação da tarde).

 

 

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