Participantes de debate defendem atendimento especializado a idoso

A implementação de órgãos especializados para o atendimento ao idoso, como uma comissão permanente destinada a esse g...

27/05/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Participantes de debate defendem atendimento especializado a idoso

A implementação de órgãos especializados para o atendimento ao idoso, como uma comissão permanente destinada a esse grupo populacional no Legislativo Mineiro e a criação na Justiça de varas especializadas da terceira idade, foi defendida na abertura dos trabalhos do Ciclo de Debates Qualidade de Vida e Políticas Públicas para Idosos em Minas Gerais, nesta quinta-feira (27/5/10). Realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o evento contou com a participação de entidades sociais e dos idosos que lotaram o Plenário para discutir a implementação de políticas públicas para a terceira idade.

O defensor público-geral do Estado, Belmar Azze Ramos, afirmou que os dados levantados em um projeto implantado pela Defensoria Pública voltado para a prevenção da violência contra a pessoa idosa indicaram a importância de que as instituições públicas implementem órgãos especializados no atendimento ao idoso. Em relação ao Poder Judiciário, ele defendeu a criação de varas especializadas da terceira idade. "A implementação dessas varas, além de agilizar o andamento dos processos, garantiria a atuação exclusiva de juízes, promotores e defensores com capacitação técnica para tratar da matéria", afirmou.

Já o presidente do Conselho Estadual do Idoso, Felipe Willer de Araújo Abreu Júnior, defendeu, no âmbito do Poder Legislativo, a criação de uma comissão permanente na ALMG para tratar exclusivamente do idoso. "Nós não sabemos atualmente onde estamos encaixados na Assembleia", afirmou. Para ele, a criação desse espaço é fundamental para discutir permanentemente as políticas públicas para os idosos e para garantir orçamento para sua implantação.

Violência - Belmar Azze Ramos ainda afirmou que os dados levantados possibilitaram que a Defensoria Pública construísse um quadro sobre a violência contra o idoso. Segundo ele, a análise mostrou que a ocorrência de violência contra a população de terceira idade está ligada ao baixo grau de escolaridade do idoso. "Nosso trabalho mostra a necessidade de implementação de políticas públicas que garantam a educação da população de terceira idade", considerou.

A presidente da Rede Iberoamericana de Associações de Idosos do Brasil (Riaam Brasil), Maria Machado Cota, lembrou que participou da elaboração do Estatuto do Idoso e que é importante agora discutir a aplicação da política do idoso no Estado. "Espero que esse ciclo de debates seja o primeiro de uma série", defendeu. Para ela, é preciso levar a lei ao conhecimento da população, e o ciclo de debates é uma iniciativa positiva nesse sentido.

Já a promotora de Justiça Maria Elmira Evangelina do Amaral Dick afirmou que o Ministério Público está desenvolvendo ações específicas para o idoso. Ela defendeu a adoção de políticas destinadas à terceira idade. "Temos que apoiar aqueles que cuidaram de nós durante muitos anos", finalizou.

Políticas públicas ainda são falhas em relação aos idosos

A necessidade de implantação de políticas públicas voltadas para os idosos no Brasil e em Minas Gerais foi reconhecida pela secretária de Estado de Desenvolvimento Social, Ana Lúcia Gazzola. Ela afirmou que a construção e implantação de uma política pública para o idoso em Minas Gerais é uma prioridade do Governo do Estado. Segundo a secretária, o aumento da longevidade da população deve ser acompanhado de uma atenção especial do poder público. "É importante criar as condições para que viver mais signifique também viver bem, sendo fundamental a atuação do poder público para isso. Que essa etapa da vida possa ser uma experiência de cidadania, e não uma falta de direitos", disse.

Ana Lúcia Gazzola considerou que os idosos no Brasil ainda são vistos como improdutivos, além de contar com pensões e aposentadorias com valor muito baixo, padecendo de exclusão econômica, social e cultural. Entretanto, ela reconheceu que nas últimas décadas teve início uma mudança nessa situação, propiciada especialmente por um aumento significativo do número de centros de convivência no País criados pelos movimentos sociais e que fornecem aos idosos atividades de lazer e cultura. "O poder público precisa aprender com o que vem sendo feito pelos movimentos sociais", concluiu.

Representando presidente da ALMG, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), o 2°-vice presidente, deputado José Henrique (PMDB), considerou que a sociedade brasileira é ainda muito preconceituosa em relação ao idoso, sendo que há ainda um longo caminho a percorrer para a garantia dos seus direitos. Ele lembrou que hoje no Brasil existem pessoas com idade acima dos 60 anos que se encontram com ótimas condições de saúde e vivem o processo de envelhecimento de maneira sábia e produtiva, graças as descobertas da medicina e da nutrição. "Entretanto, envelhecer dessa forma é privilégio de uma parcela muito pequena da população brasileira. A maior parte dos idosos enfrenta hoje problemas como carência de recursos, doenças crônicas, maus tratos, falta de apoio das famílias e das instituições públicas", afirmou.

Para o deputado, a falta de políticas públicas para os idosos e as dificuldades de implantação da legislação existente são, em boa parte, responsáveis por essa situação. "É importante que o Estado disponibilize, com a participação da sociedade, uma rede que garanta o direito dos idosos à cidadania e à dignidade", afirmou.

Conselhos - Já o presidente da Comissão de Segurança Pública da ALMG e autor do requerimento para realização do debate, deputado João Leite (PSDB), falou sobre a necessidade de que as pessoas voltem a valorizar o conhecimento dos seus pais e dos idosos. "A sociedade de hoje não pede mais conselhos aos idosos. As pessoas não escutam mais os seus pais", afirmou. Para João Leite, é preciso que a sociedade entenda a importância dos idosos para o desenvolvimento do País.

Mudanças nos benefícios dos idosos atingem toda a população

Na sua palestra, a coordenadora da Área de População e Cidadania do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ana Amélia Camarano de Mello Moreira, apresentou um estudo indicando como as mudanças nos benefícios dos idosos podem atingir toda a população brasileira. No estudo, Ana Amélia Camarano traçou um quadro geral da situação financeira dos idosos no Brasil e de sua participação no mercado de trabalho.

Segundo ela, os números indicam que atualmente os jovens tendem a sair mais tarde da casa dos pais, o que vem contribuindo para um aumento da importância da contribuição econômica dos idosos para o sustento das famílias. Para a pesquisadora, a política de seguridade social, que inclui as aposentadorias e pensões, tem gerado um impacto positivo na sociedade, contribuindo com o aumento do apoio financeiro dos idosos nas suas famílias. "É preciso que tenhamos a consciência de que modificar a renda do idoso significa modificar a renda de toda a família. Qualquer mudança nas aposentadorias ou pensões gera alterações na distribuição de renda da população", considerou.

Ana Amélia Camarano afirmou que o idoso hoje, além da aposentadoria, muitas vezes ainda atua no mercado. Segundo ela, essa participação no mercado de trabalho acontece principalmente entre os idosos com maior qualificação e que ainda são demandados justamente pela sua experiência profissional e entre os idosos com menor qualificação e que precisam do dinheiro para seu sustento.

Por fim, a pesquisadora lembrou que a implantação de políticas públicas para os idosos deve considerar a grande heterogeneidade dessa população. "Os idosos são pessoas que podem ter 60, 70, 80 anos ou mais, e que possuem condições financeiras e sociais diferentes, sendo que as políticas públicas devem levar todos esses fatores em consideração", afirmou.

O evento contou com apresentação musical do grupo formado pelos corais Amigos Para Sempre (CAC), Anos Dourados (Grupo de Melhor Idade Anos Dourados), Minas em Melodia (Clube da Maturidade) e Seicho No Iê (Seicho No Iê), regidos pelo maestro Ronaldo Ponciano.

 

 

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