Ex-operários da Açominas tentam reaver ações que venderam

O auditório da Câmara Municipal de Ouro Branco ficou lotado de ex-metalúrgicos da Açominas e seus familiares, na manh...

26/05/2010 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Ex-operários da Açominas tentam reaver ações que venderam

O auditório da Câmara Municipal de Ouro Branco ficou lotado de ex-metalúrgicos da Açominas e seus familiares, na manhã desta quarta-feira (26/5/10), para uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, destinada a discutir fraudes na venda de ações que os trabalhadores receberam quando ocorreu a privatização da siderúrgica.

O deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão, disse que recebeu denúncias de que agentes da Gerdau teriam influenciado os metalúrgicos a venderem suas ações a preços irrisórios. "Sabemos que a siderurgia tem lucros exorbitantes e os salários que pagam não acompanham esses lucros. Chamam os metalúrgicos para serem sócios apenas no prejuízo. Por isso entendemos que este é um caso de direitos humanos", afirmou o deputado.

Pelos relatos feitos por sindicalistas e antigos empregados da Açominas, a comissão recuperou a história da privatização. Em 1993, por exigência da lei, a empresa teve que entregar 5.170 lotes de ações a seus empregados, e criou uma comissão para assessorá-los. Ao final de dez anos, as ações teriam que ser compradas pelos metalúrgicos ao preço original, que era de R$ 4.611,00.

Os sindicalistas afirmam que o presidente dessa comissão, Marco Antônio Pepino, estava na verdade a serviço da Gerdau, empresa que adquiriu a Açominas. Pepino teria convencido os trabalhadores a livrar-se das ações por aquele preço e até menos, porque no futuro elas ficariam mais caras e eles poderiam se ver em dificuldades para honrar o pagamento.

Valor equivalia a 40 salários mínimos

Muitos correram a aceitar a oferta, considerando que aquele valor, na época, correspondia a 40 salários mínimos. Em 2007, um lote daquelas ações passou a valer R$ 194 mil, e hoje mais ainda. Sentindo-se lesados, os ex-metalúrgicos contrataram advogado para provar as manobras fraudulentas da comissão e tentar reaver o que perderam. Centenas de ações estão em andamento na Justiça.

"Não estamos aqui para vender ilusões. Nosso poder para interferir nessa questão é muito escasso, mas apoiamos a luta política de vocês para conseguir uma reparação até o final, porque o processo de privatização no Brasil foi um vergonhoso processo de opressão dos trabalhadores", disse o deputado Durval Ângelo.

O deputado Vanderlei Miranda (PMDB) entendeu que naquela reunião estavam apenas os prejudicados, e apresentou requerimento de uma nova audiência na Assembleia Legislativa no dia 16 de junho, com a presença de representantes da Gerdau, dos ministérios públicos Federal e Estadual, da Comissão de Valores Mobiliários e dos sindicatos, para ouvir os argumentos do lado empresarial e avaliar as possibilidades jurídicas de intervir.

Vereadores de Ouro Branco se queixaram de que a privatização provocou a demissão de metade dos empregados da Açominas, que era uma empresa parceira do desenvolvimento da cidade. A Gerdau teria achatado os salários e fechado suas portas para a comunidade. Fizeram uma estimativa de que cerca de R$ 1 bilhão referentes ao valor das ações poderia estar circulando na cidade e gerando riqueza para o município.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; e Vanderlei Miranda (PMDB). Também participaram da reunião Geraldo da Silva Filho, presidente da Associação dos Compradores das Ações da Açominas; Gilberto Antônio Gomes e Oraldo Soares Paiva, da Federação Democrática dos Metalúrgicos; Rui Barbosa Santana da Silva, advogado dos metalúrgicos; Maria Aparecida Junqueira Campos, presidente da Câmara Municipal de Ouro Branco; e Nilma Aparecida da Silva, chefe de gabinete da Prefeitura.

 

 

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