Deputados cobram rigor na apuração de crimes na RMBH

Os parlamentares da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais cobraram agilidade e rigo...

26/05/2010 - 00:05
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Deputados cobram rigor na apuração de crimes na RMBH

Os parlamentares da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais cobraram agilidade e rigor na apuração dos assassinatos ocorridos entre os anos de 2004 e 2009 em São José da Lapa e Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os crimes são atribuídos a um grupo de extermínio que teria a participação de policiais militares. O pedido foi feito durante a audiência pública desta quarta-feira (26/5/10), que discutiu a apuração desses crimes, e ouviu representantes das polícias Civil e Militar, do Ministério Público e familiares das vítimas e dos acusados. A reunião foi solicitada pelos deputados João Leite (PSDB), Doutor Rinaldo Valério (PSL), Domingos Sávio (PSDB) e pela deputada Maria Tereza Lara (PT).

De acordo com o delegado de Vespasiano, José Olegário de Oliveira, que preside os cerca de 20 inquéritos relativos a homicídios na região ligados ao tráfico de drogas e supostos grupos de extermínio, as investigações estão em andamento. Ele explicou que, a partir das denúncias oferecidas pelo Ministério Público, foram colhidos depoimentos e informações e solicitadas as prisões preventivas de alguns acusados. Para ele, apesar do silêncio da sociedade, que não denuncia por medo, e do mau aparelhamento da Polícia Civil, todo o esforço tem sido feito para a apuração dos fatos. "Temos certeza de que a verdade vai prevalecer e os responsáveis serão punidos conforme a lei", disse.

O chefe do 3º Departamento de Polícia Civil de Vespasiano, Eucides José Batista Guimarães, afirmou que, do total de inquéritos, estão sendo priorizados quatro, que teriam provas suficientes para a elucidação dos demais crimes. Segundo ele, a lentidão na solução dos crimes está ligada ao grande número de investigações a cargo da corporação. A delegada regional Ana Glaura Soares disse confiar que o trabalho tem sido feito com brilhantismo e eficiência.

Pai de vítima elogia o trabalho das autoridades

Cláudio dos Santos Braga, pai de uma das vítimas do suposto grupo de extermínio que atuaria na região, afirmou que seu filho foi morto por traficantes de drogas no dia 10 de setembro do ano passado. Para ele, somente após a denúncia apresentada pelo Ministério Público as investigações tiveram andamento. "Não podemos aceitar calados o domínio de criminosos sobre as pessoas de bem. Temos que criar coragem e denunciar às autoridades competentes", salientou. A mãe de uma das vítimas, Maria Marta Ferreira, reforçou as palavras de Braga e pediu que sejam elucidadas as razões pelas quais seu filho teria sido assassinado.

Cronologia - O promotor de Justiça Luiz Filipe de Miranda Cheib afirmou que foi procurado por familiares de vítimas e deu início às investigações sobre os assassinatos. Segundo ele, a partir disso foram oferecidas denúncias e decretadas prisões preventivas dos acusados. Ele afirmou que existem duas gangues rivais ligadas ao tráfico de drogas em São José da Lapa e Vespasiano, que seriam as responsáveis por esses homicídios.

O também promotor de Justiça Daniel de Oliveira fez coro às palavras do colega e lembrou que apesar da demora processual, que se dá pelo acúmulo de trabalho, está sendo solicitado o adiantamento das audiências. "As autoridades policiais estão agindo de forma correta e com seriedade. Temos provas robustas e esclarecedores que serão apreciadas pelo Poder Judiciário a partir do mês de junho", disse. Sobre a lentidão nos processos, o procurador de Justiça André Estevão Pereira completou que é preciso que se leve em conta ainda o tempo necessário para que os procedimentos policiais adotados nas investigações sejam feitos.

Advogado dos acusados critica autoridades

Perseguição pessoal e omissão nos trabalhos das polícias e do Ministério Público foram as justificativas do advogado que representa os acusados pelos crimes, Felisberto Rezende, para as prisões preventivas. Segundo ele, seus clientes são inocentes, têm a ficha limpa e estariam sendo vítimas de criminosos da região. Ele acusou a Polícia Civil de estar adulterando depoimentos e os promotores de não estarem sequer ouvindo os relatos dos familiares dos acusados. Mais que isso, o advogado afirma que não existem provas que justifiquem as prisões. "Não houve ampla defesa. Meus clientes são pessoas de bem, líderes sociais que estão sendo incriminados por bandidos que querem se ver livres deles", acusou.

A mãe do cabo PM Rodnei Balbino Leonardi, conhecido como Robocop, apontado como comandante do suposto grupo de extermínio, reforçou as palavras do advogado. Para ela, a investigação deve ser feita de forma isenta, uma vez que estariam sendo imputados ao filho crimes cometidos por outras pessoas.

O subcorregedor da Polícia Militar, tenente-coronel Válter Braga, disse que o cabo é atuante e tem em seu prontuário advertências e punições sem qualquer relação com homicídios. Segundo ele, a corporação aguarda a conclusão dos inquéritos para que alguma providência administrativa seja tomada. Em resposta aos parlamentares da comissão, ele disse que o cabo, hoje, está internado em uma clínica psiquiátrica em Belo Horizonte.

Defesa - O presidente da comissão, deputado João Leite, criticou a postura do advogado dos acusados, Felisberto Rezende. De acordo com o parlamentar, é deselegante e equivocada toda e qualquer forma de desmoralização e desqualificação do trabalho das autoridades. "O Ministério Público e as polícias trabalham com seriedade e não podemos permitir que a imagem dessas instituições seja arranhada sem nenhum critério", disse.

Para a deputada Maria Tereza Lara, o mais importante é que haja agilidade e rigor nas apurações. Ela lembrou que segurança pública é uma política de Estado, e que enquanto houver impunidade a violência continuará existindo. "O número de crimes em São José da Lapa e Vespasiano é assustador, e todos devem ser solucionados o mais rápido possível", completou João Leite.

Requerimentos - Após a reunião, foram aprovados dois requerimentos de autoria dos deputados da comissão, referentes ao assunto debatido. O primeiro solicita à Corregedoria de Polícia Militar que sejam enviadas à comissão todas as informações sobre a conduta do cabo PM Rodnei Balbino Leonardi, conhecido como Robocop. O segundo pede a realização de uma visita da comissão aos familiares das vítimas em São José da Lapa e Vespasiano.

Presenças - Deputados João Leite (PSDB), presidente; Tenente Lúcio (PDT) e deputada Maria Tereza Lara (PT), vice presidente.

 

 

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